Chapter²

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𝗟𝗢𝗚𝗔𝗡· · ─────── ·🌳· ─────── · ·

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𝗟𝗢𝗚𝗔𝗡
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Recebo um chamado do senhor Walker na sede e subo até lá para ver do que se trata.
— Pois não, senhor Walker.
— Já disse, apenas George. Bem, uma amiga do meu Mimi está vindo visitá-lo, e eu preciso que você vá buscá-la lá na entrada, por favor.
— Claro, farei isso. Como ela se chama?
— Eu não faço ideia. Algo como Jen. — O senhor ri sem graça.
— Jennie. Esse é o nome dela. — E então pela primeira vez no dia o vejo.
Miles. Trocamos os olhares por cerca de cinco segundos, que passam tão devagar quanto uma folha de outono que cai da árvore até o chão.
— Jennie, então. Vou buscar a minha caminhonete e ir encontrá-la na entrada da fazenda. Volto logo.
Saio da sede, vou até onde minha caranga lindona está e pego a estrada. Da sede até a entrada são uns bons minutos de carro, caminhando, então, nem se fala. Avisto uma loira com uma mochila no ombro, que provavelmente deve ser a amiga de Miles. Na primeira instância, ela é bem bonita. Estaciono ao lado dela e desço para conversar com a moça.
— Você é a Jennie?
— Sim, e você é…? — Ela sorri de um jeito provocante, como se o que vê lhe agrada.
— Logan Jeon, sou o capataz da fazenda. Vim te buscar a mando do senhor Walker. — Abro a porta da caminhonete para ela, que logo entra.
Faço a volta e entro também.
— E então... Logan, você trabalha aqui há muito tempo? — Enquanto diz, ela faz questão de cruzar as pernas.
— Tem uns três anos ou quatro, não sei ao certo. E você, conhece o filho do patrão há muito tempo?
— Ah, Miles... Nós nos conhecemos na faculdade ano passado, não somos tão amigos, mas às vezes saímos juntos, e ele me mandou uma mensagem querendo companhia. Aparentemente Maddox deu outro bolo nele.
— Entendo. Esse tal Maddox é o namorado dele, certo?
— Isso. Mas para falar a verdade, eu nunca os vi juntos, pelo menos não o suficiente para um casal normal. Acho que o Miles enxerga um Maddox que não existe, provavelmente ele deve ter medo de ficar sozinho.
— Às vezes, ficar sozinho é melhor que acompanhado de uma pessoa vazia, que não soma em nada na sua vida.
Ela se move inocentemente – só que não – quase que estufando o peito, igual um galo prestes a cantar, e aí sorri provocante antes de perguntar:
— E você, tem namorada?
— Não. — É tudo o que respondo.
— Eu também não tenho namorado. Solteiríssima — ela diz, mesmo que eu não tenha perguntado.
Vamos lá, Logan, ela é bonita e você tem tido bolas azuis por tanto tempo.
Mas eu olho para ela e tudo o que vejo é Miles “filho da mãe” Walker. Meu problema não é falta de sexo, meu problema é baixinho, teimoso, com uma porra de boca convidativa. E, para ajudar, é um homem.
Ok. Não vou surtar sobre isso. Alexander gosta de homens e parece dar certo. Talvez não seja de todo ruim experimentar. E com certeza quero experimentar, porque aquele maldito garoto teimoso e mimado não sai da minha cabeça.
— Então, você trabalha sem camisa? Porque parece ser um trabalho árduo, não é? Lidar com várias coisas simultaneamente, no sol quente.
— Algumas vezes sim. Mas na maior parte, a camisa fica.
— Tomara que tenhamos um showzinho para apreciar. — E continua flertando descaradamente.
Chegamos à sede e estaciono próximo à entrada da cozinha. Desço da caminhonete e faço a volta para abrir a porta para a tal Jennie. Acompanho-a, levando sua bolsa até entrarmos pela cozinha, onde Miles está conversando com Emília.
— Bom, aqui está a moça, se me dão licença, vou descer e trancar os carneiros antes que escureça de vez.
Deixo a bolsa da moça sobre a mesa e, antes de sair, sou pego de surpresa: Jennie se vira em minha direção e beija meu rosto.
— Obrigada, Logan — ela diz sorridente.
Sem jeito por não estar esperando por isso, eu apenas sorrio de nervoso e encaro Miles, que me fuzila com o olhar.
E aí saio para fazer o que tenho que fazer, para não criar caraminholas em minha cabeça, achando que vi ciúmes naqueles olhos felinos bonitos. Enquanto vou tocando os carneiros para o cercado, Alexander segura a porteira, ajudando a mantê-los presos.
— Alexander, eu posso te fazer uma pergunta um pouco... Hum, íntima? — Coço a nuca, nervoso.
— Sim, cara, meu pau é grande — ele responde, tirando o chapéu da cabeça e sorrindo.
— Deixa de ser idiota. — E então rimos. — É sério.
— Manda então.
— Como... Como você soube estar… Você sabe, atraído por... homens?
Pronto, eu disse. Espero não estar corando.
Ele arqueia uma sobrancelha e depois me encara sério.
— Jeon, cara... Que conversa é essa? Às seis da tarde, bem do nada.
— Vamos lá, não me deixa ainda mais constrangido, só responde, por favor.
Ele olha para os lados e se certifica de que estamos realmente sozinhos antes de dizer:
— Quando eu tinha uns dez anos ou onze, enfim, eu e meu primo… Bem, nós éramos muito grudados e sempre achamos homens mais bonitos do que mulheres e tal. Não que elas não sejam. Então resolvemos ficar para saber como era.
Arregalo meus olhos.
— Você e um primo?
— Sim, nós nos beijávamos muito quando crianças, mas foi só isso. Nem tocamos mais no assunto, nossa amizade sempre foi mais forte e nos ajudamos a ter certeza que gostamos de bananas, se é que me entende.
Certo, não vá lá, Logan, não imagine Miles e Alexander se beijando.
Eu devo ter falhado muito em esconder minhas expressões, porque Alexander está me olhando esquisito agora.
— Por que você quer saber? Está trocando de lado, Jeon? Algum interesse em alguém específico?
— Eu não sei. — É o que respondo. — É só que, sei lá... Eu só acho que estou curioso.
Observo um sorriso ganhar força em sua boca, até que ele começa a rir muito alto.
— Pronto, deu a louca. Está rindo de quê?
— Logan, meu amigo, nos conhecemos há tempo o suficiente para saber que você mente muito mal e falha muito em esconder suas expressões desgostosas.
— Não sei do que você está falando. Se você quiser beijar o Miles pode ir, eu não estou interessado e nem ligo, ele é um chato, mimado e me irrita sua teimosia.
— Eu nunca beijei o Miles, Logan. Eu disse que beijei um primo, não disse ser justamente o Miles. Mas você precisa ver a cara de quem chupou um limão-azedo que você fez.
Vendo que eu não paro de falar, ele segura meu ombro e sorri como se realmente soubesse o que se passa na minha mente.
— Ele também é bonito, carinhoso quando quer e tem um corpo maravilhoso de dar inveja, não é? — ele diz calmo.
Eu apenas assinto, completamente envergonhado.
— Ele está me deixando maluco, Alexander. Eu nunca me senti assim por conta de outro cara e foi só ele chegar que me sinto um adolescente fazendo a coisa errada.
— Esse é o efeito Miles, cara. Eu entendo. Mas se você não tem certeza do que quer e acha que realmente é só curiosidade, não vá atrás dele, não use ou magoe meu primo por conta de uma curiosidade.
— Eu sei... Vou tentar ficar na minha. Não é como se ele me trouxesse flores também.
— Isso é só uma fachada. Quando você conhecer o verdadeiro Miles vai ser tarde demais e aí você vai estar ferrado.
A conversa acaba aqui e encerramos mais um dia de trabalho árduo. Tirando os recentes acontecimentos, eu amo a minha vida aqui, amo os animais, a terra, o cheiro das flores e o frescor que corre entre as inúmeras árvores.
Chego ao meu dormitório e tiro a camisa suja, enquanto aproveito a energia que ainda tem em mim para limpar o lugar. Não me preocupei em vestir alguma outra camiseta, já que não esperava por ninguém, mas Jennie aparece.
— Uau... Ainda mais gostoso sem camisa. Como eu pensei. — Ela morde o lábio e sorri.
Ela está com outra roupa, uma mais curta e mais justa do que a anterior. Menina linda, mas esse comportamento só está me fazendo ter pena da coitada. Está desesperada por atenção, e o tipo de atenção que não estou a fim de oferecer.
Mas se talvez um garoto teimoso de cabelo platinado e bochechas grandes quiser…
— Precisa de algo, senhorita? Se eu puder ajudar.
Ela entra sem ser convidada e se aproxima de mim, que ainda estou segurando a vassoura, já que ainda estou limpando.
— Preciso de você. — E então ela me beija, juntando seu corpo ao meu e tenta afundar a língua na minha boca.
Eu tento afastá-la, mas não sou tão sucedido, até que Miles aparece.
— Sabia que te encontraria aqui — Miles diz de braços cruzados e aquele mesmo olhar árduo de raiva. Jennie finalmente me larga e eu solto o ar que nem notei estar segurando. — Você veio para me fazer companhia ou para se agarrar com o capataz?
— Eu posso fazer os dois, Miles. — Jennie sorri.
— Alô — intervi —, vocês dois se tocaram que eu não chamei nenhum de vocês aqui? Só queria ressaltar que a porta que sai é a mesma que vocês dois entraram.
— Mas eu poderia ficar, Logan. Enquanto Miles vai falar com o namorado dele no celular, posso te fazer companhia — Jennie diz.
— Obrigado, senhorita, mas eu prefiro ficar sozinho. Tive um dia cheio, quero terminar de limpar, tomar um banho e me deitar para descansar. Sem contar que está tendo uma ideia errada de mim, eu não sou o que a senhorita procura.
— Agora que você já levou um pé na bunda por ser oferecida, vamos subir e ir embora — Miles diz.
— Boa noite para você também, Mimi. — Provoco.
Ele revira os olhos, bufa e sai acompanhado de uma Jennie chateada também. Ótimo. Novamente sozinho e em paz, pelo menos por enquanto.
Termino de limpar e organizar o local, então vou finalmente tomar um bom banho. Visto apenas uma cueca e estou preparando um sanduíche para mim quando ouço batidas suaves na porta.
Quem será a essa hora, meu Deus?
Abro a porta e é Miles, que me encara de cima a baixo e só então lembro que estou só de cueca. Tento não ficar envergonhado e finjo que nada de mais está acontecendo.
— Bateu a saudade, amor?
Ele revira os olhos outra vez e suspira, lutando consigo mesmo para dizer o que quer que fosse.
— Cueca interessante. Enfim, vim pedir para você não ficar com a Jennie.
— Pedindo com jeitinho assim, eu posso até pensar no caso. Como você pode notar, ela me quer.
— Você está proibido de ficar com ela.
— Proibido? Agora pronto.
— É isso mesmo, eu proíbo você de ficar com ela ou se não...
— Se não o quê? Vai me demitir de novo? Tenho uma novidade para você, Mimi. Você não pode me demitir se sua amiga está interessada em mim, e, até onde eu sei, eu sou solteiro, então eu fico com quem eu bem-quiser.
— Vocês não podem. — Ele infla as bochechas, claramente irritado e, ao mesmo tempo, fofo.
Aproximo-me até que a única distância entre nós seja para olharmos nos olhos um do outro e baixo o tom de voz para um mais sexy.
— Então me dá um bom motivo, Mimi? Diz que está com ciúmes, que você quem quer ficar comigo. — Encosto nossos narizes e ele fecha os olhos.
— Jeon... — ele sussurra.
— Vamos... Diz, admite. Você sabe que não é ela quem eu quero.
— Miles, CADÊ VOCÊ?! — Jennie grita de algum lugar, e Miles se afasta de mim.
— Nunca mais toque em mim, seu caipira.
Eu sorrio e pisco para ele.
— Sou seu caipira favorito, Mimi.
Ele bufa irritado e sai correndo. Ah, Alexander, bem que você disse, eu estou ferrado.
Pela manhã, organizo tudo para poder ir à cidade conversar com o pai de Sophie e aproveitar para levar Jennie de volta. A moça felizmente não me canta mais e nem joga seu charme. Graças a Deus.
Quando estaciono em frente à casa do meu ex-sogro, o tempo está fechando para chuva. Tomara que a conversa com ele seja rápida, não quero dirigir na chuva. Desço para enfrentar a fera e ele me recebe com cara de poucos amigos. Sou sincero: falo que Sophie e eu não nos amamos mais e, juntos, decidimos terminar. Afinal, levar esse relacionamento adiante seria sofrer lá na frente. Ele não engole bem, mas também não me trata mal, afinal, eu nunca fiz mal à filha dele.
Despeço-me deles e faço meu caminho de volta para a fazenda. O tempo está bem fechado e a chuva pode chegar a qualquer momento. Quando entro na estrada de terra para a fazenda, avisto meu teimoso favorito totalmente alheio à chuva, usando fones de ouvidos. E quando os primeiros pingos mostram-lhe o que está por vir, ele tira os fones.
Ele é fofo em tudo o que faz.
Paro a caminhonete ao lado dele, afinal estamos muito longe da sede e se ele for a pé vai chegar lá pior que um franguinho molhado.
— Mimi, entra, você vai se molhar — grito de dentro da caminhonete.
— Não me chame assim, eu não sou mais criança e já sei falar meu nome, inferno. — E, como o bom mimado e teimoso que é, não me dá ouvidos.
Ah, se eu pudesse encher aquela bundinha redonda de tapas...
— Não seja teimoso, Mimizinho, eu vou aí pegar você se não entrar na caminhonete. — Provoco.
— Tenta a sorte, bonitão. — A chuva se intensifica e eu perco a paciência para a teimosia dele.
Você me paga, Miles.
Desço da caminhonete, me molhando todo e vou até ele, seguro seu corpo com força e o jogo em meu ombro como faria com algum saco grande, e pela teimosia, dei o tão sonhado tapa na bunda dele.
— Muito teimoso, Mimi, muito teimoso!
Abro a porta do passageiro e o coloco dentro da caminhonete. Observo-o me fuzilar com os olhos e fecho a porta. Faço a volta correndo e entro do lado do motorista. A chuva já está forte e em abundância sobre a lataria, fazendo um barulho alto. Dentro da cabine há um silêncio carregado e nós dois estamos ensopados. Talvez essa seja minha chance de beijá-lo, como ontem à noite.
Eu não estou louco, ele me quer também.
— Anda, me leva embora! Não foi para isso que você me obrigou a entrar nessa lata velha? — Ele finalmente resmunga, todo mandão.
Para deixá-lo sem graça e provocar, começo a abrir minha camisa até tê-la tirado de meu corpo, que com o ar frio se arrepia por inteiro.
— O que pensa que está fazendo? — ele perguntou hipnotizado com meu corpo.
Miles observa atentamente as gotículas de água descendo por meu abdômen com olhos felinos, curiosos e interessados. Ah, sim, totalmente interessados.
— Estava tendo pensamentos ousados sobre mim, Mimi? — pergunto com um tom provocador e o observo corar.
— Eu não... Eu não estava, você está maluco, eu não estava. — E, se atrapalhando em palavras, ele responde, corando ainda mais. Fofo.
— Seja lá o que você imaginou é maior... Muito maior mesmo.
Ajeito seus cabelos molhados e sem resistir a vontade, deslizo meus dedos por sua mandíbula. Que boca linda, e eu só quero poder beijar.
— Não toque em mim. — Ele tira minha mão de seu rosto. — Já disse que tenho namorado, e eu não pensei no seu pau grande, não.
Aproveito seu deslize para provocar ainda mais. Sem conter um sorriso satisfeito ao saber que mexo com ele da mesma forma que ele mexe comigo, continuo:
— Eu estava falando do meu coração, Mimi. Eu aqui falando do meu coração, e você pensando no meu amigo de baixo, que garotinho danado você, uh? — Penteio seus cabelos com os dedos para mostrar mais de seu rosto bonito.
Miles fica sem respostas e apenas fingiu me ignorar. Ponto para o Jeon. Irra!
— Só liga essa lata velha e vamos, quero chegar o mais rápido possível na sede e me livrar de você. — E assim que finalmente diz, ele se vira para a janela para observar a chuva lá fora.
Tento, mas falho em conter um riso e dou partida. Eu posso apenas nos levar para a sede e nunca mais ter a oportunidade de ficar sozinho com ele, então é melhor aproveitar essa oportunidade aqui. Ele está me ignorando e alheio diante da janela, então puxo o cabo de partida e não demora até que a caminhonete pare de funcionar.
Isso aí, garota, ajuda o papai a ficar mais um tempinho com esse teimoso aqui e depois eu te recompenso com um litro novinho de óleo diesel.
— O que houve? — Miles pergunta emburrado.
— Acho que o motor já era. — Finjo dar partida, sabendo que com o cabo puxado a caminhonete não vai ligar.
— Isso é tudo culpa sua e dessa lata velha, eu vou descer e vou a pé, mas não fico aqui com você. — E então o teimoso surta, tentando abrir a porta.
Seguro seu braço, e aí ele começa a me estapear, o que é fofo, mas os tapas são ardidos, e eu não vou bater nele, não dessa forma. Porém, eu posso muito bem dar uns bons tapas na bunda nua dele.
— Para, Mimi. — Peço calmo, enquanto ele tenta se soltar e me bater mais.

LARANJA JEON Onde histórias criam vida. Descubra agora