Ele é um homem cruel e vingativo.
Ela é uma jovem vítima de uma família abusiva.
Ele se torna líder da máfia russa e precisa de uma esposa.
Ela se encaixa no papel perfeitamente.
No início, a combinação dos dois é explosiva. Eles não se suportam.
Co...
Respiro profundamente enquanto me olho no espelho.
É uma mistura de sentimentos dentro de mim que são difíceis definir. Medo? Ansiedade? Raiva? A verdade é que estou tão confusa que não sei dizer.
Ao mesmo tempo que nunca quis me casar e sempre julguei toda essa situação um pesadelo, considero que ficar longe da toxicidade da minha casa seja algo positivo. Só de passar esses dias aqui em Moscou, senti um alívio tremendo. Não passei tanto tempo perto de meu pai, minha madrasta e minha meias-irmãs, então fiquei mais leve, sem me sentir pressionada ou vigiada.
E depois da conversa na noite anterior com Ivan, talvez meu futuro não seja tão ruim quanto eu pensava. Ou talvez esteja sendo positiva demais?
O vestido que estou usando é totalmente o oposto do que eu queria. Ele é um modelo tradicional, grande e volumoso, com a saia rodada, muitos brilhos e rendas, e é mangas longas. Achei extremamente caro e chamativo, mas infelizmente fui obrigada a usá-lo por ser a roupa clássica das noivas da máfia.
Se me casasse com alguém que não fosse tão importante quanto Ivan, eu poderia escolher um vestido que fosse mais do meu estilo, mas meu marido é o pakhan, devo seguir todos os costumes possíveis, afinal todos os olhos estarão em mim. Então usar um vestido que custa mais que um carro e joias no valor de uma casa faz parte das tradições, por mais que me deixe desconfortável.
E por falar em desconfortável, é como eu descreveria como o dia de hoje. Se não fosse por Olga, Katya e Karina, hoje teria sido um inferno total. Enquanto elas tentavam me alegrar e me deixar o mais confortável possível por saberem que eu estava nervosa e ansiosa, Oksana e suas filhas fizeram questão de me deixar transtornada.
Normalmente são as mães das noivas que ficam responsáveis pelos cabeleireiros, manicures, depilação, entre outras coisas. Como a minha faleceu, minha madrasta fez questão de tomar conta de tudo para minha tristeza.
Parecia que ela queria me ver desconfortável ou incomodada. Na hora da depilação, Oksana insistiu em estar na sala comigo, por mais que eu implorasse para ela sair. Ela só se retirou porque Olga a escoltou para fora de um jeito ameaçador.
E quando fui fazer o penteado, ela queria dar pitaco em tudo, dizendo que o modelo que escolhi era sem graça para uma futura matriarca. No entanto, quando Kitty disse que amou e que eu ia parecer uma princesa, minha madrasta não falou mais nada. Tenho certeza de que ela nunca iria contrariar as irmãs ou a tia do General. Oksana pode ser maldosa, ardilosa e até mesmo inconsequente, mas nunca desafiaria Ivan e seus familiares.
Além desses, tiveram outros momentos de desconforto e se não fosse pelas meninas, estaria sendo um dos piores dias da minha vida.
Ajeito a coroa de diamantes que está sob o véu conforme encaro minha figura no espelho. Apesar de me sentir incomodada com o tanto de tecidos e joias que estou usando, falar que não estou bonita, seria mentira. Me sinto linda e acho que Ivan ficará surpreso quando me vir.
Estou distraída quando ouço a porta do quarto onde estou se abrir. Imagino que seja uma das cerimonialistas ou alguma funcionária de meu noivo que provavelmente veio me informar que o motorista e os soldados estão prontos para nos levar para a igreja. No entanto, me surpreendo ao ver Oksana entrar.
Ela está muito bonita. Usa um vestido longo, verde escuro, de seda e sem decote, porque o casamento será em uma Igreja Ortodoxa Russa, então os convidados precisam usar roupas comportadas em respeito ao ambiente e a religião. Além disso, seus cabelos estão presos em um coque elegante e sua maquiagem destaca seus olhos castanhos.
- Está pronta, querida? – Estranho sua pergunta, pois achei que viria soltar seu veneno como sempre faz.
- Sim, Oksana. – Endireito o colar que minha mãe me deu, algo que não poderia faltar de forma alguma, e me viro para ela. – O motorista está pronto?
- Sim, mas antes de irmos, gostaria de te dar alguns conselhos, sabe? De mulher para mulher. – Cerro meus olhos, desconfiando de sua suposta boa ação. - Como vai se casar, a partir de hoje terá que servir seu marido em todos os sentidos, se é que me entende?
Não questiono nada, apenas deixo ela falar, por mais que eu não concorde com que diz.
- Está preparada para ser íntima dele? – Engulo em seco. Não me sinto pronta, mas não pelos motivos que ela pensa. Sou curiosa para experenciar como é a relação entre homem e mulher, ainda mais que me sinto atraída pelo meu futuro marido. Entretanto, o que me deixa nervosa é o meu problema e qual será a reação de Ivan quando eu contar.
- Posso ser virgem, mas sei como funciona e estou pronta. – Respondo sem rodeios.
- E em relação ao seu probleminha? Será que Ivan reagirá bem? - Arregalo meus olhos e a encaro incrédula. Como ela descobriu? – Ah querida, não fique com vergonha. Sei da sua anormalidade desde muito tempo, Alina me contou quando ainda estava viva.
Minhas mãos tremem e minha respiração fica descompassada.
Sei que minha mãe comentou com Oksana achando que estava desabafando com uma amiga de confiança e não como mulher ardilosa. No entanto, não deixo de ficar transtornada. Meus olhos se enchem de lágrimas, mas tento não chorar para não borrar a maquiagem que foi tão cuidadosamente feita.
- Se o pakhan não aceitar sua anomalia, não tem problema, Mila. Anulamos o casamento e te recebemos em casa de braços abertos. – Sei que fala isso, não por preocupação, e sim porque é o quer que aconteça de verdade.
Quando vou respondê-la, a porta é aberta novamente. Uma das cerimonialistas entra e nos avisa que o motorista e os soldados estão no esperando, e que devemos descer urgentemente, porque estamos atrasadas e Ivan já mandou ligarem duas vezes para cá para saber se já estávamos indo.
Era para eu estar ansiosa por conta do casamento, mas agora com esse balde de água fria que ela jogou em mim, só consigo me preocupar com a reação do meu noivo ao saber do leite. Será que devo contar ou fingir que não tenho nada e todas as vezes que tivermos intimidade usar um sutiã?
Saio do quarto com um milhão de pensamentos e incertezas, a única coisa que sei é que Oksana conseguiu o que tanto queria, me desestabilizar.
Nota da autora:
- Oii, meninas!! Algumas de vocês não devem saber, avisei ontem no meu perfil que estava com dengue e disse também que não ia publicar capítulo hoje. No entanto, de ontem para hoje melhorei muito e consegui terminar de escrever. Agradeço todas as mensagens de melhoras que me mandaram, vocês são maravilhosas!! Espero que tenham gostado!! Bjs da autora ❤😘
Vestido da Milena
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