Milena
Dia seguinte
Andamos pela estrada em silêncio. Yerik dirige concentrado, enquanto eu observo a paisagem. Sei que estamos nos aproximando do centro de Moscou, porque percebo as árvores sumirem dando espaço a prédios e outras construções.
Poderia dizer que estou feliz e satisfeita com tudo o que vivi nesses dias nas montanhas, no entanto tudo o que sinto é angústia.
O olhar frio e desconfiado de Ivan está marcado na minha mente. Ao mesmo tempo que me machuca saber que ele não confia em mim, compreendo sua atitude. Sei que alguém em sua posição não pode confiar em todos, ainda mais em alguém que conhece há tão pouco tempo.
Espero que meu marido descubra o mais rápido possível que não tenho nada a ver com os atos do meu pai e da minha madrasta.
Solto um suspiro e me recosto no banco pronta para tirar um leve cochilo, quando de repente um carro em alta velocidade vem em nossa direção. Finco minhas unhas no couro do meu assento sentindo o desespero me consumir. Quero gritar para Yerik tentar desviar, mas a voz não sai.
Apenas fecho meus olhos e espero sentir o impacto...
Desperto como se tivesse acordado de um sono profundo. Demoro um pouco para abrir os olhos e me acostumar com a claridade, mas quando finalmente consigo, percebo que estou deitada numa cama de hospital.
Sinto uma dor forte na cabeça e a boca seca. Olho para os lados ainda um pouco desorientada e me surpreendo ao me deparar com as irmãs de Ivan sentadas no sofá para visitas do quarto em que estou. Elas estão distraídas, enquanto Katya mexe em seu celular, Karina está concentrada pintando um desenho sentada no tapete e usando a mesa de centro como apoio.
- O que a-aconteceu? - Dou uma leve gaguejada sentindo minha garganta seca.
Assim que falo, minhas cunhadas se assustam e me encaram surpresas. Karina se levanta rapidamente do chão e corre em minha direção.
- Mila, você acordou! - Ela diz com uma voz fofinha e empolgada. Kitty tenta pular em minha cama para me abraçar, mas Ekaterina a impede.
- Kitty, lembra o que conversamos antes? Mila sofreu um acidente, sei que quer abraçá-la, mas pode machucá-la, entendeu? - Katya repreende a irmã de forma suave.
- Não tem problema, cunhada. Estou precisando mesmo de um abraço, Kitty. - Minha cunhadinha que estava com uma expressão triste por conta da repreensão da irmã, fica feliz novamente e sobe na minha cama com uma pouco dificuldade. Abraço-a carinhosamente.
Sinto um pouco de dor, principalmente no meu pulso que está enfaixado, porém não me importo. Preciso apenas de um pouco de carinho.
- Ah, estou com ciúmes, quero abraço também. - Ekaterina brinca.
- Tem espaço suficiente para as duas. - Declaro abrindo espaço para ela, que nos abraça forte.
Espero que eu possa construir uma boa relação com minhas cunhadas. Elas são como eu, meninas que foram criadas em uma família problemática e só querem sobreviver nesse mundo tão difícil. Quem sabe não possamos dar um pouco de carinho e apoio umas às outras?
Depois de alguns minutos nosso momento é interrompido pela entrada da médica no quarto. É uma mulher mais velha, com provavelmente seus cinquenta anos. Me surpreendo, porque não imaginava que mulheres da máfia poderiam trabalhar com o que quisessem.
- Vejo que acordou, senhora Kozlova. - Ela diz simpática. - Sou a doutora Ostapenko. Espero que não esteja sentindo dor.
- Só um pouco de dor de cabeça e no pulso, mas de resto me sinto bem.
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O Demônio de Moscou - Triologia Irmãos Kozlov (Livro 1)
RomanceEle é um homem cruel e vingativo. Ela é uma jovem vítima de uma família abusiva. Ele se torna líder da máfia russa e precisa de uma esposa. Ela se encaixa no papel perfeitamente. No início, a combinação dos dois é explosiva. Eles não se suportam. Co...