Sustos e dramas

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Quero relatar que eu amo o meu irmão, realmente amo, mas tem horas que eu gostaria muito de joga-lo de um penhasco. Hoje em dia ele está bem melhor, acho que deve ser a tal da maturidade, porém o meliante ainda me enche o saco uma vez ou outra e eu ainda o agrido. É um ciclo sem fim.




- Sobre o que é esse comercial? - Pergunto a Kai que está em frente a tv com o controle em mãos. Ele disse que queria me mostrar um comercial da internet.

- É sobre carros antigos, você vai gostar.

Estranho o fato do meu irmão me chamar apenas para me mostrar isso. Certo que eu gosto de carros antigos, mas não seria mais fácil se ele apenas me enviasse o vídeo pelo celular? Vai entender esse garoto.

Meu gêmeo me fez sair da minha cama fofinha, quentinha e com cheirinho de amaciante, para andar trezentos quilômetros, atravessar o corredor e vir ao quarto dele só pra ver esse tal comercial.

Eu estava tão confortável ouvindo o barulho da chuva batendo no vidro da minha janela, os lençóis me abraçando me fazendo sentir como se estivesse deitada em uma nuvem em formato de cupcake e me deixando com uma preguicinha gostosa para tirar uma soneca antes do jantar. juro, meus olhos já estavam começando a piscar lentamente quando o meu celular toca me assustando e me tirando completamente do meu momento de paz, o lado bom é que a cama do meu irmão é tão confortável quanto a minha e se ele demorar mais um pouquinho eu vou acabar imergindo em um sono profundo.

- Pronto. - Kai me dá um chega pra lá e se senta no colchão escorando as costas na cabeceira macia. - Vou dar play, preste atenção.

O comercial começa com um carro prata passando por uma estrada, ele faz uma curva e passa por detrás de algumas árvores que lhe faz desaparecer por um momento e...

- Puta que pariu! Caralho, porra, cacete, inferno! - Meu coração tá acelerado, eu estou tremendo, minha respiração tá falhando e... Que merda aconteceu aqui?

- Aí, meu Deus, eu vou chorar de tanto rir. - O estupido do meu irmão gargalha alto ao meu lado enquanto tem seu celular apontado na minha direção.

- Que... P-Porra foi essa? - tento recuperar a minha respiração que resolveu ir passear. - O que era aquilo? - Eu não consegui identificar o que de fato apareceu na tv, mas me pareceu uma assombração sinistra e macabra. Tá repreendido!

- Você tinha que ter visto a sua reação. - Kai agora ri um pouco menos. Seu rosto está vermelho e seus olhos lacrimejando. - Ainda bem que eu gravei. Você ficou tipo... Deu pra ver a sua alma saindo do seu corpo. Meu Deus, eu nunca ri tanto na vida. - Joga o corpo pra trás e volta a rir pondo a mão na barriga.

- Seu desgraçado, infeliz, idiota e estúpido. - pulo em cima dele e começo a lhe bater com toda a força e raiva habitada dentro de mim.

- Calma aí, leão fora da jaula. - Kai rola da cama e sai correndo do quarto. Me levanto e vou atrás.

Minha vontade é pegar um jarro de flores da mamãe e tacar nele, ou então o empurra-lo escada a baixo. (Como é lindo o amor entre irmãos, não é?) Porém isso seria muito cruel, e eu sou uma pessoa da paz que prometeu que este ano tentaria ser mais calma, entretanto tem um desgraçado dificultando a minha evolução como pessoa.

- Oh mãe! Mamãe! A sua filha tá querendo me agredir. - O verme grita enquanto corre descendo os degraus até o andar de baixo.

- O que foi dessa vez? - Mamãe Jenna esta sentada no sofá com o celular em mãos enquanto Kai vai até ela.

- Seu filho me mostrou um comercial satânico, filmado por entidades duvidosas que agora vai me assombrar pela noite toda. - chego do lado deles e dou um beliscão na pele clara do infeliz.

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