Ivan
Alguns dias depois
- Ele é apenas um garoto, Ivan. - Josef insiste em defender o filho. - Apenas disse algumas bobagens.
Não tento disfarçar minha irritação e minha má vontade em recebê-lo em minha sala.
Josef Kalinsky acha que por ser um político importante não precisa acatar minhas ordens, mas está muito enganado. Tenho muito mais poder e influência do que ele. No entanto, por mais que eu queira, não posso encostar um dedo no filho da puta e nem no seu filho. Ele é, querendo ou não, importante demais no nosso meio, se não já estaria debaixo da terra há muito tempo.
Se fizer qualquer coisa contra Josef, posso ocasionar uma guerra interna. Já não basta termos um traidor entre nós, não precisamos de mais conflito.
- Falar absurdos sobre minha mulher é muito mais do que bobagens para mim, Kalinsky. Ele desrespeitou a minha senhora e a primeira-dama da Bratva. Deveria me agradecer por ter feito apenas isso, da próxima ele irá para meu galpão e não sairá vivo de lá.
O velho engole em seco, mas logo trata de disfarçar o medo. Como qualquer político, o pai de Arseny é um excelente ator, então em poucos segundos sua expressão facial voltar a ficar neutra.
- Tudo isso por causa de mulher? - Encaro-o seriamente cerrando os punhos.
Não me surpreendo ao ouvir isso de alguém que tem um casamento de fachada e trai a esposa com diversas garotas de programa com metade de sua idade.
Se Josef consegue quebrar a confiança de uma pessoa que dorme ao seu lado todas as noites e a quem jurou respeito e fidelidade, imagina o que este bastardo é capaz de fazer com Bratva?
Tiro a arma que estava há tempo demais na minha cintura e jogo-a na mesa de forma que um estrondo ecoe pela minha sala, assustando o bastardo.
- Não é apenas uma mulher qualquer, é a porra da minha mulher. Desrespeita-la é uma ofensa direta a mim. - Trinco os dentes tentando não me descontrolar.
- P-pakhan...
- Agora volte para o buraco de onde você saiu e avise ao seu filhinho bastardo que se voltar a olhar para Milena ou até mesmo tocar, ele não voltará para casa.
Não espero qualquer resposta e faço um pequeno aceno para que Yerik tire-o da minha sala.
Poucos minutos se passam e Maxim entra silenciosamente em minha sala com um semblante esquisito. Ele se senta na cadeira que fica de frente para minha mesa e me encara com o olhar vazio.
Não me lembro de ter visto meu amigo assim antes. Maxim parece cansado, suas olheiras estão chamativas e os olhos vermelhos, deixando-o com a aparência de quem não dorme há muito tempo.
- Que porra aconteceu? - Pergunto fazendo ele soltar uma risada sem humor.
- Carinhoso como sempre. - Maxim diz e em seguida solta um suspiro profundo. - Olga está estranha.
Olho-o mais atentamente.
- Como assim?
- Não sei, ela só parece diferente, distante, sabe? As vezes sinto que tem me evitado, não conversamos mais e faz semanas que sequer nos tocamos direito. - A forma como fala, demonstra o quanto está sofrendo com essa distância forçada. - Não consigo nem dormir direito...
Não sou uma pessoa que costuma consolar os outros, mas me deixa incomodado a forma como Maxim está prestes a ter um surto.
- Calma, cara. Olga está ocupada tentando descobrir quem é o traidor, isso tem consumido ela, mas logo tudo irá se resolver e vocês voltarão a transar. - Maxim ri em resposta, o que me deixa mais aliviado. - Agora chega de drama e vamos para o ringue, quem sabe depois de uns socos você não se sinta melhor.
Ele se levanta mais animado e dá um sorriso de canto de boca.
- Se prepare, Kozlov, hoje não vou ter dó de você.
- Pra um velho você até que está bem, Kozlov. - Maxim me provoca logo após ter conseguido acertar meu rosto.
Mal ele sabe que o que mais gosto de fazer é deixar que meus adversários acreditem que têm alguma chance contra mim, para logo depois eu dar o bote.
Deixo meu amigo acreditar que está no controle e assim ele fica mais relaxado, consequentemente deixando sua guarda mais aberta e nesse exato momento encontro o ângulo perfeito para acertar seu rosto e ganhar a luta.
Ele cai no chão e me encara com um sorriso zombeteiro.
- Você sempre faz isso, seu filho da puta. Me faz acreditar que estou ganhando e depois ganha a luta. Isso é cruel demais até pra você. - Ajudo-o a se levantar enquanto solto uma risada sarcástica. - Por isso você era o maior campeão das lutas clandestinas.
- Tenho uma reputação a zelar... - Dou um sorriso irônico.
Estou prestes a perguntar ao meu amigo se ele quer uma revanche quando as portas da academia se abrem.
Para minha surpresa, Olga e Milena passam por ela, enquanto Yerik as segue. As duas estão sorridentes, mostrando que não estão aqui por um motivo ruim.
Não espero se aproximarem para descer do ringue e agarrar minha mulher. Seguro sua cintura e beijo seu pescoço.
- Ivan! - Ela reclama. - Você está todo suado e acabamos de sair do salão.
Minha mulher tenta soar incomodada, mas sei que gosta quando estou sem suado e principalmente sem camisa.
- Engraçado que quando estou por cima de você todo suado, você não reclama. - Provoco-a dando um leve aperto em sua cintura. Quase rio quando seu rosto fica rubro.
- Você é um safado. - Dá um tapinha no meu peitoral e volta a me abraçar ficando nas pontas dos pés para beijar meu rosto.
- Você só tem cara de santa, porque na verdade é um diabinho loiro.
Fico provocando minha mulher e mal reparo em Olga e Maxim. Quando finalmente lembro da presença deles, vejo que estão se abraçando e beijando.
- Pelo visto se resolveram. - Comento.
- Ela me chamou para termos um dia de garotas. Katya não pôde, porque está estudando para uma prova que terá amanhã, então fomos só nós duas. - Milena diz enquanto os observa. - Olga está esquisita. Mesmo tentando mostrar para mim que já está bem e quer que tudo volte como estava, principalmente seu relacionamento, ainda sinto que está fingindo.
- Por que diz isso?
Minha esposa olha para os lados para verificar se ninguém nos escuta e se aproxima mais ainda de mim.
- Quando ela achou que estava distraída escolhendo o esmalte para pintar as unhas, ouvi uma conversa que ela teve ao telefone. - Franzo o cenho. - Era com um homem. Ela parecia tensa, mas quando viu que eu prestava atenção, disfarçou.
- Era Maxim?
- Não, ela o chamou de Sinner.
Paro para refletir onde já ouvi esse nome, mas nada vem na cabeça. Será que minha tia e melhor amiga está traindo a confiança do meu melhor amigo? Será que é seu amante ou apenas um amigo?
São tantas perguntas que se passam pela minha cabeça que fico mais confuso do já estava.
- Você acha que ela o trai? - Milena questiona.
- Não sei, mas irei descobrir o mais rápido o possível.
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O Demônio de Moscou - Triologia Irmãos Kozlov (Livro 1)
RomanceEle é um homem cruel e vingativo. Ela é uma jovem vítima de uma família abusiva. Ele se torna líder da máfia russa e precisa de uma esposa. Ela se encaixa no papel perfeitamente. No início, a combinação dos dois é explosiva. Eles não se suportam. Co...