Capítulo 17

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Finalmente chegou o esperado dia do acampamento escolar. Bem cedo, os alunos começaram a se reunir no pátio da escola, onde um ônibus aguardava para levá-los à excursão.

O professor Henderson supervisionava atentamente enquanto os estudantes guardavam suas malas no bagageiro. Apesar da animação geral, Becky bocejava, ainda sonolenta. Foi então que Anya chegou apressada pelo pátio.

— Está atrasada, senhorita Forger.

— Desculpe-me, professor. Anya teve um pequeno contratempo.

— Sem desculpas, guarde suas coisas e entre logo.

Anya assentiu e foi até o bagageiro, tentando encontrar um espaço entre as inúmeras malas dos colegas. As alças e volumes das outras bagagens dificultavam encontrar um espaço adequado. Frustrada, tentava empurrar as malas, até que uma mão gentil segurou a dela, impedindo-a de se machucar. Anya se virou e encontrou os olhos do Desmond próximos aos seus.

— Vai acabar se machucando assim, idiota! Deixe-me ajudá-la.

Com delicadeza, Damian foi reorganizando as malas até abrir um espaço perfeito para a bolsa de viagem rosa de Anya. Seus dedos se tocaram levemente no movimento, causando um arrepio na espinha dela.

— Pronto. — disse Damian, olhando-a de maneira significativa.

— Obrigada — agradeceu ela, sentindo-se estranha.

Damian ficou parado ao lado dela por alguns instantes, como se quisesse dizer mais alguma coisa. Mas antes que pudesse pronunciar qualquer palavra, o professor gritou, ordenando que todos embarcassem no ônibus.

Os dois entraram ainda um pouco sem graça. Damian se acomodou em um banco vago perto do fundo, olhando pela janela para o horizonte, com o coração acelerado.

Animados e ansiosos, os alunos embarcaram no ônibus, mal podendo esperar pelo início da tão aguardada viagem ao acampamento. Enquanto o professor Henderson verificava a lista para designar os assentos, Emile cutucou discretamente Ewen, sinalizando que era hora de colocar seu plano em ação.

Discretamente, Ewen pegou um chiclete mastigado e o colocou embaixo de um dos assentos da frente. Já Emile, com um sorriso travesso, se esquivou até chegar ao fundo do ônibus, onde encontrou uma caixa com alguns materiais esquecidos pelos alunos de uma viagem anterior.

Abrindo a caixa cuidadosamente, Emile localizou um potinho plástico com algumas baratas dentro. Sabia que os demais estudantes odiavam insetos, então essa seria a arma perfeita para seu plano. Com cuidado, ele pegou uma das baratas e a soltou no corredor do ônibus, observando enquanto o inseto caminhava livremente.

De volta ao seu assento, Emile deu um sinal discreto para Ewen, indicando que a primeira parte do plano estava concluída. Agora era hora de observar a confusão que estava por vir.

Assim que o professor virou as costas, Emile fingiu estar entediado por ter que se sentar perto do motorista e, com cuidado, "esbarrou" no chiclete mastigado, espalhando-o pelo chão do ônibus.

— Eca, que nojo! — exclamou uma garota, levantando-se apressadamente, tentando se afastar do incidente. E foi nesse momento que a barata de Emile apareceu, correndo pelo corredor do ônibus.

Um pânico tomou conta dos estudantes, que começaram a gritar e a se levantar de seus assentos, tentando se afastar do inseto. Alguns até chegaram a subir em cima dos bancos, gritando e acenando as mãos para espantar o inseto.

— Silêncio, todos! — bradou o professor, sem conseguir controlar a confusão que se instalara.

Após o tumulto causado pela barata e o incidente do chiclete mastigado, o professor Henderson finalmente conseguiu restabelecer a ordem no ônibus. Com os ânimos ainda muito exaltados, ele decidiu que, como forma de punição, os alunos deveriam permanecer sentados em seus novos lugares.

Anya, um pouco atordoada, percebeu que havia sido realocada e agora se encontrava sentada ao lado de Charles. Já Damian, para seu desespero, havia sido colocado alguns assentos atrás, dividindo o banco com Becky, que parecia visivelmente irritada com a situação.

Ewen e Emile, por sua vez, haviam conseguido os lugares da frente deles, e não conseguiam conter seus sorrisos satisfeitos pelos seus planos terem dado tão certo.

Tentando quebrar o gelo, Charles se virou para Anya e comentou educadamente:

— Parece que tudo virou de cabeça para baixo, não é mesmo?

A Forger, no entanto, mal conseguia se concentrar na fala do colega. Sua atenção estava voltada para Damian, que se contorcia furioso no banco atrás, lançando olhares raivosos na direção de Ewen e Emile. Becky, igualmente irritada, começou a chutar o encosto do banco à sua frente, onde os dois meninos riam nervosamente.

— Você podia ter evitado esse pandemônio, Blackbell! — disse Damian, irritado.

— Ah, tá! Como se eu tivesse culpa dos seus subordinados ali da frente! — rebateu Becky, apontando para Emile e Ewen.

— Desgraçados!

Furioso, se levantou do banco e começou a chutar com força os assentos da frente, xingando os dois de todas as forças possíveis. Becky, não querendo ficar para trás, fez o mesmo, elevando ainda mais o barulho e a confusão no ônibus.

— Senhorita Blackbell e Senhor Desmond, por favor, evitem causar mais problemas! — repreendeu o professor Henderson, tentando, sem muito sucesso, manter o controle da situação.

Os dois se acalmaram e voltaram a se sentar, contrariados. Mas Becky, nada contente, resolveu apelar:

— Ah não, mais um daqueles bichos asquerosos está perto de mim! — fingiu drama.

O professor se virou rapidamente para ela.

— Calma, senhorita, não entre em pânico. Agora me diga, é uma barata de novo?

— Não, dessa vez é pior!

Damian, que estava sentado ao seu lado bufando de raiva, acabou chamando ainda mais a atenção.

— O que foi dessa vez, Blackbell? Deixe de encenação! — Ele disparou irritado.

O professor olhou desconfiado para os dois.

— Está dizendo que o problema é o senhor Desmond?

— Claro.

Damian a encarou mortalmente, por pouco não pulando no pescoço da garota. O professor precisou segurá-lo para evitar uma briga.

— Chega desse comportamento, vocês dois! Agora se comportem como amigos, estamos todos no mesmo ônibus.

— Impossível! — disparou Becky, cruzando os braços e virando o rosto.

O Desmond concordou com um resmungo, também se afastando o máximo possível dela. O professor suspirou, sem saber mais como conter aquela dupla problemática.

Finalmente, o ônibus começou a se movimentar, deixando para trás a confusão que havia se instalado momentos antes. Enquanto alguns alunos pareciam aliviados por finalmente partirem em direção ao acampamento, outros carregavam semblantes pesarosos, especialmente aqueles que tiveram seus lugares trocados.

Anya, agora sentada ao lado de Charles, tentava puxar uma conversa amigável com o colega, ainda que sua atenção estivesse constantemente desviada para o banco logo atrás, onde Damian a fitava com uma expressão carrancuda. A menina sentia-se desconfortável com aquele olhar penetrante, desejando que o trajeto em direção ao acampamento fosse mais curto.

Já Becky, um pouco mais afastada, lançava olhares de relance para a poltrona à sua frente, onde a Forger se encontrava. A garota não conseguia deixar de imaginar como o romance entre a amiga e Damian poderia ter se desenvolvido, caso não fosse pelas travessuras de Emile e Ewen. Com um longo suspiro, ela reajustou-se em seu assento, indignada com a situação.

Os minutos pareciam se arrastar, e a tensão era no ônibus era palpável. Anya esforçava-se para manter uma conversa amena com Charles, mas seus pensamentos constantemente voltavam-se para o olhar carregado de Damian. Já Becky, perdida em suas próprias reflexões, desejava que aquela viagem chegasse logo ao fim, ansiosa por uma oportunidade de recolocar as coisas nos eixos.
...

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