Capítulo 4 - Ashley Parker

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Não consegui dormir direito, então estou vivendo a base de cafeína. Não tenho nenhuma cirurgia marcada para hoje, então apenas acompanho os pacientes no pós-operatório.

— Ash. — ouço a voz do Jack. — Posso falar com você? — lhe olho.

— Claro, só um momento. — faço sinal para que espere.

Olho para a enfermeira.

— Se houver qualquer alteração, você me chama. — sorrio e me despeço do paciente.

Encontro Jack no corredor. Quando me vê, ele sorri e diz:

— Você está bem? — pergunta preocupado.

Respiro fundo antes de responder.

— Estou sim, é só... o Ethan, ser mãe é assim, sabe? — ele concorda.

Lhe olho esperando que acredite que seja apenas isso o motivo de eu estar assim, acabada.

Jack é um homem bonito, e apesar das investidas que ele dá em mim, não sinto nada por ele além da amizade. Ele tem cabelos pretos, da minha altura, branco e um pouco musculoso.

— Queria saber se você está afim de ir jantar hoje a noite. — aguarda pela minha resposta.

Eu já recusei tantos convites que fico com vergonha de recusar mais um, porém, não tenho como sair com o Ethan, não tenho com quem deixá-lo, a Iris trabalha.

— Não vai dar... o Ethan... não tenho com quem deixá-lo. — explico.

Ele concorda com a cabeça.

— Você deveria arranjar uma babá. — diz.

Nossa, porque não pensei nisso antes? Idiota!

— Não é tão fácil por agora, mas, vou tentar. — olho para o relógio no meu pulso. — Bom... preciso ir. — me afasto.

Odeio essa situação, não poder sair com ninguém, não conseguir contratar uma babá...

Desde que o Ethan nasceu, eu não tenho quem me ajude. Meus pais simplesmente se afastaram, antes mesmo de eu namorar com o Owen. E o resto da família, só Deus sabem onde estão.

Quando descobri que estava grávida já sabia que era do Owen, já que não transei e nem transo com ninguém. Foi horrível, mas, em nenhum momento eu quis abortar. Lá no fundo eu senti que o Ehtan veio para me manter viva. Eu era sozinha, agora somos nós dois.

O dia em que fugi do Owen foi péssimo, cheguei a passar fome, dormir em lugares públicos... Eu saí daquela cidade e nunca mais voltei, ele não me achou mais e espero que continue assim.

Afasto os pensamentos e volto ao trabalho.

(...)

Abro a porta do meu apartamento e já dou de cara com o Alaric e seus homens lá dentro. Reviro os olhos e entro.

— Vocês não podem simplesmente invadir minha casa quando bem entenderem. — fecho a porta e solto o cabelo ajeitando meus cachos.

Dá um dó de prendê-los no trabalho, é difícil demais deixá-los bonitos depois.

Coloco a bolsa na mesa de centro e olho para eles.

— Você é bem corajosa, falar comigo assim. — Alaric se levanta vindo na minha direção.

Lhe encaro.

— Falo como quiser, você invade minha casa, me obriga a trabalhar para você e me ameaça. — aponto para o seu peito. — Eu tenho todo o direito de falar como bem entender, já que não tenho saída dessa merda que você me colocou. — ele me olha sério.

Será que fui longe demais? Até eu estou impressionada com minha audácia. Ele não faria nada comigo se precisa de mim.

Ele sorri e diz:

— Cadê o papel com as coisas que você vai precisar? — pergunta.

Me afasto e caminho até meu quarto.

Passei a noite toda pensando em como sair dessa, e a verdade é que não tem saída, se bem que... eu não sei se eu quero sair disso. Preciso do dinheiro.

Pego o papel na mesinha de cabeceira e volto para sala.

— Aqui. — entrego a um dos caras no sofá.

Esses homens não esboçam uma reação, parecem robôs gêmeos.

— Me diz o que você precisa além do dinheiro. — Alaric diz.

Ele está em pé, perto da cozinha.

— Como assim? — pergunto confusa.

Além do dinheiro?

— Vou te pagar o que prometi, só me diz se precisa de outras coisas além do dinheiro. — ele tá falando sério?

Dou uma risada antes de falar.

— Bom, gênio da lâmpada. Pode ser uma casa que não seja aluguel, um carro melhor, e uma babá por favor. — continuo rindo. — Você só pode tá brincando, como se as coisas fossem fáceis assim. — cruzo os braços.

Ele se aproxima sério e diz:

— Eu pago seu aluguel, te dou um carro novo e te arranjo uma babá. Não duvide do que eu sou capaz de conseguir, querida. — pisca para mim.

Ele tá falando sério? Eu falei brincando, ele não vai... não, ele não vai.

— Entro em contato. — olha para os homens no sofá. — Vamos. — anda a até a porta e sai.

Fico paralisada olhando eles irem embora.

A que ponto eu cheguei na minha vida, envolvida com um... traficante, ou seja lá o que ele for.

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