Capítulo XV

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At'anau esperou durante todo o dia que seus pais conversassem com ela ou sequer mencionassem a intenção de pedir um santuário em Awa'atlu, mas nenhum deles falou sobre isso na presença dos filhos e a menina mais velha estava começando sentir-se mentida no escuro.

Ela ainda não tinha tido um momento a sós com os pais sem os irmãos por perto, pois eles estavam muito ocupados aprendendo seus novos costumes. Tsireya e Rotxo reservaram um tempo para se sentarem com as crianças e se concentrarem em sua respiração, o que At'anau considerou terapêutico de certa forma, mas uma perda de tempo, pois ela poderia estar fazendo algo com mais propósito.

Ela notou que seus irmãos melhoraram o relacionamento com as crianças Metkayinas com o passar do tempo e o filho do chefe mais velho estava ausente. At'anau também percebeu que era uma pessoa mais tímida do que pensava, pois seus irmãos achavam fácil conversar com os outros, mas ela só ficava ao lado do irmão.

Ela começou a enchergar Tsireya com outros olhos quando ela percebeu o quanto seu irmão mais novo gostava dos ensinamentos e da companhia dela, e logo descobriu que Rotxo era mais amigo da filha do líder do que do irmão da menina Metkayina.

As crianças sentaram-se nas pedras do mar e continuaram os exercícios de respiração, com At'anau se perguntando o que o filho mais velho do líder estaria fazendo que é mais importante do que a tarefa que seu pai lhe designou, e também ficou se questionando por que ela não poderia estar fazendo exatamente o mesmo que ele.

Por diversas vezes, os caçadores no mar chamaram a atenção de At'anau enquanto viajavam para perto do paredão, na borda do recife. Ela presumiu que era onde estaria a maioria dos peixes e concluiu que as crianças não eram adequadas para esse papel no clã.

At'anau não reparou quando seu irmão gêmeo lançou um olhar sugestivo para ela quando todos notaram a proximidade da jovem Tsireya e de Lo'ak enquanto ela ajustava o garoto com sua postura, mas ao em vez disso ele só conseguiu aumentar a própria frequência cardíaca.

Quando todos decidiram que iriam praticar novamente nas águas, uma sétima pessoa se juntou a eles e, para sua consternação, era Ao'nung, que havia retornado da caça. Ela decidiu que não iria pedir a ele para levá-la junto com com ele na próxima vez que fosse caçar, mas, ao em vez disso, ela teria que evoluir por mérito próprio primeiro.

Enquanto todos se colocavam sob seus Ilus, que os esperavam pacientemente até que estivessem prontos, as crianças nadaram em direção às partes mais profundas do recife enquanto faziam uma corrida, e At'anau perseguia seu irmão enquanto segurava sua risada na água, enquanto seu Ilu tentava colocar o rabo na frente dele.

Nadando em círculos ao redor das algas do mar, as crianças perseguiram umas às outras e At'anau ficou perturbada com o quão bem o garoto que havia tentado o seu melhor para irritá-la agora estava se divertindo com eles.

Brincaram de buscar com todos os Ilus, jogando cristais e refletindo conchas do mar, At'anau aprendeu que seu Ilu e o do Ao'nung tinham uma relação mais próxima do que os dos Ilus de seus irmãos, pois muitas vezes se procuravam mais do que os outros.

Pulando no ar com a garota nas costas, ela jogou uma grande concha para longe deles quando estava no ar e deixou o Ilu do Ao'nung persegui-la em um ritmo acelerado, demonstrando o poderoso mergulho livre de sua Ilu, isso sem passar despercebido por ela e seus irmãos.

Ao'nung amaldiçoou a garota que ressurgiu na água e deixou sua atenção ser roubada por um grupo de caçadores que voltavam dos terraços de paredões com as redes cheias.

Vendo que nenhuma das outras crianças estava olhando para ela naquele momento, ela decidiu dar uma olhada mais de perto na fronteira.

O resto das crianças voltaram a subir para fora da água, recuperando o fôlego e soltando a risada que tiveram que conter debaixo d'água. Tsireya sorriu para os dois garotos que riam um do outro.

- Vocês estão aprendendo a respirar. - Ela exclamou surpresa e feliz pelas crianças.

O Ilu de At'anau cortou a água com sua cavaleira firme nas costas e só pulou de volta para cima quando notificada de que sua parceira precisava de uma nova lufada de ar fresco. Enquanto elas se lançavam no ar, At'anau tirou os pés das costas da Ilu, chutando-os livremente para trás enquanto o sol no horizonte as observava com alegria.

O ritmo e o impulso que as duas compartilhavam na água e no ar era algo tão diferente, mas semelhante a voar em seu Ikran e ela não pôde deixar de sentir um pedaço de casa voltando para ela enquanto nadava ainda mais para as bordas do recife.

- Sua irmã aprende rápido. - Tsireya expressou enquanto todos observavam a garota alcançar os altos céus e os mares profundos.

- Sim. - Lo'ak concordou, pronunciando a palavra enquanto observava sua irmã, cuja voz rugia ao vento. - Ela é conhecida por isso.

At'anau chegou mais perto dos terraços marítimos e observou à distância as redes sendo lançadas na água. Ela olhou para trás para seus irmãos que haviam se transformado em partículas de onde ela estava sentada, mas notou que não ficaria por muito tempo alí pois o anoitecer estaria chegando.

Respeitando o trabalho no campo, At'anau teve em mente de contorná-los, mas percebeu que não havia como contornar a fronteira então tentou nadar mais perto do local sem incomodar os caçadores.

Assim que chegou perto o suficiente, ela pulou de sua Ilu, pousando com os pés nas pedras e recebendo alguns olhares das pessoas que trabalhavam em suas plantações.

A menina fez questão de não atrapalhar, pois estava ali apenas para aprender visualmente, então subiu nas pedras altas que proporcionavam uma pequena sombra para as pessoas. A garota sentou-se ereta, de costas para o sol e com os olhos voltados para as pessoas, cada uma com maneiras e materiais diferentes para capturar todas as diferentes criaturas marinhas.

Os olhos de At'anau captaram as grandes redes arredondadas que eram lançadas em cardumes de peixes na água e ela ficou fascinada. Isso foi mais rápido do que um arco e flecha singular e ela se perguntou por que seu pai nunca havia mostrado isso.

- Eu não acho que você deveria estar aqui... - As bochechas de At'anau esquentaram com o confronto e procurou a origem da voz antes de olhar para o homem que olhava para ela. - ... ou era?

At'anau percebeu sua diferença de idade em relação a todos dalí quando chegou, mas decidiu ignorá-la, mas repensou essa decisão agora, pois poderia ter sido um sinal de que o lugar não era adequado para crianças como ela.

- Não sei. - Ela confessou olhando para o jovem homem.

- Então por que você está aqui? - Ele perguntou e ela não tinha certeza do que responder, então demorou um pouco.

- Para aprender. - Disse ela, mas o tom saiu questionável.

- Aprender é? - At'anau se ajustou nas pedras quentes, mas ficou menos assustada porque ainda não foi expulsa de forma passiva agressiva.

- Sim.

- Aprender com quem? - O homem parecia ser do tipo falante, um tipo que ela ainda não conhecia. Não que ela tenha conhecido muitos membros dos Metkayinas, mas agora que ela tinha a atenção de alguém, atenção da qual não iria abrir mão tão cedo, ela decidiu que havia o escolhido para ensiná-la.

- Você.

ᵀʰʳᵒᵘᵍʰ ᵀʰᵉ ⱽᵃˡˡᵉʸ • ᴬᵒ'ⁿᵘⁿᵍOnde histórias criam vida. Descubra agora