Capítulo 6

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O tempo naquele momento corria devagar. Devagar como Damian queria. O suficiente para aproveitar a presença da única garota que era capaz de fazê-lo perder a compostura com um simples olhar. Desde que estivesse com ela, estava satisfeito de tê-la como sua companhia. Ao mesmo tempo, desconcertado, por não ter a mínima ideia de como agir perto do amor de sua vida. Já Anya, agia normalmente como sempre. Agora que seu pacote de amendoins tinha chegado ao fim, lamentava-se por ter comido tão rápido.

— Anya tá entediada… — suspirou, encarando o teto.

O que recebeu de volta, foi o silêncio perturbador que vinha do Desmond. Até então não haviam trocado mais nenhuma palavra se quer. Às vezes era como se ele nem estivesse ali. Se não fosse por sua presença física, Anya podia jurar que estava só. Toda aquela inquietação vinda dele, só a deixava ainda mais aflita.

— Não é como se eu quisesse que você vá ou algo, — disse — só penso que estar preso aqui comigo, seja um incômodo.

— Sim, talvez… — baixou o olhar.

Anya sorriu e se levantou.

— Vou me esconder em outro lugar, você pode ficar aqui. Lembre-se de sair quando o sinal tocar.

Damian concordou.

— Hum? — voltou a realidade ao se dar conta do próprio desespero, em alcançar a mão da garota — Não quero que vá! Quero que fique aqui comigo!

Anya o encarava assustada, enquanto o rapaz teve o rosto corado quase que instantaneamente, ao se dar conta do quão estranho haviam soado suas palavras. Mas não tinha culpa. Na presença da Forger elas escapavam tão naturalmente, quanto se pegava a si mesmo sorrindo enquanto a admirava pela Éden. E nos momentos mais inapropriados e nas conversas aleatórias como era a ocasião.

— Digo, se sair agora podem acabar te encontrando no meio do caminho e você vai ganhar um tonitrus… — corrigiu — Foi o que eu… quis… dizer…

— Você mesmo admitiu que o problema era eu e concordou que saísse.

— Eu não estava pensando direito! Sendo sincero, estou sempre fora de mim... — ficou nervoso — A verdade é que só não quero que me deixe sozinho...

— Tá com medinho do escuro? — provocou.

— Nem está tão escuro assim, mas sim, estou! — mentiu.

Qualquer mentira naquele momento, era melhor que admitir a real intenção por trás daquele pedido. Ainda que Anya zombasse de sua cara, usasse seu "medo” como chantagem, faria de tudo para passar mais tempo ao seu lado.

— Tá, eu fico. — acabou cedendo.

Damian deu um meio sorriso.

— Metido, minha mão não vai a lugar algum. Se você puder soltá-la, agradeço.

— C-Claro! — atendeu ao seu pedido.

"Ela realmente ficou por mim!" seu coração voltou a bater desesperadamente, mas aliviado.

Quando o diálogo entre eles se resumia apenas em discussões e chantagem, o silêncio não tardou e veio para manter o clima de paz. E ainda que fosse Damian o responsável por mantê-la ali um pouco mais, aquela não era uma ocasião que surgia muito. Estar a sós com ela talvez fosse o momento perfeito, se não, o único para uma confissão. E desde que não houvesse interrupções, estava tudo bem.

— Anya, eu...

"No que estou pensando?!" apalpou o rosto "Estou me deixando levar por uma garota!"

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