O Demônio de Moscou - Triologia Irmãos Kozlov (Livro 1)

Capítulo 27

Milena

Nunca pensei que seria do tipo ciumenta, mas passar o dia com Natasha me provocando a maior parte do tempo despertou os piores sentimentos dentro de mim.

A única coisa que conseguia imaginar é que tudo que Ivan fez comigo em nossa noite de núpcias já fez com ela. Na verdade, não só isso, o imbecil do meu marido deve ter feito muito mais . Isso não deveria me incomodar, porque é passado, no entanto, cada vez que olho para aquela víbora que mais parece uma modelo da Victoria's Secret, imagino os dois juntos.

Sei que isso é infantilidade minha, mas sei também que tenho todo o direito de me incomodar com a ex do meu marido invadindo nossa privacidade.

Fico me perguntando de onde ele tirou que isso seria uma boa ideia, trazer um caso do passado para nossa intimidade. Não estava a fim de brigar em nossa lua de mel, mas ele vai me ouvir, porque não pretendo ficar calada.

Decido ficar no jardim lendo um livro de romance que encontrei em uma das estantes da sala de estar para passar o tempo. Me aconchego no sofá macio da área externa e me cubro com um cobertor de lã. Não está tão frio em Moscou, mas como estamos nas montanhas, a temperatura sempre é menor.

Perco a noção do tempo e fico feliz que aquela mulher não me incomodou mais ou ficou me mandando aqueles sorrisinhos debochados.

Estou chegando às páginas finais quando Yerik, o principal soldado de Ivan, aparece no jardim ofegante. Ele me olha aliviado e relaxa um pouco a tensão dos ombros.

- Senhora, te procurei por toda a casa. Achei que tinha fugido. - Seguro a risada.

Yerik sempre é sério e não esboça qualquer reação. Vê-lo assim pálido e preocupado com uma possível fuga minha chega ser engraçado.

- Passei a tarde aqui, Yerik, não queria ser interrompida. Me desculpe se te preocupei, acabei perdendo a noção do tempo. - Falo enquanto fecho o livro e o posiciono na mesa de centro.

Vejo sua expressão mudar um pouco e sua postura também.

- Tem algum funcionário da casa a incomodando? Posso providenciar sua demissão sem demora, se for o que quer, senhora.

Minha língua coça para falar o nome de Natasha, mas como sou uma boba que não quer prejudicar ninguém, prefiro não dizer nada. Afinal, ela pode precisar muito desse emprego.

No entanto, demoro alguns segundos para me atentar ao que ele falou. Yerik disse especificamente de funcionários da casa e que eu saiba, Natasha é assistente de Ivan no cassino principal, e não alguém contratada para trabalhar nessa propriedade em que estamos.

- Não precisa demitir ninguém, Yerik. Só da próxima vez peça para meu marido enviar alguém que ele não tenha dormido. - Ignoro seu olhar confuso e me levanto do sofá, dobrando o cobertor, pronta para ir ao meu quarto.

- Como assim? - Paro o que estou fazendo e o encaro para ver se está de fato não está entendendo o que falo ou está sendo irônico.

- Da próxima vez que meu marido ficar ocupado demais, peça para que ele mande outra pessoa e não Natasha, ainda mais em nossa lua de mel.

Não sei se Yerik fica mais confuso ao ouvir o que falo agora ou com o que falei antes. Com sua reação, começo a ficar sem entender também. Será que não fui clara o suficiente?

- Não querendo contrariá-la, mas o pakhan não mandou a senhorita Sabalenka vir. Na verdade, ele mandou que eu viesse para avisar que precisou sair por conta do sumiço de sua madrasta e das filhas, e também para ver como a senhora está. O General estará de volta em pouco tempo.