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–‹←‹← Ainda em casa →›→›–<<°✿°>>
At'anau quase havia esquecido os acontecimentos de alguns dias antes, o ferimento sob sua tira de batalha estava quase totalmente curado, além do hematoma que a lembrava dos danos gravados em sua pele.
Os irmãos ainda tinham problemas para expandir a capacidade pulmonar, mas melhoravam à medida que tentavam. A mais nova estava se adaptando rapidamente, pois conseguia prender a respiração por um tempo remotamente mais longo do que seus irmãos mais velhos.
À medida que se aprofundava no oceano com seu Ilu, At'anau começou a cobrir o terreno, procurando por Kiri que ainda não havia conseguido voltar para eles, mas se sucesso. Mas bastou para a At'anau ver Tsireya ajudar sua irmã mais nova nadar pelo mar, com a criança em seu encalço enquanto estava montada em seu próprio Ilu domesticado.
At'anau não tinha visto um sorriso como o que ela tinha agora crescer tanto em seu rosto desde a captura de Spider, e ela estava feliz por poder vê-la assim.
Os cinco nadaram nas águas mais profundas do recife, brincando de pega-pega e perseguindo uns aos outros nas águas em seus Ilus. Agora que ela tinha alguém em quem confiar sua segurança na água, a criança se sentia muito mais confiante para entrar nela.
O pôr do sol ainda não havia acontecido, mas o céu começou a mudar de cor, e então todos decidiram começar a encerrar o dia e voltar para suas residências.
Nenhum dos Sullys poderia chamar o recife de lar enquanto ainda estivessem com seus corações presos em seu antigo lar. A própria At'anau queria acreditar que isso era algo temporário, mas para isso eles precisavam remover os obstáculos em seus caminhos, mantendo essa saudade de seu lar trancado por enquanto. Algo que At'anau não sabia como lidar.
Ela questionou porque seus pais mantiveram seu plano para ajudar a família a fugir em segredo dela, coisa que era resultado deles não pensarem que ela conseguiria ajudar, portanto, para eles, ela não era digna o suficiente como guerreira, coisa que ela estava treinando tanto para se tornar. Isso a perturbou enquanto ela tentava formular várias práticas que poderia executar para que eles percebessem que ela poderia ajudar a trazê-los de volta para casa.
A menina havia deixado a mais nova com Tsireya enquanto voltava para a praia da ilha, pois elas se conectavam mais com os Ilus e a outra garota não parecia se importar em cuidar de Tuk. A areia ainda era incomum entre seus dedos de At'anau enquanto ela voltava para seu casulo marui compartilhado.
— Neteyam!
Apesar de não ser o seu nome, ela se sentiu chamada e se virou apenas para ver onde seu irmão estaria, mas apenas encontrou alguns olharem virados para ela.
At'anau franziu a testa e seus ouvidos se moveram confusos enquanto ela observava Ao'nung e seus amigos alcançarem a garota, mas pararam quando perceberam que não era a pessoa que procuravam.
— Oh! — Ao'nung ergueu a mão, mas os sorrisos levemente zombeteiros nos rostos de seus amigos não eram direcionados a ele e ao seu erro. — Desculpa, garota da floresta. — Ele fez um gesto com a mão e um olhar vago enquanto tentava se lembrar do nome da garota a sua frente.
— At'anau. — Eles não perderam o olhar indiferente no rosto da menina quando ela respondeu, mas apenas um movimento de sua orelha revelou sua reação inconsciente.
— Certo.
Ele acenou com a cabeça e a garota esperou por alguns segundos antes que nada mais acontecesse e ela se virou e continuou seu caminho, mas os vários passos acelerados lhe disseram que não haviam terminado.
— O que é isso? — Ela ouviu um deles falarem e se virou antes de esperar que ele reformulasse a pergunta. — Você está... — Ele começou. — Com ciúmes? — A garota ainda não sabia o que eles queriam dizer com isso e o olhar dela mostrava isso. — Por que você copia ele? — Com isso, At'anau percebeu que eles estavam falando sobre ela e seu irmão gêmeo serem basicamente idênticos, mas ela se manteve em silêncio.
— Como é saber que eles não veem você? Quero dizer, eles veem você.— Ele se corrigiu, usando as mãos para gesticular as palavras. — Mas eles não vão ver você, sabe? — Ele inclinou a cabeça enquanto observava cada detalhe da aparência de At'anau.
A garota ignorou um dos garotos menores perguntando o nome dela novamente com um sussurro e o outro rindo antes de empurrar o garoto de brincadeira. At'nau olhou pelos olhos travessos de Ao'nung antes de levantar os cantos dos lábios para cima por um segundo.
— Ah! — Ela torceu o nariz e levantou os ombros. — Não se preocupe com isso.
Decidindo não usar mais palavras, ela encerrou a conversa e voltou para onde sua mãe estaria preparando as refeições para a família. Enquanto caminhava, Neteyam se viu ao lado de sua irmã, que dispensou as perguntas dele sobre o que se tratava a conversa anterior dela com o outro garoto. O menino olhou por cima do ombro para ver Ao'nung, que mal estava à vista.
— Oh ouh! — At'anau saiu de sua linha de raciocínio e olhou para o seu irmão, que estava olhando para ela, mas só encontrou seu próprio reflexo em seus olhos. — Eu sei o que é isso. — A garota revirou os olhos para o garoto. — Ou você vai fazer algo estúpido... — Ele apontou pelas costas dele. — Ou vai obrigá-lo a fazer algo estúpido. — Concluiu ele, ao que a garota zombou e riu alegremente.
— É como se você lesse minha mente, irmãozão. — Ela brincou sem entusiasmo.
As crianças chegaram a tempo para o jantar e Tuk encheu a sala com todas as histórias sobre as aventuras que viveu e os tesouros que descobriu. At'anau usando orgulhosamente a concha que ela ganhou de sua irmãzinha em volta do seu pescoço.
Quanto mais fundo o sol se escondia no mar, mais pensamentos chegavam à mente da garota mas velha. Ignorar os seus sentimentos era mais penoso do que ela imaginava. As perguntas engolidas deixando-a enjoada e possíveis cenários atormentando sua mente. A garota não tinha certeza do que faria sem seu irmão, que a fez companhia em sua noite de sono e a acordou para se envolverem em um passeio pela costa.
— Você não está com raiva? — Os dois sentaram-se na areia fria, observando as águas da noite enquanto a garota quebrava o silêncio.
— Eu não deveria estar. — O menino confessou. — O pai sabe o que é melhor. — As duas crianças confiavam no pai, talvez mais do que deveriam, mas dizer que ele tomou as melhores decisões era um tema controverso.
— Mas está tudo bem ficar bravo. — A garota confortou o irmão. — Eu estou furiosa. — Ela confessou. — Mesmo quando voltarmos para casa, nosso futuro não estará nem perto do que nascemos para ser.
At'anau lembrou a ambos sobre o novo Olo'eyktan, e seus futuros títulos que foram dados aos descendentes dele ao em vez deles. A garota não se importava muito com seu direito de se tornar Tsahik, mas seu irmão foi moldado para se tornar o líder de seu clã na visão dela.
— Ser o Olo'eyktan era seu direito de nascença. — Ela expressou seus pensamentos pela primeira vez.
— Eu não fiz nada para ter esse direito.
A garota virou a cabeça para o irmão que mantinha a cabeça baixa, examinando os grãos de areia ao redor deles.
— Ainda assim era seu direito. — Ela afirmou enquanto o irmão engolia em seco.
— Eu só quero ir para casa. — Ele confessou.
A irmã suspirou, incapaz de se expressar melhor. Seu coração pesado com a tristeza de seu irmão.
— Esta é a nossa casa agora, irmão. — A garota tentou conter sua expressão, mas não conseguiu ao ver o olhar de seu irmão mais gêmeo após ouvir a fala de sua irmã.
Ele empurrou o ombro dela com os ombros dele enquanto ela colocava a cabeça sobre os joelhos, fechando os olhos e imaginando o som das ondas quebrando e as árvores farfalhando ao seu redor.
Os dois consumiram o silêncio por poucos minutos, respirando o ar salgado antes que o irmão chamasse a atenção da irmã. At'anau virou a cabeça para ele e encontrou seus olhos.
— Eu vejo você.
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ᵀʰʳᵒᵘᵍʰ ᵀʰᵉ ⱽᵃˡˡᵉʸ • ᴬᵒ'ⁿᵘⁿᵍ
FanficNão há dúvidas de que os laços pessoais entre gêmeos podem ser fortes, mas não há evidências de que esse vínculo seja algo misterioso ou inexplicável. Se ao menos um soubesse a dor que causaria um ao outro quando essa conexão se partisse. Os Na'vi d...