Capítulo 6 - Ashley Parker

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Ouço alguém bater à porta. Levanto com o Ethan no colo e abro.

Vejo um dos homens que anda com o Alaric, e uma mulher parada ao seu lado. O que eles estão fazendo aqui essa hora? São nove da noite.

— Senhorita Parker, podemos entrar? — o homem pede já entrando.

Qual é a deles ein? Não sabem ser educados?

A mulher me olha e sorri, toca na mão do Ethan e diz:

— Oi, fofinho. Você é lindo, parece com a mamãe. — ele sorri ao escutar a mulher.

Fecho a porta e olho para os dois.

— O senhor Alaric precisa dos seus serviços agora, minha esposa ficará com o seu filho.

AGORA?

— Essa hora? Preciso colocar o Ethan para dormir, dá banho, comida... — ele me interrompe.

— A Briana vai cuidar dele. — olho para mulher ao seu lado.

Ela parece ter uns quarenta anos e me olha gentilmente.

— Sei cuidar de crianças, fui professora infantil. Pode ficar tranquila Ashley, sei o que faço. — a mulher diz.

Olho para o Ethan no meu colo, alheio a conversa, entretido mexendo no meu cabelo.

— Nunca fiquei longe dele à noite. — lhe aperto em meus braços.

Sinto a mulher se aproximar.

— Posso te mandar foto de tudo que eu for fazer, pra você acompanhar por mensagem. — lhe olho.

Hesito, a Briana me parece realmente saber cuidar de criança, ela me passa uma sensação boa.

— Ok. — entrego o Ethan para ela. — Vou me arrumar. — digo para o homem.

Saio da sala deixando eles à sós.

Sinto vontade de chorar por estar envolvida nisso e envolver meu filho também. Nunca fiquei longe dele na hora de dormir, e vou deixá-lo com essa mulher que nem conheço...

Paro de pensar e me arrumo. Vai ficar tudo bem, é exatamente por ele que você aceitou isso. Precisamos do dinheiro.

(...)

A Briana me garantiu que mandaria mensagens e eu senti verdade nela. Diferente do homem que dirige com essa cara fechada. Ele me olha pelo retrovisor algumas vezes, mas, logo ignora.

Pensei que seria vendada ou algo do tipo, pelo visto acham que não sou capaz de decorar o caminho.

O carro para assim que chegamos a um lugar deserto, vejo um galpão enorme à nossa frente.

Desço do carro e o homem me acompanha lado a lado. Observo o lugar, não tem muita iluminação nem dentro nem fora. No lado interno existem várias salas de vidro, dentro delas tem drogas, armas, e outras coisas. Porém é uma delas que me chama atenção, tem um corpo e todo os matérias que pedi.

O homem me leva até lá e diz:

— Faça seu trabalho. Tem câmeras por toda a parte, não tente nenhuma gracinha. O chefe chegará em breve. — sai da sala me deixando a sós com um corpo.

Nem fizeram o serviço direito, deixaram o cara sangrando aqui sem nenhuma proteção, poderia pegar uma bactéria pelo ar e estragar os órgãos novinhos.

Visto a roupa de proteção e fecho a sala. Prendo o cabelo, ponho a máscara e começo o trabalho.

O corpo é de um homem branco que aparenta ter uns cinquenta anos. Foi morto por um corte profundo na garganta. Embaixo tem um balde aparando o sangue que cai.

Fico me perguntando o que esse homem fez para ser morto, coisa boa não foi. É errado imaginar meu ex aqui nessa maca?

Começo a trabalhar, abro o corpo e tiro os órgãos que estão em ótimo estado. Coração, rim, pulmão... Isso deve dar uma grana boa.

(...)

Várias horas depois termino de fechar o corpo. Separei os órgãos em umas maletas que pedi na lista. Coloco elas numa bancada ao meu lado direito.

Tiro a máscara e respiro fundo. Foi mais fácil que pensei, imaginei que estivesse em uma sala de cirurgia em um hospital.

Tiro toda roupa, solto o cabelo e saio da sala. Assim que olho em frente, vejo o Alaric em uma sala em frente a minha me encarando. Ele está sozinho com um copo em mãos.

Ando até lá. O ambiente é composto por um computador, mesa e cadeira. Nada mais.

Entro na sala sem bater, já que ele me viu vindo.

— Estou dispensada? — pergunto.

— Só um instante. — pede para que eu espere.

Vejo ele digitar no celular. Aproveito e vejo as mensagens da Briana, ela realmente mandou várias fotos e vídeos do Ethan, fazendo absolutamente tudo. A última foi uma dele dormindo. Estou com saudades do meu bebê.

— Tudo bem? — ouço a voz do Alaric perto.

Levanto o olhar e vejo ele na minha frente.

— Sim. Posso ir? — me afasto.

Ele me olha em silêncio por alguns segundos e diz:

— Me acompanhe. — sai da sala.

Acompanho ele até uma espécie de garagem.

— Aqui está o seu carro. — aponta para uma BMW.

Lhe olho em choque. Ele está zoando né?

— Você é engraçado. — dou uma risada. — Já posso ir? — aponto para a saída.

— Não estou brincando. Você pediu um carro, aqui está. O aluguel já paguei, e a babá já consegui, faltou o carro. — ele diz sério.

Calma aí, ele tá mesmo falando sério?

— Você é maluco? Não vou aparecer com uma BMW do nada pelos lugares. — falo alto.

— Não aceito não como resposta, lembra? — cruza os braços. — Diga que ganhou na loteria, está namorando um homem rico, sei lá. — fala alto também.

— Você acha que todo mundo tem que fazer o que você quer? Eu não sou todo mundo — grito. — Já não basta o dinheiro sujo, agora vou ter um carro que vem de trabalhos ilegais. — respiro fundo.

— Dá pra parar de gritar? — ele se aproxima rapidamente colocando a mão na minha boca e uma arma na minha cabeça. — Você está me tirando do sério. Aceita a porra do carro em silêncio sem questionar, entendeu? — fala ríspido.

Empurro ele.

— Se quer tanto me matar, vai em frente. — lhe encaro.

Cansei dessa merda, já não basta tudo que passei com meu ex. Não vou passar por isso de novo.

Ele fecha os olhos e respira fundo. Passa alguns segundos assim até que diz:

— Aceita o carro, Ashley. Se não for esse, deixo você escolher outro. — abre os olhos e me olha.

Sua voz soa mais calma. E sua expressão é de dor.

— Tá bom. — digo por fim.

Nenhum de nós desiste facil, melhor escolher outro do que essa BMW.

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