O caos

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Mais uma semana se iniciava e mais uma noite havia sido mal dormida por Victória. Aquele peitoral do seu chefe ainda não havia saído da cabeça da menina e acabava aparecendo no meio dos seus sonhos.

- Droga! - resmungou tomando o seu café antes de sair de casa. Precisava ter apenas aquela imagem do "Todo Poderoso" e carrancudo de volta à sua mente. Descobriu que essa versão dele era mais fácil de lidar, o que a fez ter certeza de que não estava normal.

Como se ouvisse suas orações, Henrique entrou no carro com a mesma cara de poucos amigos que ela já havia se acostumado.

- Bom dia! - disse ajeitando o cinto de segurança.

- Bom dia, Doutor Henrique!

Após rodarem cerca de dois quilômetros, Victória ouviu Lucas pelo ponto.

- Vic, tem um engarrafamento a cerca de duzentos metros. Houve um acidente e ainda estão liberando a pista.

- Droga! - pensou alto fazendo com que o juiz tirasse os olhos pela primeira vez do celular e a encarasse incrédulo. - desculpe!

- Comunique isso a ele.

- Ok.

- O que tá acontecendo? - o juiz se antecipou.

- Senhor, houve um acidente no caminho e o trânsito está congestionado.

- Mas que droga!- disse sem alterar a voz. Mesmo assim, Victória teve medo -Eu preciso estar no fórum em quinze minutos.

- Se me permite, eu conheço um atalho. Chegaremos em dez.

- E o que está esperando? - disse olhando a quantidade de carros lá fora, duvidando um pouco que Victória conseguiria espaço para sair dali. Ela olhou para a sua esquerda, olhou o retrovisor e ligou a seta. Na primeira brecha, entrou.

- O que você tá fazendo? - ouviu Lucas pelo ponto.

- Pegando um atalho. Conseguem me seguir?

- Sim.

Em menos de dois minutos já estavam pegando uma via tranquila e respirou aliviada. Viu a cara de alívio que o juiz também fez no banco de trás. Ao estacionar, porém, ele desceu do carro e bateu a porta sem dar uma palavra. Mas não era isso que ela queria?

- Ingrato! - disse em voz alta, se esquecendo do ponto, fazendo com que Lucas soltasse uma gargalhada do lado de fora.

- Lucas, me lembre de inserir uma bonificação no contra-cheque da senhorita Victória no próximo pagamento. - pediu o Juiz a passos firmes em direção ao elevador.

- Eu disse que ela era boa! - disse baixinho.

- Sim, ela é! - respondeu sério.

Havia muito trabalho pra ele naquele dia e assim que entrou em sua sala, Rodrigo e Vera o seguiram. Ele olhou para os dois, tirando o blaser e arregaçando as mangas de sua camisa social.

- Um de cada vez. Vera! - disse se sentando.

- A dona Letícia ligou duas vezes pedindo para que o senhor retornasse as ligações dela. - ele então olhou para o celular e viu que a ex mulher havia realmente ligado.

- Alguma coisa com a Bia? - perguntou franzindo a testa, já preocupado e com princípio de enxaqueca.

- Não senhor. Mas ela não me adiantou o assunto.

- Ai, Jesus! - disse suspirando fundo. - ok, vou retornar. E você, Rodrigo?

- Saíram as datas dos próximos júris. - disse entregando uma lista enorme para Henrique que observou que o mês seria agitado.

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