Maria Rita

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Um mês e meio depois...


- Seja bem vinda! Posso ajudar?

- Ah, não obrigado, estou só olhando.

- Fique à vontade.


Fiz tudo que me ensinaram, atendi a cliente que entrou dentro da loja em que eu comecei a trabalhar já tem 15 dias que estou aqui e adorando. Depois de quase um mês batendo perna e entregando curriculum em várias lojas finalmente consegui um emprego.

O salário fixo é pouco mas a comissão é boa, se eu me dedicar com fé e simpatia tenho condição de fazer um salário melhor do que eu tinha na fábrica.

A loja é de uma marca famosa e tem linha masculina e feminina, fica dentro de um grande shopping de Recife que atende a classe média e alta. Apesar de não ter experiência fui entrevistada pela dona da loja que me disse que eu tinha "a cara" da loja. Eu era Bonita! Bem, não sei se foi só por isso que ela me contratou mas o fato é que não desejo que ela se arrependa.

Somos em 5 vendedores: Eu,  Camila uma negra linda que é estudante de moda, Julia uma baixinha e gordinha mãe solteira tem um filho lindo de 4 anos, Adriana uma morena alta, linda e metida ao extremo, foi antipatia logo de cara mas, me esforço para não deixar isso me dominar, o Henrique um cara nota 1000 muito engraçado, bonito pra caramba, corpo atlético, alto, cabelos preto e olhos verdes, faz faculdade de Administração e fica no caixa da loja, pelo que entendi ele não é um pobretão como o restante de nós, pelo menos foi o que a Camila me falou, não  quis entrar em detalhes e para mim isso não é importante mas, para Adriana é importante pois já ficou claro a queda que ela tem por ele.

Ontem fui a igreja e me ajoelhei agradecendo a Deus mais uma oportunidade, agora preciso  procurar um lugar para alugar, não posso mais me manter naquele hotel além do mais o local é bem decadente e a vida noturna é agitada, muita prostituta e bêbados.

Saio da loja as 22:00hs  e vou para casa de ônibus, na terça-feira tomei um susto tremendo, desci do ponto que fica a duas quadras do hotel as ruas cheias de garotas fazendo ponto como já disse não posso ter preconceito com isso afinal quem sou eu? Filha de Puta! Então respeito essas mulheres que nem sempre tem opção.

Essa semana toda passando no mesmo horário algumas delas sorriam para mim, outras viraram a cara, mas eu cumprimentei todas que cruzou meu caminho, sempre na recepção decadente do Hotel fuleiro moradoras estavam com homens conversando , duas são minhas vizinhas e "atendem" seus clientes lá mesmo, ainda bem que não ouço nada pois chego tão cansada que caio na cama e apago.

São duas moças muito simpáticas eu estava colocando as roupas para secar na varanda quando uma delas me chamou pois a sacada ficam lado a lado de fácil acesso, ela disse que seu nome é Cecilia chamou a amiga e me apresentou como Fabiana, nos cumprimentamos e ela perguntou o que eu fazia.
Falei que estava em busca de emprego na mesma hora ela ofereceu me apresentar para o cafetão delas , já falei que não é isso que eu pretendo fazer e ficou claro para as duas. Mais tarde no mesmo dia elas bateram na minha porta trazendo café e biscoitos, foi uma tarde agradável já que eu nunca tinha tido amigas ou colegas que fraquentasse minha casa.

Eu como sempre falei o mínimo possível da minha vida, contei o básico e falei que a minha mãe também teve a mesma profissão delas, omiti a parte que eu praticamente fugi da minha cidade.

Soube da vida sofrida das duas, Cecilia que apanhava do marido e fugiu ha mais de 8 anos deixando para trás o filho de 01 ano no orfanato, chorou muito e disse que foi o melhor pois nem ela e nem o pai do menino (que não era o marido que batia nela) teriam condições de sustentá-lo.

Nunca Mais...(Eu e Você) ConcluidoOnde histórias criam vida. Descubra agora