Olhos de chocolate quente

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Creio que caos não seja a palavra muito adequada para resumir esse capítulo da minha vida, talvez mini caos se encaixe mais. Comecei com raiva, depois fiquei com o coração quentinho, aí fiquei triste pra cacete, fiquei feliz de novo, aí depois fiquei triste de novo e depois feliz novamente. Da pra dizer que foi uma montanha russa de emoções revezando entre feliz e triste.





- Filha da puta, vagabunda, cadela mansa, rapariga. - a raiva e o ódio sobem pelo meu corpo enquanto pronuncio tais palavrões em voz baixa.

- Olha que vagabunda. - é a voz de Vídia ao meu lado anunciando que ela já viu a cena a qual me fez mudar totalmente a postura.

- Minha vontade é sentar a mão na cara dessa puta de beira de esquina. - cerro os dentes encarando os dois.

- Ele não tá nem aí pra ela. Olha a cara de cu dele enquanto ela fala. - minha amiga ri.

Meu corpo parece uma panela cheia de pimenta Carolina Reaper borbulhando em cima de uma fogueira. A imagem dessa vadia se jogando pra cima do meu irmão está me enfezando em um nível que falta dois dedinhos pra mim ir lá e arrancar o cabelo de vassoura dela. Essa raputenga é a Isis, sim, a mesma Isis que arrumou briga com a Yasmin porque disse que ela tava dando em cima do Henrique. A desgraçada acabou de ficar "solteira" e já tá se atirando pra cima do Kai, ele não está dando a mínima pra ela, apenas a olha com cara de sonso e concorda com algumas coisa que saem da sua boca. A paciência dele também está me estressando, porque esse infeliz não manda logo ela ir pastar? É tão fácil.

Sim, estou com ciúmes do meu irmão e isso é super saudável.

- Olha ela levantando a saia. Que fogo no rabo é esse? Tudo isso é vontade de dar? - Vídia diz, agora sem divertimento mas com uma leve pitada de deboche. - Cara, a gente tá na escola. Certeza que ela chegou atrasada na distribuição de noção e vergonha na cara e acabou ficando sem.

- Amiga... - a olho, nenhuma palavra precisa ser dita, conversamos apenas pelo olhar.

- Eu escondo o corpo, relaxa. - ela pisca o olho e eu sorrio agradecida. - Só preciso comprar uma luva porque não quero me infectar com aquela bactéria.

- Te amo. - falo a fazendo arquear sutilmente os lábios. - Vou lá. - me levanto da nossa mesa do refeitório, passo as mãos pela minha saia tirando qualquer resquício do lanche caido enquanto comia e desfilo até mesa onde está o meu irmão e a alecrim dourado. - Ei, as mamães disseram pra gente ir pro restaurante quando sair da escola. - me sento ao lado de Kai e ignoro completamente a figura insignificante a minha frente. Se eu olhar pra ela por mais de três segundos, é capaz deu voar em sua direção. Kai vira pra mim e assente com uma expressão serena.

Tá chapado, porra?

- Oi, Lene. - só pela voz fina já sinto vontade de cortar certa língua.

Voz irritante do caralho.

A olho de cima para baixo esboçando um semblante seboso.

- Selene, pra você. - respondo rude. De canto de olho noto Kai dando tudo de si pra prender uma risada. A puta a minha frente tira o sorrisinho falso do rosto e me encara com ódio.

Compartilhamos do mesmo sentimento, querida.

- Cara feia pra mim é fome, ainda não lanchou? - forço uma voz delicada. - É melhor se apressar, logo o sinal toca.

Ao fundo vejo que Áine e Zarina já voltaram do banheiro, elas olham pra cá atentamente como se assistissem o último episódio de alguma novela Mexicana, acho que nem estão piscando. Tenho certeza de que se eu fizesse uma coisinha, a Áine nos levaria a um lugar afastado, a Zarina cavaria o buraco e a Vídia jogava o corpo dentro e depois cobriria.

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