Chapter⁹

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𝗟𝗢𝗚𝗔𝗡· · ─────── ·🌳· ─────── · ·

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𝗟𝗢𝗚𝗔𝗡
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Deitado nessa cama que cheira a ele, tudo o que penso é em sua frase: está na hora de você me pedir em namoro. Por que eu não fiz isso no primeiro momento que cheguei nessa cidade? Já que vim até aqui decidido que não seria apenas uma visita de saudade, mais, sim, uma promessa de que ele será meu para sempre.
Ele me liga e me manda diversas mensagens desde que fui embora da casa dele, mas não quero descontar minhas frustrações nele. Aquela tia… Eu conheço o tipo, ela não é muito diferente do meu pai. Está fazendo com Miles o que meu pai fazia com Louis. Dessa vez eu não vou apenas me calar e observar. Não quero que Miles faça o que Louis fez para se livrar desse peso nos ombros.
A

noite é inquieta e durmo cerca de umas três horas apenas. Quando amanhece, tomo um banho, me troco e saio para tomar café da manhã e ganhar algum tempo até encontrar alguma joalheria aberta. Paro em frente a uma cafeteria e peço um pedaço de bolo e um café, porém, enquanto me sento à mesa do lado de fora do estabelecimento, tudo o que não espero é encontrar Maddox se sentando em minha frente.
— Mas é o diabo, mesmo — praguejo.
— Olá, Logan. Sinto o mesmo desgosto em lhe ver.
Observo o local e algumas pessoas estão sentadas como nós. Ótimo, muitas testemunhas.
— O que quer comigo?
— Com você nada, eu quero Miles.
Bebo meu café com indiferença e só então respondo:
— Então... Vai ficar querendo.
— Ele sabe que me quer, é questão de tempo até ele perceber que você é só uma aventura boba, que você não pode dar a vida que ele está acostumado e aí ele vai retroceder.
Fico ouvindo esse monte de baboseira enquanto como meu bolo e tento entender qual é o problema desse cara.
— Maddox, me responde uma coisa: em todo esse tempo que você esteve com Miles, por que houve a necessidade de traí-lo?
Ele engole em seco e não responde. Seus olhos parecem uma mescla de confusão e fúria.
— Quando ele está no lugar, tudo o que vejo é ele — continuo. — Miles é um homem maravilhoso, incrível e o ter é o suficiente para não querer mais ninguém a não ser ele, então não entendo.
— Não tenho que explicar minha vida a você — ele retruca. — Eu só o quero de volta e você está atrapalhando.
— De que maneira? Porque até onde eu sei, ele te deu um pé na bunda porque ele mesmo quis.
— Vou esclarecer as coisas para você entender, já que seu nível escolar não deve ser mais que o ensino fundamental. — Quando ele diz isso, eu sorrio de canto.
— Então esclareça. — Bebo o restante de meu café.
— Você vai deixar ele, pegar aquela lata velha laranja, voltar para o meio do mato e em troca eu vou te dar essa regalia. — Ele empurra um cheque sobre a mesa e quando vejo o valor não me impressiono.
— Meio milhão... Uau, que dinheirão. — Pego o cheque.
— Para você que nunca viu nada perto disso é muito, não é? E é seu, basta deixar Miles.
Olho o cheque em minhas mãos, depois devolvo para a mesa.
— É quanto você acha que ele vale? Meio milhão? — Ele me olha confuso. — É muito pouco, Maddox. E nem se fosse vários e vários milhões aqui nesse pedaço de papel inútil como você, eu jamais trocaria o amor do Miles por dinheiro.
— Ele tem que voltar para mim. Eu tenho tudo o que ele precisa: posição, dinheiro, classe, beleza… E você? O que você tem?
— O coração dele — respondo e me levanto. — Tenha um bom dia, Maddox, até nunca mais.
Entro na minha caminhonete e dirijo até a joalheria do centro.
— Bom dia, no que posso ajudar?
— Estou procurando um par de alianças que sejam simples, mas que também sejam bonitas, e o segundo anel tem que ser um pouco mais delicado.
— É para namoro, noivado, casamento?
— Namoro, quero me casar com ele, sim, mas ainda não é a hora certa.
— Que fofo, você tem um parceiro. E por que ele não está aqui com o senhor hoje? — A moça fica genuinamente feliz após saber que as alianças são para dois homens.
— Porque é surpresa.
— Eu tenho alguns modelos no formato que você procura, espera um minuto, vou pegar.
Logo ela volta e me mostra vários modelos, mas nenhum chega perto do que eu espero até que ela volta com uma caixa nova e a abre.
— Não sei se faz seu tipo, mas esse modelo novo é composto por duas alianças de sete milímetros, sendo uma delas com um coração em pedraria laranja e um solitário delicado.
— Um coração laranja... É essa. Vou levar.
Saio da joalheria com as alianças certas, agora tenho que correr contra o tempo para pôr meu plano em dia antes do almoço. Eu nunca me declarei para alguém tão profundamente como penso em fazer com Miles, e aí colocar em palavras é um pouco difícil, mas vale o sacrifício. Termino de escrever tudo o que preciso e chamo um táxi para buscar Miles na faculdade e trazê-lo até mim.
Estou agora estacionado no fim da cidade, em uma rua deserta. Para chegar até eu e a caminhonete tem uma mini trilha de cinco estágios. Há um lírio laranja e um bilhete ao lado em cada fase. Miles precisa ler cada um deles antes de aceitar meu pedido. O táxi chega e Miles desce ainda meio desconfiado. Ele observa tudo e percebe como estamos distantes, então, depois que o taxista vai embora, ele grita:
— O que você está aprontando, caipira?
— Ontem você foi bem objetivo quando disse estar na hora de eu te pedir em namoro, então, antes que eu faça isso, quero que você leia cada um desses bilhetes e esteja ciente do meu amor por você, Mimi.
Miles tira os óculos escuros e a bolsa e os coloca no canto da rua, para só então pegar o primeiro lírio e o bilhete.
— É para ler em voz alta?
— Sim, por favor.
Ele desdobra o papel e sorri antes de começar a ler.
— Laranja é... Laranja é a minha felicidade, é o meu amor, é minha motivação de viver. Você não é laranja, mas tem o mesmo significado para mim. Não sei se sou o melhor para você, mas com certeza você é o melhor para mim e minha meta é fazer você feliz, porque sou feliz desde que você chegou a minha vida.
Miles termina de ler o primeiro bilhete com o sorriso mais lindo do mundo.
— Vem amor, cinco passos para o segundo bilhete.
Miles caminha até o segundo lírio e o segura juntamente ao primeiro e também o novo bilhete.
— Laranja é... Laranja é um pôr do sol bonito, a cor da mudança, da excitação. Mas nenhum pôr do sol é mais bonito do que te ver sorrir, nenhuma mudança seria boa se não tiver você ao lado e nada se compara a excitação e alegria de estar com você. — Miles faz uma pausa e respirou fundo. — E estar com você é o que eu mais quero na vida. — Ele sorri e limpa uma lágrima que lhe escapa.
— Pronto, amor? Mais cinco passos, vem.
— Eu juro que eu vou te esganar por fazer isso comigo — ele diz a caminho da terceira flor e do terceiro bilhete.
Ele desdobra o terceiro papel, suas mãos já estão trêmulas, os olhos brilhantes de lágrimas e o sorriso nunca abandona seus lábios.
— Laranja é… Laranja é uma junção de cores. Assim como nós. Você é amarelo e eu vermelho. Mas não nascemos para sermos amarelo e vermelho, e sim laranja. É por isso que o beijo combina, as carícias são sempre boas, nossos corpos se atraem e se reconhecem bem…
Ele para de ler e cobre o rosto com o papel para chorar e eu luto muito para não correr até ele, mas preciso que ele venha até mim. Ele seca os olhos com o dorso da mão e continua.
— Nossos corpos se atraem e se reconhecem bem, porque nessa e em outras vidas eu pertenci a você, e você a mim. Eu tive muitas vidas, amor, e tenho certeza que nelas todas eu amei você.
Ele não espera eu dizer nada e já vai caminhando para o quarto lírio. Estamos agora a cinco passos de distância. O último papel e último lírio estão em minhas mãos.
Miles desdobra o papel e sorri para mim antes de ler.
— Laranja é... Laranja é amor. Laranja é seu cabelo platinado, é o castanho escuro dos seus olhos, é o rubor em suas bochechas, é o tom avermelhado em seus lábios, são as sardas clarinhas em suas bochechas, o seu sorriso mais lindo, a maciez do seu corpo em meus braços, os suspiros de prazer quando nossos corpos se amam, os beijos apaixonados que trocamos e até as suas imperfeições, perfeitas para mim. Você é o meu laranja favorito, ou parafraseando o clichê, a metade da minha laranja. E eu amo cada detalhe seu, eu amo você.
Ele então caminha até mim e para bem em minha frente, o rosto molhado de lágrimas, as bochechas coradas, e eu só preciso dar um passo para beijá-lo.
— Você é demais, Logan — ele sussurra rente a minha boca.
— Aqui está o último bilhete e o último lírio, você quer ler ou quer que eu diga o que está escrito aqui? — pergunto, entregando ambos nas mãos dele.
— Diga.
Beijo seus lábios mais uma vez e deixo minha mão em seu rosto, mantendo sua atenção em mim, olhos nos olhos.
— Eu tenho certeza que quero passar o resto da minha vida ao seu lado. Quero te levar para sair, quero te comprar presentes, quero fazer amor com você sempre que pudermos, quero segurar sua mão enquanto caminhamos juntos, quero que você seja feliz por estar comigo.
— Eu sou, amor. Você é a minha felicidade, meu acaso mais bonito — Miles sussurra, incapaz de parar de chorar.
E então eu começo a dizer o que estava no último bilhete:
— Laranja sou eu. Laranja é você. Laranja é um nós. Tudo o que eu tenho é uma caminhonete laranja, um passado conturbado e todo o meu amor para te dar. Aceitar esse pedido me dá passe livre para encher seu coração de amor, o meu amor laranja. Então...
Retiro a caixinha de dentro da sacola da joalheria que está na traseira da caminhonete e abro exibindo o pequeno objeto que nos comprometerá.
— Miles Walker, você aceita namorar comigo?
Miles limpa as lágrimas de seu rosto e caminha em silêncio até deixar todos os lírios e bilhetes em cima da traseira da caminhonete. Em seguida, volta até mim e segura meu rosto, ficando na ponta dos pés para me olhar nos olhos.
— Sim, amor. Eu aceito namorar você, porque eu te amo. Caipira safado, porém, homem da minha vida.
— Eu também te amo, príncipe. E prometo provar meu amor a você até o último dia da minha vida.
Nós nos beijamos devagar, apreciando o nosso momento íntimo. Não íntimo com conotação sexual, íntimo no sentido de olhar nos olhos previamente, sorrir entre o beijo, acariciar o rosto e a nuca com carinho, porque podemos fazer isso. Podemos porque agora Logan Jeon e Miles Walker são oficialmente namorados.

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