Tô indo

899 64 160
                                    

- E aí? - Zarina me olha com curiosidade.

- Ainda não gosto. - faço uma careta pondo a xícara de café na mesa. - Eu quero achocolatado.

- Não confio em quem não gosta de café. - Zari pega a xícara e leva até a boca tomando um pequeno gole. - Café é muito bom.

- Pode tomar esse todo então. Quem vai fazer meu achocolatado? - apoio a cabeça em minhas mãos.

- Eu que não vou. - Vídia diz olhando para algum ponto fixo na parede. - Já fiz o café.

- Muito chata você. - reviro os olhos e olho para as outras duas. - Zari, Áine? - falo com a voz manhosa e pisco os olhos graciosamente. - Eu sou apenas um neném que quer tomar achocolatado e não tem ninguém que faça para mim. - suspiro com drama olhando para cima.

- Oh, vida de gado. - ouço a voz de Vídia e olho para o lado, Áine está indo preparar meu leite com chocolate. Dou um sorrisinho e me ajeito na cadeira. - Aproveita e traz as torradas.

- Aproveita e traz minhas rosquinhas de chocolate, minha linda. - solto uma risada com sua cara chocada.

- Eu acordei com minha mãe me ligando. - Zari fala passando os dedos na franja bagunçada.

- Ela já quer que você volte? - pergunto batucando os dedos na superfície de madeira. - Mas ainda tá cedo, são nem meio dia ainda. E hoje é domingo.

- Selene. - Víd me chama e eu a olho, ela leva o indicador até a boca me pedindo para ficar calada. - Meus ouvidos já não aguentam mais a sua voz, e olha que não faz nem quinze minuto que estamos aqui.

Abro a boca em descrença e levanto as duas mãos lhe dando os dedos do meio.

Nossa, meu coração doeu de verdade agora.

- Olha ela, Zari, olha ela. - faço um biquinho tristonho e olho para a minha amiga que apenas revira os olhos. - Eu vou embora e não volto mais. - cruzo os braços dando as costas para Vídia.

- Efim... - Zarina começa não dando a mínima para o meu sofrimento. Os de verdade eu sei quem são. - A Bonita simplesmente esqueceu que me mês que vem é o aniversário da sua amada e única herdeira. - revira os olhos com desdém. - Aí resolveu me acordar as sete da madrugada de um domingo para perguntar se eu queria festa ou viagem. 

- E você com certeza escolheu uma viagem. - Áine me entrega uma caneca amarela com achocolatado e coloca uma tijelaa cheia de torradas no centro da mesa.

- Obrigada. - murmuro antes de bebericar o chocolate geladinho. Ela sorri e alisa meu cabelo se sentando a minha esquerda.

- Isso mesmo, meu amor. - a voz de Zari sai animada. - Só... - ela levanta indo em direção a geladeira do outro lado da cozinha. - So que eu disse que queria uma coisa mais privada, sem esse negócio de convidar familiares chatos e intrometidos. - pega uma jarra de água e uma maçã verde. - Vejo eles o ano todo já.

- Tá certa. - escuto Vídia falar e logo sinto alguma coisa bater em meu braço. - E para onde nós vamos viajar?

Viro a cabeça tentando saber o que foi que bateu em mim. Nesse meio tempo de baixar a cabeça, sinto de novo algo me acertar, mas dessa vez no ombro.

- Eu não sei ainda, só sei que quero um lugar com água. - morde a maçã e fecha a geladeira.

Detecto um pedacinho de torrada jogado ao chão e logo levanto a cabeça olhando com uma cara feia para Vídia. Ela sorri sacana e levanta a mão jogando outro pedaço de pão em mim, eu desvio o corpo e lhe dou língua.

- Caribe? - escuto a voz de Áine enquanto novamente desvio o corpo do arremesso de torrada da chata do outro lado da mesa.

- Não, já fui no começo do ano. - Zari diz com voz de tédio.

Pequena Polegar Onde histórias criam vida. Descubra agora