Hoje, Áine volta para a escola! Depois de uma semana em casa, finalmente ela vai retornar. É impressionante ver como ela evoluiu durante esse tempo; Áine tem uma incrível capacidade de se adaptar a qualquer circunstância. No começo, ela ficou um pouco recuada, mas logo começou a se acomodar a essa nova realidade. Eu e as meninas estamos fazendo tudo o que podemos para facilitar essa transição. Saímos para passear, visitamos vários lugares que ela gostava, e agora ela voltou a se interessar por eles. Relembramos suas antigas aventuras e a forma como costumava agir. Quando ela e eu nos reencontramos, foi um pouco estranho, mas tratei de engolir meus medos e agir com naturalidade. Admito que voltar a ser tratada como antes me dói muito; o carinho e o cuidado que ela tinha por mim continuam os mesmos, mas agora sem aquele toque apaixonado. São uma semana e quatro dias sem beijar seus lábios ou ouvir o "benzinho" saindo de sua boca com a voz doce. Não está sendo fácil, mas a vida segue.
Áine voltou a conversar com seus outros amigos e parece já estar por dentro de todas as fofocas novamente. As meninas da nossa sala me contaram que estão fazendo o possível para que minha Moana se sinta incluída, e eu fico imensamente feliz e agradecida por elas estarem fazendo isso. Vídia, Zari e eu conversamos com o pessoal da sala, e todos concordaram em agir normalmente com ela, tentando ajudá-la a se sentir à vontade, sem pressão para lembrar de nada que não viesse naturalmente.
Minha mente não lembrava que, aos quatorze anos, Áine já era tão inteligente e esperta como se mostrou agora. Quando digo que ela está se desenvolvendo rápido, não estou brincando. Lógico que ela tem uma certa ingenuidade por conta da idade mental, mas nada que a prejudique. Áine nunca perdeu sua alma infantil; mesmo sendo quase uma adulta e a mais responsável entre nós quatro, ela ainda agia com doçura, sempre enxergando o colorido da vida. Esse lado está mais forte agora; na sexta-feira, ela nos convidou para ir à Disney, da mesma forma que fazia antigamente. Com um brilho imenso nos olhos grandes e redondos, ela pulou e soltou risadas quando concordamos em ir.
A felicidade de Áine transbordava, e isso nos enchia de alegria. Toda vez que víamos algum personagem no parque, era super fofo quando ela lembrava sua idade atual e tentava agir com a maturidade que aos poucos está reaprendendo. Nós a incentivávamos a se divertir; a semana já tinha sido intensa para a cabeça dela, e queríamos que ela relaxasse e se divertisse, sem se preocupar em agir como uma adolescente de dezoito anos. Que ela fosse apenas a Áine e agisse de acordo com o que seu coração pedisse.
Enquanto caminhávamos pelo parque, observando a animação e a magia ao nosso redor, não pude deixar de notar como Áine estava completamente envolvida no momento. Seus olhos brilhavam a cada novo personagem que aparecia, e ela pulava de alegria ao ver os brinquedos. Era como se, por um dia, ela pudesse deixar de lado a confusão e a pressão de redescobrir sua própria identidade. Revivemos a pequena Áine, fascinada pelos personagens e princesas; ela e Zarina surtaram ao ver a Rapunzel, e Zari sempre chora, mesmo já tendo a visto milhões de vezes. É fofo e engraçado. Sendo tomada pela magia e pureza da Disney, Víd mergulhou de cabeça, deixando sua parte provocadora de lado e revivendo sua criança interior ao entrar nos brinquedos e cantar as músicas a todo pulmão.
Enquanto entrávamos em uma loja do parque, Áine paralisou, olhando fixamente para uma pelúcia da Alice no País das Maravilhas. Chamamos seu nome, mas Áine parecia não nos escutar. Seu olhar era uma mistura de nostalgia, alegria e emoção. Eu olhei para as meninas na esperança de que minha Moana estivesse tendo alguma lembrança. Zarina, já com os olhos marejados, mordia os lábios em ansiedade e expectativa, enquanto Vídia, também ansiosa, ainda mantinha os pés no chão e segurava nossas mãos enquanto esperávamos Áine voltar do "piripaque".
Depois de um tempo, ela nos olhou, seus lábios se curvando em um imenso sorriso. Apertei mais forte a mão de Vídia, pulando internamente. Áine havia lembrado de um pequeno momento do ano passado, quando estávamos na mesma loja, enchendo dois carrinhos com muitas pelúcias para doar a crianças de um abrigo. Acho que fiquei mais feliz do que ela; pulei e a abracei tão forte que juro ter ouvido seus ossos estalarem. Zarina, obviamente, chorou, e Vídia zombou dela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Pequena Polegar
RomantizmSentimentos novos, fadinhas na barriga e muitos beijos de melancia