Cadê a Vídia que eu conheço?

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- Senta aqui comigo. - chamo Áine ao vê-la virar-se para mim, após Vídia lhe entregar um balde cheio de pipoca amanteigada.

Ela anda em minha direção, e eu abro um imenso sorriso, que logo se desfaz quando Áine senta na poltrona ao lado da minha. Era para sentar na mesma poltrona que eu, sua cretina! Áine leva um bocado de pipoca até a boca e mastiga com prazer, e eu apenas lanço-lhe um olhar de cachorro sem dono.

Por Deus, Selene, aonde chegamos?

- O que foi? - a querida questiona, com a boca cheia, as bochechas redondas a deixando parecida com uma esquilinha.

- Era para você sentar aqui comigo. - choramingo com um leve drama.

Não é do meu feitio ser extremamente grudenta, pegajosa e carente. No entanto, estou na minha semana de TPM, e isso é uma droga; todos os meus sentimentos ficam mais intensos e sensíveis. Só quem sofre sabe. Então, estou mais dependente do carinho e atenção de quem estiver ao meu redor, e como minha querida Moana está bem ao meu ladinho, claro que irei me aproveitar disso. Vocês sabem, temos que aproveitar as oportunidades que a vida nos dá.

Nosso final de semana foi cada uma em sua casa, fazendo seus afazeres e se comunicando via Internet. Tive que colocar deveres escolares em dia, lavei o carro do idiota do Kai, que estava parecendo um chiqueiro de tão sujo (certeza que ele deixou assim de propósito). Fiz alguns trabalhos com a mamãe Jenna e ajudei a limpar e organizar a floricultura. Digamos que foi um final de semana bastante produtivo.

Agora, terça-feira, quase sete da noite, estamos nós quatro margaridas reunidas no cinema da minha residência. Vídia juntou todos os vídeos que tinha no celular e na câmera, produzindo uma espécie de curta-metragem que iremos assistir agora na grande tela.

- Sentar aí? - Áine pergunta com a maior cara de sonsa.

- Sim. - a olho com um biquinho sofrido enfeitando os lábios. - Ou você não quer ficar próxima a mim? O encanto passou? - faço toda uma cena e ouço a gargalhada de Vídia quando ela passa em nossa frente.

- O drama já vem de fábrica. - ela comenta, e eu a ignoro, ainda com um olhar pidão para Áine.

A humilhação que essa peste me faz passar só para receber um mínimo possível de carinho.

Áine ri e levanta da poltrona. Eu abro um grande sorriso e a faço sentar entre minhas pernas. Aperto um botão na lateral da poltrona, que a faz inclinar um pouco para trás. Abraço o corpo de Áine e a puxo contra mim, sentindo seu corpo deitar sobre o meu. Seu cheirinho doce entra em meu nariz, e eu me sinto realizada a abraçando com mais força, escondendo o rosto entre seus cachos hidratados.

- Satisfeita? - ela pergunta entre uma risadinha, quando eu tiro o rosto do seu cabelo e dou uma fungadinha em seu rosto, aproveitando para morder sua bochecha rechonchuda e gorducha.

- Muito!

- Vídia, caralho, esse refrigerante era meu! - escuto a voz de Zarina. Ela está brava, muito brava.

- Sério? Não vi seu nome escrito nele. - Vídia responde com o sarcasmo na ponta da língua.

Deixa eu contar a vocês, elas estão assim, nesse pé de guerra desde o dia seguinte da festa. Quando contamos a Zarina tudo o que ela fez enquanto estava sob o efeito do álcool, ela ficou vermelha ao saber que roubou um beijo de Vídia, e a cobra cascavel, vulgo Vídia, fica a perturbando com isso até hoje. Às vezes é engraçado e, às vezes, tenho vontade de bater a cabeça das duas só para me darem sossego. Áine tenta apaziguar sempre que pode, mas quase nunca consegue.

- Juro que qualquer dia eu ainda vou te matar! - Zari bufa e vai até a pequena lanchonete pegar outra Coca.

- Tenta e vê se consegue. - Vídia hoje acordou com o diabo nas costas. Ela está mais chata do que o normal, só com Áine que ela age como um ser humano.

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⏰ Última atualização: Nov 03 ⏰

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