LARANJA JEON

Chapter⁵

𝗚𝗘𝗢𝗥𝗚𝗘
ᴅᴜᴀs sᴇᴍᴀɴᴀs ᴀᴛʀᴀ́s, ǫᴜᴀɴᴅᴏ ʟᴏɢᴀɴ ᴇ ᴍɪʟᴇs ᴄᴏᴍʙɪɴᴀʀᴀᴍ ᴅᴇ ᴠᴇʀ ᴇsᴛʀᴇʟᴀs
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Mimi volta com Jeon rápido demais, já que não tem muito tempo que saíram. Maddox não volta com eles. Não estou reclamando, eu nem gosto dele mesmo; que o Miles não saiba. Horas mais tarde, Alexander me conta que Logan bateu em Maddox porque ele faltou com respeito com meu menino. Ótimo! Se não eu mesmo, dava um jeito nele. Sujeitinho metido a besta.
Miles me conta durante o jantar que terminaram e pronto, não estende o assunto. Eu também não forço, já que quero me reaproximar de meu filho. Ele e Florence estão se dando bem, conversam e ele até se desculpa comigo por começar uma discussão boba quando eu lhe disse que quero me casar com Florence e ele cismou que eu iria esquecer a mãe dele.
Nem se eu quisesse poderia esquecer a primeira mulher que amei, que me deu meu maior presente, nosso filho, sem dizer que ele é a cópia idêntica da mãe. Os mesmos olhos, as bochechas e até o jeito de andar. Ele é minha constante lembrança de Emma Walker. Minha saudosa Emma. Queria saber o que lhe fez mudar de ideia.
Após o jantar, vamos nos recolher em nossos quartos. Florence vai passar essa noite aqui comigo, então ela está se aprontando para dormir enquanto eu me barbeio.
— George, querido, podíamos abrir uma dessas janelas para entrar um ar fresco da noite, o que acha?
— Claro, querida, faça isso — respondo antes de enxaguar o rosto com restos de espuma.
— George, vem aqui, corre. — Ela me chama eufórica.
Saio do banheiro depressa e caminho até ela.
— O que foi?
— Aquele ali não é o Miles pulando a janela do quarto dele? — Ela aponta escondida atrás da cortina.
Observo e, de fato, é meu Mimi saindo escondido pela janela, mas a pergunta é: Por quê? Continuamos observando-o caminhar até parar próximo ao barracão e ouvimos a caminhonete de Logan ser ligada e fazer a volta para estacionar atrás do barracão. Quando começo a sorrir, Florence fica confusa. Vemos os dois saírem por um rumo ignorado, porém juntos.
Meu Mimi e Logan. Juntos. É tudo o que eu quero.
— Você viu o que eu vi? — Ela volta para a cama.
— Vi sim. Aquele rapaz é como outro filho para mim, eu confio nele com meus dois olhos fechados e sei que ele nunca faria mal para o Miles.
— Você gosta mesmo dele. E Miles precisa de um homem que bote juízo na cabecinha dele, aquele outro moço, o ex dele, só atrasava a vida do pequeno Miles.
— Tomara, Deus, que tudo se encaminhe para que eles fiquem juntos. Aí eu seria o homem mais feliz e realizado por encontrar uma mulher preciosa como você e por saber que meu filho está sendo bem cuidado quando não estou por perto.
De madrugada, vou ao quarto de Miles conferir e ele ainda não voltou. Eu sei que ele não é mais criança e não vou ser hipócrita e fingir que não sei o que ele foi fazer com Logan por aí, mas espero que valha a pena para Miles reconsiderar voltar para cá.
Na manhã seguinte ele finge que nada aconteceu e nós fingimos que não sabemos. Enquanto tomamos café da manhã, ele parece aéreo e volta e meia suspira encarando algum ponto fixo na mesa. Ele pega uma fatia de torta e diz que vai para o quarto terminar um relatório da faculdade.
— Quando vai dizer-lhe que sabe? — Florence me questiona.
— Vou dar mais um tempo a ele para dizer por si. Por mais que eu queira muito, pode ser só uma coisa que os jovens chamam de "ficar" e nós aqui criando expectativas — respondo.
Emília sorri e serve mais uma xícara de café para mim.
— Estão falando de Miles e Logan? — Emília entra na conversa. — Eu creio que sim.
— Você também sabe? — Florence é quem diz.
— Eu falo pouco, mas observo muito, além de ver muita coisa. E digo mais, ambos estão apaixonados.
Fico observando Emília e Florence falar sobre os dois pombinhos e me pego fazendo uma prece: "Querido Deus, toque no coração do meu Mimi para se abrir ao amor e deixar quem realmente irá cuidar dele se aproximar e que ele decida ficar aqui com a sua família e com quem lhe proporciona amor."
Longos dias se passam e eu estou confiante que a relação deles vai engrenar. Mesmo que os dois não tenham de fato assumido nada, ainda continuam se vendo. Bem, até essa fatídica noite, quando desço para beber um copo d'água e pego Miles entrando de fininho pela porta da cozinha, chorando.
— Mimi? — Chamo baixinho para não assustá-lo.
Quando me vê, ele corre para meus braços e me abraça com força, chorando ainda mais. Ando com ele até chegarmos ao sofá, me sento e ele se aconchega em meu peito. Seus soluços me partem o coração e continuo acariciando suas costas.
— Quer me dizer o que houve?
Ele nega com a cabeça e se encolhe todo ainda parcialmente em meu peito. Um tempo depois ele fica quieto e eu penso que ele tenha dormido, mas não, ele se senta devagar, o rosto inchado e os olhos úmidos sem brilho.
— Pai, eu sei que falta uma semana ainda para as férias acabarem, mas o senhor pode conseguir um voo para Green Fall antes? Eu quero ir para casa.
Meu coração se desmancha igual à areia esvaindo das mãos.
— Essa é a sua casa, Mimi.
— Eu preciso, pai... Por favor. — E então seus olhos se enchem de lágrimas novamente.
— Tudo bem, meu menino. Mas você sabe que as portas aqui estão sempre abertas quando você quiser voltar e eu espero que volte.
Ele assente, limpa as lágrimas dos olhos com as mãos e se levanta.
— Vou dormir agora, boa noite, pai.
— Boa noite, príncipe.
Ele caminha arrastado até a escada e antes de subir o primeiro degrau, se vira e diz:
— Pai?
— Hm? — Fico de pé.
— Eu te amo. Não é porque eu vou embora que vou deixar de amar.
— Eu sei, Mimi, e eu amo você muito mais. Aliás... — Caminho até ele para subirmos as escadas juntos. — Diga-lhe que você o ama também antes de partir, não deixe para o último segundo.
Ele me encara com olhos arregalados e sorri sem graça.
— O senhor sabia?
— Sim. Acho que todos aqui sabem. Vocês não são do tipo que escondem bem.
— Eu estou muito confuso com tudo e eu não quero magoar ele. Ele é perfeito e eu... Eu sou uma total bagunça. Não quero prometer algo a ele que eu nem sei se posso cumprir, também não quero me iludir.
— Nem todo mundo que se aproxima de você quer te magoar, Miles. Mas você está tão acostumado com isso depois que se foi daqui que não acredita no oposto.
— A minha vida está em Green Fall e a dele está aqui pai, ao seu lado, sendo o filho que você sempre quis, o que falhei em ser.
Seguro suas bochechas coradas de choro e olho nos olhos que lembram tanto a mãe dele.
— Nunca mais diga isso. Você é o filho que eu sempre quis, eu amo você como você é, sem tirar e nem por. Amo que você use esses penduricalhos na orelha, que pinte seu cabelo de várias cores, que namore rapazes e até mesmo que use maquiagem. Eu amo você, Miles, desde quando você estava na barriga da sua mãe e vou amar até minha última batida do coração.
— Pai... — E então ele começa a chorar novamente.
Acompanho-o até seu quarto e o deito em sua cama, me sento no chão ao seu lado e seguro sua mão até ele dormir. Após isso, vou para o meu quarto, porque preciso dormir um pouco antes de ir à cidade amanhã tentar reservar um voo para meu menino.
Miles vai embora outra vez. Outra vez, eu falhei como pai.

[Continua...]