𝗔𝗟𝗘𝗫𝗔𝗡𝗗𝗘𝗥
· · ─────── ·🌹· ─────── · ·T
heodore está dormindo. Já passam das três da manhã, mas eu não consigo dormir. Depois que nos casamos, nos mudamos para a casa que escolhemos juntos e nossa vida está maravilhosamente bem. Bem, até essa semana.
Todos os dias Theodore tem saído muito cedo, quase não almoçamos juntos e quando chega a tarde está cansado demais. Aí ele toma banho sozinho, mal come e vai dormir, e isso tem me chateado. Não que eu tenha dito ou demonstrado, mas ainda, sim, não quero pensar que ele esteja com outra pessoa porque confio nele, sei que ele me ama assim como o amo, mas gostaria de saber o que está acontecendo.
Fico pensando até amanhecer e tomo uma decisão: já que ele não me diz o que tem tomado tanto o seu tempo, eu mesmo vou descobrir.
Às seis e meia o despertador dele toca e eu finjo ainda estar dormindo. Ele desliga o alarme, me dá um beijo demorado no pescoço e depois começa a me dar vários beijos para que eu acorde.
— Bom dia, amor, levante. Você vai perder a hora — ele diz ainda meio rouco de sono e depois se levanta.
Levanto-me rapidamente e corro até ele antes que entrasse no banheiro e lhe abraço apertado esperando desesperadamente que ele me abrace de volta.
— Ei, o que foi?
Suas mãos sobem e descem por minhas costas e mais beijos são depositados, dessa vez em meu ombro.
— Eu te amo — murmuro.
Ele sorri soprado e depois segura meu rosto com as duas mãos, me fazendo olhá-lo cara a cara.
— Eu te amo muito mais, meu peão safado.
Após isso, ele vai para o banheiro se preparar para o dia e eu fico no quarto esperando e perdido em mais pensamentos. Eu tenho certeza que não há outra pessoa, os sentimentos dele por mim são muito sinceros, então não sei porque minha mente está me torturando tanto com coisas e situações feias pelas quais eu tenho certeza que Theodore não faria.
Ouço o chuveiro ligar e em cima da nossa cama o celular de Theodore acende com uma nova mensagem. Nunca mexi no celular dele e nem ele no meu, mas não me contenho e, quando dou por mim, estou com o celular na mão. Pela barra de notificações, posso ver o que diz:
Irei me atrasar uns vinte minutos, mas consegui um garotão pra você, vai se impressionar.
O número nem está salvo. Que garotão que vai impressionar meu marido?
Devolvo o celular para onde estava e respiro fundo. Eu confio em Theodore. Confio em Theodore. Confio.
Ele sai do banheiro se secando e sorri para mim. Eu não consigo sorrir de volta, então pego outra toalha e caminho até a porta do banheiro para tomar meu banho e me aprontar para trabalhar também. Mas antes paro e me viro, uma esperança em meu peito.
— Chegou uma mensagem para você — eu digo e espero uma reação.
Theodore caminha até a cama, pega o celular, lê a mensagem rapidamente e depois responde:
— Era minha mãe falando sobre Sophie, depois respondo ela. Vá tomar seu banho, você vai se atrasar. — Ele sorri para mim e depois volta a se vestir.
Entro no banheiro e fecho a porta. Ele mentiu para mim. Só noto estar chorando quando preciso reprimir um soluço dolorido.
Tomo banho no automático e, quando saio para o quarto, Theodore já está na cozinha fazendo nosso café da manhã.
— Ah! Aí está você, eu já estou quase acabando nosso café, venha e se sente. — Theodore pede.
Eu pego a chave do Bee na mesinha e depois ando até a porta da frente.
— Eu preciso ir agora, nos vemos mais tarde. — Eu nem olho para trás e também não espero ele responder.
Vou até a garagem e abro o portão para sair com o Bee, mas antes que eu possa de fato sair, Theodore aparece na garagem chateado.
— O que foi? Por que você me deixou falando sozinho?
— Nada! — Tento abrir a porta do carro, mas ele empurra com força e fecha novamente.
— Alexander! O que foi? — ele pergunta mais sério.
— Eu deixei faltar alguma coisa pra você? Amor? Afeto? Não supri suas necessidades sexuais? Faltou alguma coisa, Theo? — Encosto-me no carro e luto com a vontade de chorar novamente.
— Claro que não, por que isso agora? Me diz o que está acontecendo com você. — Ele segura minha mão. — Vamos entrar.
Ele me conduz até o sofá da sala onde nos sentamos.
— Agora me conta o que aconteceu. — Theodore continua segurando minha mão.
— Você está se encontrando com outro homem? — pergunto sinceramente.
Theodore desvia os olhos por um segundo e fica visivelmente nervoso.
— Por que está perguntando isso?
— Responde!
Theodore suspira em derrota e solta a minha mão.
— Sim — responde em tom baixo.
Esfrego meu rosto frustrado, meu coração batendo tão rápido que parece que vai parar a qualquer momento de desgosto.
— Alexander, não é como você está pensando, primeiro deixe-me contar.
— Vai em frente. Eu com certeza quero saber o porquê você diz que me ama, mas está se encontrando com outro homem.
Theodore tenta pegar a minha mão novamente, mas eu me afasto e vejo nos olhos dele que isso também o machucou.
— Eu te amo de verdade, isso não mudou. — Ele começa a falar. — Eu não estou me encontrando com outro homem para o que você provavelmente está pensando, eu tenho um bom motivo.
— Eu vou adorar saber o motivo.
— Você. Você é o motivo pelo qual eu tenho me encontrado com outro homem. Eu achei que poderia manter isso em segredo até estar tudo pronto, mas o que consegui foi você duvidando do meu amor — Theodore responde com tristeza.
— Você mentiu para mim esta manhã, a mensagem não era de sua mãe.
— Não, era de Lix... Ele é veterinário.
Ficamos em silêncio por um momento, eu por esperar mais que isso de Theodore e ele provavelmente por não saber exatamente o que falar, creio.
— Alexander, eu não acho que sou realmente bom com crianças, eu as adoro, mas não sei cuidar de uma, que dirá de sete, mas pensei que poderíamos ter outros filhos... Filhotes pareceu uma boa ideia. — Theodore morde a unha do polegar.
— Filhotes? — pergunto incrédulo.
— Sim, filhotes, nossos filhos. — Ele sorri. — Claro, se você ainda quiser estar casado comigo.
Sento-me no chão e seguro a mão dele, puxando-o para mim, para meu colo.
— Fala alguma coisa. — Theodore pede.
— Me perdoa? Eu sou um idiota. — murmuro contra o pescoço de Theodore.
Mãos reconfortantes vem para minhas costas me tranquilizando.
— Amor, eu só tenho olhos para você. Eu só amo você, me desculpe por fazer você pensar que eu estava te traindo, eu só queria fazer uma surpresa, mas vimos agora que eu não sou muito bom nisso.
— Não se desculpe, eu te amo. — Beijo-o.
Ficamos trocando beijos e sorrisos por um tempo no chão da sala, até que Theodore se afasta.
— Agora eu estou realmente atrasado para chegar ao pet shop e depois para ir trabalhar.
— Posso ir com você ver os filhotes?
— Claro, amor. — Ele segura meu rosto com as duas mãos. — Eu. — Beijo na bochecha. — Amo. — Beijo na outra bochecha. — Você. — Beijo na boca.
— Eu sou o homem mais sortudo do mundo só por ter você, meu menino. — Levanto e ajudo Theodore a se levantar também.
— Somos sortudos, meu amor. Agora, antes de irmos, me prometa que no futuro, quando eu fizer algo que lhe incomode, você irá me dizer e iremos conversar sobre, eu prometo fazer o mesmo — Theodore diz.
— Eu prometo.
Pego a mão dele e beijo o dorso. Theodore cora e sorri e eu me apaixono por ele mais uma vez. Nenhuma novidade até aqui.
VOCÊ ESTÁ LENDO
LARANJA JEON
FanfictionDez anos depois de uma adolescência conturbada, sem receber amor dos pais e ao perder o único irmão, Logan conseguiu refazer sua vida como planejava quando criança. Dono de uma caminhonete laranja velha e trabalhando em uma fazenda como capataz, ele...