Adesivos

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Infecção de ouvido dói para um caralho!





- Diz que me ama, Víd. - puxo o seu cabelo que agora está com o modelo de trança twist.

- Aí, porra! Vai puxar o cabelo do teu cu. - Vídia fala com toda a delicadeza e doçura que ela não possui.

- Diz que me ama. - peço de novo tirando o seu celular da sua mão.

- Não. - ela tenta pegar o celular de volta, mas eu corro pela sala de aula e o entrego a Áine que acabou de voltar do banheiro.

- Áine, me devolve. - Vídia caminha, indicando a sua falta de paciência só com o andado.

- Só depois que você falar que me ama. - entro no meio quando ela tenta recuperar seu telefone. - Diz que me ama.

- Já falei que não.

- Vídia, diz que me ama! - vou ficar insistindo até o "eu te amo" sair da boca dela. - Diz que me ama.

Estamos no período de troca de professor. Era para ficarmos sentadas nos nossos assentos como alunas exemplares, mas como eu tenho uma formiga na bunda, não consigo ficar parada por muito tempo e tenho que arrumar algo para preencher a falta do que fazer.

- Pra que você quer que eu diga isso? - Vídia põe as mãos na cintura e me encara.

- Porque sim.

- Porque sim não é resposta, Selene.

Claro que é.

- Eu quero me sentir amada por você. - faço o meu belo drama com uma voz de bebê manhoso. - Você não me ama, Víd?

Ela solta o ar com força pelas narinas.

- Você sabe que sim. - fala não querendo falar.

- Então diga. - ponho as mãos na cintura do mesmo jeito que ela e a encaro.

- Não quero.

- Zari, fala que me ama! - grito para a menina que está com a cara enfiada no celular desde o começo da manhã. Agora que ela pegou o número do carinha lá da festa, é o tempo todo de papinho com ele.

Zarina levanta a cabeça e roda o pescoço até nos encontrar do outro lado da sala.

- Te amo, amore! - ela grita e faz um coração coreano com os dedos. Logo depois volta a abaixar o rosto e voltar sua atenção para o celular.

- Áine, diz que me ama. - peço a cacheada ao meu lado.

- Eu te amo, benzinho. - ela da um beijo na minha bochecha. Sinto o seu gloss melar meu rosto.

- Agora é sua vez. - encaro Vídia de uma maneira: ou você diz, ou você diz. - Diz que me ama. - cruzo os braços.

- Mas que porra. Tá carente, é? Compra um hamster. - ela revira os olhos.

- Não fala assim com ela. - Áine infla as bochechonas e da um tapinha no braço de Vídia.

- Diz que me ama, sua coisa chata. - daqui a pouco eu ajoelho no chão.

Vocês devem estar se perguntando o porquê deu esta quase implorando para que Vídia diga que me ama, bem, eu sei muito bem que a morena sente tal sentimento por mim, ela já demonstrou isso de várias e várias maneiras, mas o ponto é, ela nunca fala, não de modo sério, sempre é na brincadeira. Mentira, ela já falou que me ama, foi quando eu estava de tpm e em um estado deplorável de carência, nesse dia ela disse que me amava e ficou deitada comigo assistindo Tinkerbell, mas já faz décadas que esse evento aconteceu. Depois disso, Vídia nunca mais pronuncio as palavras.

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