Chapter⁸

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𝗠𝗜𝗟𝗘𝗦

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𝗠𝗜𝗟𝗘𝗦

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— Quanto tempo até esse semestre acabar? — pergunto choroso a Archie, meu colega de classe e melhor amigo.
— Miles, você me perguntou isso ontem e anteontem e todos os dias desde que voltou da fazenda de seu pai e eu já te respondi isso tantas vezes que nem me lembro de mais. — Ele se irrita comigo.
— Chato. — Mostro a língua. — Estou com saudades dele.
— Posso até ser chato, mas no fim do dia eu ainda sou lindo, e você chora. — Ele pega sua bolsa e me acompanha até o refeitório. — Se está com saudades, liga. Tem celular para quê?
— Eu não quero estragar a surpresa. Quero deixar para ligar quando a Laranja Jeon voltar para ele. — Assim como eu pretendo voltar. Se ele ainda me quiser, é claro.
— Laranja o quê? O que é isso?
— É uma caminhonete, mas não qualquer caminhonete, ela é especial. — Sorrio orgulhoso.
— O que ela faz? Era vira um robô, como naquele filme?
— Não viaja, Archie — Eu rio. — Eu não sei explicar o que ela tem, só que... É muito especial.
— Entendi... O que tem nesse suco aí que você está bebendo? Está batizado?
Reviro os olhos, ele não vai entender, então melhor deixar para lá e mudar de assunto.
— Se você não vai comer a sua comida, me dá seu frango, porque o meu veio pouquinho. — Tento roubar o pedaço de frango de sua bandeja e ganho um tapa no braço.
— Toca na minha comida de novo e eu digo a Maddox que você está apaixonado por ele. — Archie ameaça.
— Credo, credo, isola três vezes. — Dou três batidas na mesa de madeira. — Não quero ver esse embuste nem pintado de ouro.
— Sabemos. — Archie ri. — Ele continua te mandando mensagens?
— Todos os dias, é um inferno. Eu bloqueio o número dele, aí ele me manda e-mail para desbloquear, me liga de outros números, é um saco.
— Não tem possibilidade alguma de você dar outra chance a ele?
— Não. Meu corpo e coração já pertencem a outro homem. — Meu sorriso ganha força. — Se você o visse, Archie… Ele é lindo, carinhoso, gostoso pra caramba e eu transei mais vezes com ele em trinta dias do que com Maddox em um ano.
— Informações demais — ele diz com a boca cheia de arroz.
— Ele olhou para mim como ninguém fez antes, ele me ouviu, me compreendeu e eu o fiz acreditar que não poderíamos ficar juntos porque sou uma mula instável com medo de estragar tudo. E, porque Maddox me deixou tão traumatizado com tanto chifre que eu não queria manter um relacionamento à distância. Mesmo que eu confie em Logan, minha mente nunca ia me deixar em paz pensando no que ele está fazendo lá e com quem.
— Tem razão, você é uma mula.
— Archiebald!
— Miles, são só algumas horas de distância, não seria difícil se relacionar desse modo até você terminar a faculdade.
— Eu sei... Bem, vou à oficina de Makenzie daqui a pouco, então vou perder os dois últimos horários, você me passa a matéria depois?
— Vou pensar no seu caso, você me chamou de chato, logo eu, que sou um amorzinho.
— Sim, você é um amorzinho e a pessoa mais linda que eu conheço, depois do meu Logan. Agora vou indo. — Beijo Archie no rosto, coloco meus óculos escuros e saio do prédio da faculdade.
São só algumas quadras, então fico bem indo a pé mesmo. Isso até passar por Maddox. Parece que ele estava me esperando, que saco.
— Oi, Mi.
— Miles. — Corrijo. — Olá e tchau. — Tento passar por ele, mas meu pulso é segurado. — Não me toca não.
— Desculpe, eu só queria falar com você dois minutos, para me desculpar por aquele dia e todo aquele mal-entendido.
— Está desculpado, posso ir agora?
— Calma, Miles, espera! Eu quero me desculpar de verdade e quero uma chance para me redimir e te reconquistar.
— Olha, Maddox... — Respiro bem fundo para escolher bem as palavras. — Se você quer que eu te desculpe por ser um babaca, eu desculpo, mas sobre nós, isso não vai dar. Primeiro porque você já me deu tanto chifre com aquele seu primo que se me virar de ponta cabeça dá para gradear um lote de terra e, segundo, nós não nos amamos.
— Quem disse que eu não amo você? — E ele tem a pachorra de parecer ofendido.
— Você, com suas atitudes. Então vamos manter a memória do que tivemos de bom e seguir nossas vidas.
— Ainda vou te provar que podemos dar muito certo juntos, Miles. Me aguarde. — Ele se vira e caminha até o outro lado da rua onde seu carro está.
— Vou aguardar nada, eu, hein — murmuro para mim mesmo e sigo meu rumo.
Quando chego à oficina lá está a bonitona: Laranja Jeon está ainda melhor do que era.
— Mazie, minha deusa das ferramentas. — Cumprimento Makenzie e ela faz questão de me abraçar, me enchendo de graxa.
— Garoto, essa belezinha aqui está quase pronta. — Ela aponta para a caminhonete. — Confesso que, quando ela chegou aqui, eu achei que não daria para consertar não, mas parece que tudo conspirou para dar certo e deu. Estou impressionada com meus funcionários.
— São anjos, como você, Mazie. O que falta?
— Os bancos chegaram hoje, vamos colocar, trocar a tapeçaria e no fim da tarde Laranja Jeon retornará Laranja Jeon 2.0. — Ela ri e eu acompanho.
— Isso é ótimo. Vou escrever um bilhetinho e deixar no porta-luvas, tudo bem?
— Claro, fique a vontade, qualquer coisa me grita.
Ela volta a mexer na caminhonete e eu me sento para escrever. Termino, coloco em um envelope e caminho até a caminhonete para deixar lá dentro.
— E aí, gatinha, pronta para voltar para ele? — sussurro para a caminhonete. — Primeiro volta você, depois eu… Será que o coração do nosso homem aguenta? — Rio de meu próprio comentário e vou falar com Makenzie.
Faço o pagamento de todo o conserto, mais a diária do funcionário que vai levar a caminhonete até a fazenda, e depois pego um táxi para casa. Chego e minha tia está na sala assistindo televisão. Ultimamente ela tem andado tão esquisita, vive me perguntando por que não dou outra oportunidade a Maddox, que ele é um bom rapaz, rico e blá blá blá… Obviamente que não contei sobre Logan a ela, não quero mais ninguém se metendo entre nós.
Deito na minha cama e fico olhando a foto que tirei do meu caipira sem ele saber e sorrindo feito um idiota. Estou morto de saudades, saudades de tudo: dos toques, dos beijos, do sexo, das carícias, tudo, tudo, tudo. Meu coração pertence ao Logan Jeon assim como meu corpo e alma e eu só quero dizer isso á ele.
Adormeci que nem vi, mas acordo um tempo depois com meu celular tocando e quase tenho um infarto quando vejo o nome dele na tela.
— Logan?
— Oi, amor. — Sua voz faz toda minha pele se arrepiar. Deus, que saudade...
— Como você está, caipira? — Arrumo-me melhor na cama para continuar a conversa.
— Uma bagunça, mas estou trabalhando para melhorar. E como meu teimoso favorito está?
— Não muito melhor que você... — Suspiro ao admitir e continuo antes que falte coragem. — Sinto sua falta. Você me acostumou a dormir mexendo em meu cabelo e aqui não há ninguém que faça isso por mim.
— Não há ninguém aqui também e queira dormir agarrado em mim como um urso de pelúcia grande. — O que ele diz me faz rir alto, e de fato ele é mesmo meu urso grande.
— Você... Você tem... Uh, visto alguém? Maddox?
Assim que ele pergunta isso não posso evitar o riso, ele é tão fofo e com ciúmes é mais.
— Ciúmes, Jeon? — Tento o provocar.
— Eu? Claro que não, só curiosidade mesmo. — Nem ele acredita nisso, mas vamos jogar.
— Eu tenho visto alguém sim.
Ele suspira e responde:
— Bom...
Começo a rir novamente e ele resmunga coisas que eu mal compreendo, mas entendo ele me chamar de bundudo.
— Logan, você está resmungando.
— Não estou.
— Está sim. — Usando de uma voz mais calma, prossigo: — Tenho visto Makenzie, ela é dona de uma oficina perto da minha faculdade.
— Agora você gosta de meninas?
— Você com ciúmes é muito bobo e sonso, sorte sua que eu gosto de você. Eu não estou vendo Makenzie romanticamente, é mais a negócio. Ela está arrumando algo para mim.
Ficamos os dois em silêncio e me bate a vontade enorme de pedir para ele vir até aqui, mas não quero estragar a surpresa.
— Logan?
— Hm? — ele murmura.
— Espere por mim — sussurro, incapaz de repetir.
— Por quanto tempo? — Sua resposta me surpreende.
— Quanto tempo você acha que aguenta me esperar?
— A vida toda se você garantir que volta.
— Então... Por favor, espere. Eu quero ficar com você, caipira safado. — E então sorrio envergonhado.
— Continuo sendo seu favorito.
Para sempre o meu favorito.
— Alexander me disse que você desistiu da Laranja Jeon. — Puxo o assunto.
— Depois do que fiz com ela, não a merecia.
— Amor... — Inspiro e expiro antes de dizer: — Me escuta, está bem? Todos nós já tivemos nossos momentos de fúria e acabamos descontando em alguém que não devia e quando voltamos ao nosso estado normal devemos procurar esse alguém e nos desculpar, seja pessoa ou máquina, se tem importância para você precisa pedir perdão.
— Miles...
— Não faz essa voz, caipira. Não é para mim que você deve desculpas, é para sua garota.
— Eu a perdi, é tão tarde. — Ele admite e sua voz está triste.
— Nunca é tarde, Logan. E eu preciso ir agora, porque dormi a tarde toda e tenho dois relatórios para fazer e é para amanhã. — Invento uma mentirinha boba porque estou me coçando para contar para ele e se eu ficar aqui vou acabar dizendo.
— Tudo bem, eu só queria ouvir um pouco a sua voz. Então... Boa noite, amor.
Eu nunca vou me acostumar a ser o amor dele.
— Boa noite, meu caipira... E Logan?
— Hm?
— Eu te amo. — E desligo o mais rápido possível.
Meu coração bate tão forte agora, se eu morrer de infarto volto para puxar o pé desse caipira safado.
No outro dia, quando a caminhonete é entregue na fazenda, Alexander me manda uma mensagem e espero de verdade que Logan fique feliz. Quando vou tomar café, tem um buquê de rosas na mesa da cozinha e ao lado uma caixa de veludo. Minha tia está com um sorriso genuíno no rosto enquanto bebe sua xícara de café.
— São para você — ela diz quando me vê olhando demais para os presentes.
Abro o cartão e perco totalmente o interesse no que está escrito quando vejo ser de Maddox.
— Vou mandar devolver — eu digo quando abro a caixa e vejo uma nova tornozeleira de diamantes. Vai se foder com tornozeleira de diamantes.
— Não seja mal-agradecido, Miles. Não te ensinei assim. Esse rapaz está tentando te reconquistar, você devia repensar. Maddox é rico, lindo e pode fazer de você um homem muito bem-sucedido.
Olho para ela com horror.
— Eu não quero essas coisas, tia. Quero alguém que me ame, que cuide de mim e que divida as conquistas comigo, não que as joguem na minha cara.
— Você é tolo e não pensa no amanhã.
— O amanhã pode nem chegar, tia. O hoje é nos dado para viver, e viver ao lado de quem realmente amamos. — Pego as rosas e boto num jarro com água, porque são bonitas demais para jogar no lixo.
— Muita tolice para um homem só. — Ela termina seu café e vai para o quarto.
Todo esse diálogo só me deixa estressado, então nem tomo café em casa, apenas me troco, pego minha bolsa e saio para a faculdade. Antes, coloco a caixa de veludo na bolsa para devolver ao dono. No caminho, mando uma mensagem para Maddox de que preciso falar com ele na hora do almoço e rapidamente ele responde dizendo que está ansioso para me ver. Coitado.
Antes de entrar no prédio da faculdade, compro um bolinho e um copo de suco para ter algo no estômago até a hora do almoço. Archiebald já me espera no lugar de sempre para irmos para nossa aula juntos.
— Que mau-humor é esse? Nem me deu bom dia. — Ele reclama.
— Me desculpe, bom dia, Archie. Estou chateado que Maddox mandou flores e uma joia caríssima para minha casa e minha tia acha que eu devia perdoá-lo porque ele é rico.
— Sua tia é uma bruxa, eu não gosto dela.
— Ela também não gosta de você.
— Ótimo, assim o ódio não é gratuito. — Aí ele ri alto e todo mundo olha para nós.
Andar com Archiebald é saber que vamos sempre passar vergonha ou chamar atenção.
— Na verdade, ela não gosta de nenhum amigo meu, nem do meu pai, acho que nem de mim ela gosta verdadeiramente, ela é estranha. — Admito sentando em uma das cadeiras do auditório.
— Velha amargurada, maracujá-de-gaveta. — Archie faz uma careta.
— Para! — Começo a rir de meu amigo porque ele não tem inibição de nada e não mede palavras.
Mostro-lhe a tornozeleira que Maddox me deu e ele fica chocado com tantos diamantes.
— Quanto você acha que vale? — Ele pergunta com os olhos esbugalhados.
— Minha paz. E se custa minha paz, custa muito. Por isso quero devolver. — Guardo de volta na bolsa e a aula começa.
A aula de economia é ótima, o professor Sebastian King é um homem tão inteligente e explica tão bem que é difícil não entender. Eu quase desisti da faculdade de contabilidade, era tudo tão difícil quando vim para essa cidade, mas graças ao professor King tudo começou a fazer sentido nesse emaranhado que é a matemática.
— Eu dava para esse homem até de ponta cabeça. — Archie sussurra para mim enquanto o professor tira seu paletó e dobra as mangas da camisa até o cotovelo.
— Quem não daria? É Sebastian King. Mas eu preferia que fosse outro homem ali. Usando camisa xadrez e botas sujas, implicando comigo, me chamando de teimoso. — Suspiro e deito minha cabeça no ombro do meu amigo.
— Gay apaixonado é foda. Isso é contagioso? — Ele me empurra.
A aula acaba e descemos para sair do auditório, e quando passamos pelo professor King ele nos cumprimenta.
— Vejo vocês amanhã, Miles, Archiebald. — Quando ele diz o nome do Archie, olha para ele fixamente nos olhos, o que faz Archie corar e sorrir sem graça.
Observo a linguagem corporal dos dois por um minuto inteiro e... Caramba!
— Até amanhã, professor King, obrigado pela aula — eu digo e seguro o pulso de Archie, o puxando para fora até estarmos em um local seguro, que ninguém nos ouça.
— Por que você está me puxando, Miles? — ele pergunta com desgosto.
— Desde quando vocês estão transando? — pergunto logo.
— Não sei do que você está falando. — Archie tenta sair andando, mas eu seguro o braço dele, o impedindo.
— Não se faz de sonso, porque não combina com você, Archiebald. Agora me diz e me diz também por que você não me disse. — Cruzo os braços.
Archie revira os olhos e solta o ar com força.
— Têm uns dois meses... Ou três, eu não sei o certo. — Admite. — Não disse nada porque ele não é… Como eu explico isso? Ele não é gay. Ele só tem interesse por mim. É complicado de entender, eu sei, eu mesmo perguntei a ele “Por que eu?” e ele disse que...
— O que ele disse?
— Que meus lábios de boneca mexem com ele como os de nenhuma pessoa antes, homem ou mulher, mexeu. — E então, pela primeira vez na vida, eu vejo Archie envergonhado.
— De qualquer forma, cuidem para que mais ninguém descubra. Sabe da política da faculdade: professor e aluno não podem se envolver.
— Claro, com certeza. Agora vamos comer, que estou morto de fome.
— Eu tenho que falar com Maddox para devolver essa tornozeleira. Acha que ele está lá fora nas mesas? — pergunto enquanto caminhamos.
Quando chegamos ao refeitório, meu coração para de bater. Maddox está com outro buquê de flores no meio dele, me esperando. Que inferno, meu Deus. Está todo mundo olhando e cochichando.
— Que porra, Miles — Archie diz ao meu lado.
Fico parado olhando, sem saber o que fazer, e Maddox caminha até mim, mas antes que ele se aproxime demais eu sinalizo que pare com os dois braços estendidos.
— Eu sei que fiz e falei muita coisa e essas coisas me fizeram te perder. Eu só preciso de mais uma chance para mostrar que posso ser um cara melhor, que posso fazer você feliz — Maddox fala alto. — Volta para mim, Miles. Não como meu namorado, mas... Como meu marido.
Antes que ele se ajoelhe, observo tudo em volta e ao fundo eu vejo o primo dele, com um olhar triste, se levantar e sair do refeitório. Coitado, ele gosta mesmo desse imbecil. Abro minha bolsa, tiro a caixa de veludo e entrego a Maddox.
— Não foi o que você fez ou falou que te fez me perder, Maddox. Você nunca me amou, você apenas gostava de saber que me tinha, e eu, burro, acreditei nisso por dois anos, mas acabou.
— Olha aquela caminhonete, que laranja incrível... — Alguém murmura e então me viro e quase engasgo com minha própria saliva.
Estacionado em frente ao prédio está Laranja Jeon e ao lado dela o homem cujo estou morrendo de saudade. Olho para Maddox e depois para Archie e começo a caminhar para a saída.
— Você vai mesmo me deixar por um caipira qualquer? — Maddox grita nervoso.
Eu me viro e sorrio antes de responder:
— Ele não é um caipira qualquer, ele é o meu favorito.
E então saio correndo porta a fora para chegar à frente da universidade o mais rápido possível. Quando Jeon me vê correndo para ele, seu sorriso lindo aumenta. Paro ofegante em sua frente e observo meu homem depois de tantos dias.
— Conferindo o material, Mimi? — ele diz quando me pegou analisando.
— De novo isso de Mimi? — Eu sorrio. — Gosto mais quando me chama de amor.
Ele se aproxima mais, fechando espaço entre nós e acaricia meu rosto.
— Posso te beijar, amor? — Seu pedido vem sussurrado.
— Claro, meu amor — respondo.
E então nossos lábios se unem em um beijo intenso, cheio de saudade e desejo e, acima de qualquer coisa, cheio de amor.
— Que saudade... — eu sussurro quando nossas bocas se separam, mas nós não.
— Sim, tanta saudade do meu teimoso. — Só então nos afastamos, porque ele olha para a janela do refeitório e estão todos olhando para nós. — É todo mundo receptivo assim, aqui? — Ele sorri e acena, e todos acenam de volta para ele.
Fecho a cara e ele beija minha bochecha.
— Você fica lindo com ciúmes… Ainda mais lindo. — Então ele segura minha mão.
— Não estou com ciúmes.
Jennie passa por nós ao lado de outra amiga e quando vê Logan ela para e vem em nossa direção.
— Olha se não é o gato que trabalha na fazenda do pai do Miles — ela diz toda sorridente.
— Senhorita Jennie, bom vê-la novamente. — Logan sorri de volta.
Ele perdeu o juízo? Quer me ver dar na cara dele?
— Vai ficar bastante tempo? Nós podíamos, sei lá, sair — ela diz, ignorado o fato que estou aqui.
Logan sorri e umedece os lábios. Logan eu vou te agredir!
— Seria ótimo, um jantar de casais. Quem a senhorita vai levar? — ele pergunta.
— Não entendi… Quem vou levar? Como assim casais?
Chupa, sirigaita dos infernos!
— Eu vou levar meu homem, e a senhorita? — Ao dizer, Logan abraça minha cintura, me puxando para seu peito.
Jennie olha para nós dois juntos, arregala os olhos, bufa irritada e sai. Só então rimos. Viro de frente com ele e beijo sua boca mais uma vez.
— Você estava todo vermelho, parecia que ia explodir. Depois diz que não é ciumento. — Ele beija meu nariz e depois minha boca.
— Desde quando está em Green Fall? — Mudo o foco.
— Acabei de chegar, preciso procurar um lugar para ficar e depois uma farmácia.
— Farmácia? Por quê? Está machucado, com dor? — Começo a perguntar, tentando olhar dentro da camisa dele.
Logan ri e me abraça apertado, só depois sussurra em meu ouvido:
— Preciso comprar lubrificante.
Abro minha boca e depois sorrio, acariciando sua nuca.
— Ah, é muito importante que encontremos uma farmácia bem rápido.
— Ainda bem que concorda, porque no momento em que eu te ter em cima de uma cama outra vez, eu vou te dar trabalho — Logan diz com uma cara de paisagem como se não fosse nada de mais.
— Pode ser o oposto, Jeon. — Empurro-o e me viro para a caminhonete. — Olá, gatinha, sentiu minha falta?
Sinto os braços de Logan ao meu redor e, após beijar meu pescoço, ele diz:
— Você é demais, Miles. O que fez por ela, por mim, eu nunca vou poder retribuir.
— Oh, nunca? — Finjo uma chateação. — Eu esperava, sei lá, uma foto do seu pau emoldurado para por na parede do meu quarto.
Logan ri.
— Posso te dar ele pessoalmente, para quê foto? — Outro beijo é dado em meu pescoço. — Vem, vamos almoçar.
Ele abre a porta da caminhonete para eu entrar e entra do outro lado.
— Maddox ia me pedir em casamento minutos antes de você chegar — falo quando a caminhonete para no sinal vermelho.
Logan me olha com a cara fechada.
— O que você respondeu?
— Eu saí correndo na sua direção, acho que ele entendeu minha resposta.
O sinal abre e logo estamos em frente a um restaurante super caro, mas um dos meus restaurantes favoritos. Descemos e caminhamos para dentro do restaurante, o maitre nos acomoda e fico chocado com quanto Logan é todo sofisticado e conhece muito melhor todas as comidas do cardápio do que eu.
Enquanto comemos, nos atualizamos das novidades no curto espaço de tempo longe um do outro. Saber que a ex-cunhada de Logan voltou e que agora ele tem um sobrinho como sempre achou que tinha me deixa feliz. Fico com um pouco de medo de ela querer algo com meu Logan, já estou pronto para entrar em colapso se isso acontecer. Ele não é oficialmente meu, mas é meu, ok? Conto-lhe sobre minha faculdade, sobre a amizade que fiz com Mazie por conta de Laranja Jeon e que me distanciei de Jennie e principalmente de Maddox.
Depois que ele paga a conta, que eu insisti muito para dividir e ele não quis, saímos e entramos na caminhonete novamente. Uma rápida parada na farmácia e logo estacionamos em frente a um hotel muito fofo. Ele não é extravagante e nem caríssimo como os que já me hospedei antes, mas é aconchegante. Passamos na recepção e Logan paga pelo quarto até o domingo, e hoje é quinta-feira… Temos uns bons-dias para matar um pouco a saudade.
— Vem, amor.
Ele segura minha mão na frente da recepcionista e sai me levando com ele. A moça cora um pouco e desvia o olhar. Logan abre a porta e me puxa para dentro do quarto com pressa.
— Logan, meu Deus. Calma, homem — eu digo e começo a rir quando ele fecha a porta e desabotoa minha calça.
Ele se abaixa e tira meus sapatos e então puxa minha calça, que desliza por minhas pernas até o tornozelo, e ele a retira. Faz o mesmo com a minha camiseta e depois me observa apenas de cueca.
— Eu sonho com seu corpo todos os dias. Seu corpo, seu sorriso, seus olhos... Todos. Os. Dias. — Finaliza devagar.
— Estou bem aqui, amor. Vem, me toca. — Puxo a mão dele para minha cintura e ele imediatamente traz a outra.
— Senti tanta falta da maciez da sua pele contra a minha, dos seus suspiros e gemidos, mas também senti falta de ficar agarradinho com você enquanto você dorme e me segura como um grande urso de pelúcia.
Fecho o espaço entre nós e fico na ponta dos pés para olhar nos olhos dele. Cruzo meus braços em sua nuca e beijo sua boca.
— Miles... — Logan murmura quando mordo seu maxilar levemente.
Afasto-me de seu corpo, pego a sacola de papel da farmácia onde está o lubrificante e vou até a cama. Logan continua me observando do mesmo lugar. Tiro minha cueca e me deito na cama de bruços mexendo as pernas.
— Você não ia me foder bem bruto, Logan? Estou esperando.
— Você aguenta?
Ele abre todos os botões de sua camisa e a deixa cair no chão do quarto. Retira as botas e abre sua calça jeans, removendo-a do corpo e, agora só de cueca, vem até mim.
— Você sabe que sim, caipira. — Balanço o quadril, já que ele está encarando minha bunda.
Ele sobe na cama e se deita ao meu lado, deslizando sua mão por minhas costas até minha bunda.
— Ah! — grito. Não esperava que ele me desse um tapa. — Por que está me batendo?
— Gosto de ver sua bunda vermelhinha.
Depois disso ele sobe em cima de mim, encaixando seu volume preso na cueca em minha bunda e beija meu ombro, depois o pescoço e sobe para morder minha orelha.
— Huuum... — gemo satisfeito com todas as carícias.
— Fica de quatro para mim, abaixa seu tronco e deixa a bunda empinada, amor.
Ele se afasta para me deixar fazer o que pediu e então ele beija a banda direita da minha bunda enquanto massageia a outra. Estico minhas mãos em sua direção e seguro minha bunda, me abrindo para ele, mostrando onde eu realmente quero seus beijos.
— Com pressa, amor?
— Siiiim... — Choramingo.
Logo sinto sua respiração quente tão próxima de meu íntimo e gemo alto contra o travesseiro quando sua língua faz contato direto com o músculo sensível de meu ânus. Logan substitui minhas mãos com as suas e aperta com força as bandas enquanto me chupa e força sua língua em meu buraco. Começo a me masturbar para prolongar a sensação de prazer e não gozar tão rápido, mas ele não está me dando muitas opções.
— Looo... — sussurro, empurrando mais minha bunda sobre o rosto dele.
Ouço o lacre de o lubrificante ser rompido e, em seguida, o líquido escorre por minha fenda até o períneo e pinga no colchão. Com os dedos, Logan espalha o lubrificante em meu íntimo e enfia um dedo até onde alcança, levando mais do líquido escorregadio, para facilitar o que está por vir.
— Logan, mais, por favor.
Depois que peço, dois de seus dedos grossos me invadem até o limite.
— Sempre tão sedento, amor. — Outro tapa acerta minha bunda.
— Oh, Deus! Você vai ficar me dando tapa? — E quando reclamo, recebo mais um. — Porra, Logan!
Ele ri e acaricia a banda ardida e provavelmente avermelhada.
— Você reclama, mas eu sei que gosta.
— De onde tirou isso?
— Em nenhuma vez você me disse para parar.
Ah... Verdade, eu não pedi. Sinto seus dedos saindo de mim e por cima do ombro vejo Logan tirar a cueca e espalhar lubrificante naquele pau maravilhoso e se posicionar atrás de mim. Segura firmemente meu quadril e direciona sua glande até penetrar, devagar, mas firmemente, até estar todo dentro de mim.
— Devagar, amor. Deixa primeiro seu corpo se acostumar com o meu — Logan diz calmamente, massageando minhas costas quando eu começo me mover para trás para que ele me foda logo.
Ergo meu corpo até ficar de joelhos na cama e estar colado ao peitoral de Logan, que não tarda em beijar meu pescoço e beliscar de forma prazerosa meus mamilos.
— Huuum... Looo — gemo de forma manhosa porque sei o que provoca em Logan e seguro sua nuca enquanto me viro para beijá-lo como dá.
— Você não tem juízo e gosta de tirar o meu, não é? — ele sussurra quando eu finalizo nosso beijo mordendo seu lábio inferior.
— Me fode bem rápido e agressivo, eu sei que você quer isso. E não se preocupa, não vai me machucar, e se machucar eu prometo dizer.
— Promete mesmo? Você tem razão, eu quero tanto meter gostoso nessa sua bundinha redonda, mas, como faz um tempo, não quero te machucar.
— Mete, Logan, bem forte e bem fundo e não para até gozar dentro de mim.
— Gosta da minha porra escorrendo de dentro desse buraquinho sedento? — ele pergunta, começando a se mover devagar.
— Gosto... — suspiro audível e me abaixo da forma como estava antes.
E me tendo à mercê dele, com a bunda empinada, Logan me dá o que eu, ou melhor dizendo, o que nós dois queremos. Gradativamente suas estocadas vão ficando mais rápidas e profundas, nossos corpos se chocam com tanta força que até a cama se mexe e, para não assustar os demais hóspedes, começo a abafar meus gemidos no travesseiro, já que Logan não priva nenhum de seus gemidos guturais.
Olho para Logan e o pego mais uma vez observando seu pau entrar e sair de mim e me contraio, apertando ainda mais para o deleite dele. Minhas pernas são puxadas para me fazer deitar de bruços por completo e seu peito agora está grudado nas minhas costas. Logan mete e sussurra como está com saudade de mim, como eu sou gostoso e que ele vai me foder até o limite.
— Lo-Log-Logan... — Chamo seu nome para tentar avisar que estou quase e ele continua acertando minha próstata.
— Goza, mostra para mim que seu corpo só precisa do meu para chegar lá — ele responde ofegante e volta a meter ainda mais forte.
O vizinho que me perdoe.
— Logan! — grito seu nome e gozo por todo o colchão.
Logan para de se mover, mas seu corpo está sofrendo espasmos e ele está gozando dentro de mim. Posso sentir seus jatos de porra quente me acertarem onde está bem sensível. Eu estou acabado, então nem me dou ao trabalho de levantar.
Ele sai de cima de mim e volta com um pano úmido para limpar minhas pernas e barriga, e uma toalha seca é forrada sobre todos os vestígios pegajosos. Com um edredom que não sei se onde Logan tirou, ele volta para a cama e se aconchega a mim, que não perco tempo em me enroscar nele como eu tanto sinto falta. Suspiro me esfregando no peito dele e Logan ri.
— Cansou? — Ele beija minha cabeça.
— Um pouquinho, mas me dê cinco minutos e estarei pronto para subir em cima de você e fazer amor como você gosta, bem devagar.
— Hm... Proposta irrecusável. Agora dorme cinco minutos, eu não vou a lugar nenhum.
Só por precaução, aperto mais meus braços ao redor dele. Acordo com Logan me acariciando, mas não abro os olhos e fico escutando enquanto ele sussurra:
— Eu te amo tanto, menino, tanto...
Eu tento, mas não posso conter meu sorriso e ele percebe que eu estou acordado.
— Ei... — Abro os olhos e acaricio seu rosto. — Quanto tempo eu dormi?
— Umas duas horas, eu acho.
— Logan? Por que me deixou dormir tanto tempo? — resmungo. — Eu podia gastar essas horas de outra maneira com você.
— Foi duas horas incríveis com você nos meus braços. — Ele beija meu bico inconformado várias vezes até eu sorrir. — Inclusive seu celular tocou algumas vezes, chamadas de sua tia.
— Inferno, ela já deve saber o que aconteceu hoje.
— Vamos esquecer todo mundo fora desse quarto e focar só em nós por agora. — Logan me dá vários beijos no pescoço e massageia meu quadril, me acalmando e excitando ao mesmo tempo.
— Tem razão, você está aqui e é tudo o que importa. — Eu o empurro para o lado e monto em cima dele. — Uh, já está duro? — Esfrego minha bunda em sua ereção.
Com um suspiro e o sorriso mais lindo do mundo, ele responde:
— Quem não ficaria duro com seu corpo pressionado ao dele?
Alcanço o lubrificante e derramo um pouco na mão, depois ergo meu corpo e masturbo o pau do Logan, espalhando por todo o comprimento, e só então o encaixo em mim.
— Porra! — Logan murmura e fecha os olhos. — Devagar, Mimi. — Ele me repreende por saber que eu avançaria todos os sinais para tê-lo logo dentro de mim.
— Você é sempre todo mandão e chato assim? — pergunto baixinho dando beijos em seu maxilar.
— Alguém tem que ter juízo nessa relação.
Não demora e minha bunda está junto de sua virilha, o que significa que ele está dentro de mim até o último centímetro. Logan se senta e beija minha boca de uma forma tão gostosa, sem pressa, me fazendo suspirar a cada vez que ele me deixa respirar, só para depois voltar a me beijar novamente.
— Acha que pode se mover? — ele pergunta rente aos meus lábios.
— Posso. Como vai querer isso, caipira?
— Você me prometeu lento, lembra?
— Claro, amor. — Com mais um beijo rápido, eu ergo meu corpo e me sento sobre ele bem devagar. — Assim?
Ao invés de me responder verbalmente, Logan assente várias vezes, tão fofo. E então continuo me movendo sobre ele, devagar e profundo, tocando todo seu corpo onde minhas mãos alcançam.
— Você sabe que um dia ainda vai me matar, não sabe, Miles? — ele pergunta com um sorriso preguiçoso e olhos fechados.
— E você tem medo que eu pressione todos os seus botões e que após gozar você morra? — sussurro e beijo sua boca.
— Se eu morrer transando com você, vou morrer feliz da vida.
Quando ele termina de dizer, eu começo a rir alto e paro de me mover. Então ele segura minha cintura e nos vira na cama, me deitando de costas no colchão e se encaixando entre minhas pernas.
— Eu amo te ouvir rir. Amo poder te tocar, te abraçar, te beijar, fazer amor com você... — Ele pega minha mão e olha para meu mindinho e, quando vê a pequena pintinha que tenho ali, finaliza: — Eu amo você, Miles Walker.
Continuamos fazendo amor bem lento, sem pressa de chegar lá, porque não queremos nos desgrudar, mas quando finalmente chegamos, é... magnífico. E eu me pergunto se eu posso viver minha vida normalmente sem Logan Jeon nela. Eu fui tão idiota em pensar que sim. Olhe para mim agora, totalmente rendido; mas de uma coisa tenho certeza, nenhum pouco arrependido.
Partilhamos de um banho rápido — não tão rápido — e quando estamos finalmente vestidos já é noite.
— Caramba, já escureceu — eu digo ao olhar pela janela.
— Não é porque ignoramos o dia lá fora que ele deixou de correr, o que é uma merda, porque o tempo parece passar tão rápido quando estou com você. — E então ele beija meu pescoço e senta na poltrona, me trazendo para seu colo.
— Eu preciso ligar para minha tia e avisar que não vou dormir em casa hoje.
— Está se convidando para dormir comigo, amor? — Sua pergunta é provocativa e cheia de más intenções.
— Ah, eu disse ser com você que eu iria dormir? Não me lembro de ter mencionado isso.
E, pela primeira vez desde que me lembro, noto Logan desconfortável e envergonhado. Beijo sua boca mais rápido do que esperado e acaricio suas bochechas.
— Bobo, eu estava brincando. Se você acha que eu deixaria você aqui, está muito enganado, você tem que ser meu grande urso de pelúcia essa noite.
— Eu serei seu urso de pelúcia por todas as noites em que você me quiser na sua vida.
Eu sorrio e estendo meu dedo mindinho.
— Promete?
Ele circula o meu dedo com o dele e assente.
— Prometo. Agora veja isso. — Ele mostra que em seu dedo mindinho também há uma pintinha, como no meu.
— Oh, isso é... Uau.
— Louis e eu éramos idênticos, mas ele não tinha essa pintinha aqui e ele me disse que ele não tinha porque minha outra metade a teria.
— E só por isso você acha que sou sua metade? — Acaricio seu rosto porque simplesmente não consigo tirar minhas mãos dele.
— Não. Você ter essa pintinha é só uma coincidência do destino. Sentir o que sinto quando te beijo, quando te ouço rir ou quando estamos juntos sem dizer nada, apenas juntos, me faz acreditar que você é a minha metade.
Eu sorrio e meus olhos ficam embaçados e só então eu noto que estou chorando. Nunca na minha vida alguém se declarou para mim de uma forma tão linda. Maddox me enchia de joias e promessas vazias, nunca me disse um “eu te amo” verdadeiro, nunca me fez feliz, nunca foi capaz de me tirar suspiros apaixonados, e esse cara... Esse homem aqui em minha frente consegue me deixar eufórico e cada vez mais apaixonado, ao mesmo tempo, em que isso me assusta, me faz tão bem.
— Eu te amo, Logan. — Quando as palavras deixam minha boca, ele sorri e seus olhos brilham como um céu estrelado fixados aos meus. — Muito — complemento, porque parecia tão pouco.
Seus lábios se unem aos meus e não me importo em controlar minha fixação oral, eu o beijo por todo o tempo que posso.
— Mande uma mensagem a sua tia, porque de jeito nenhum você está indo embora essa noite. — Ele sorri contra meus lábios e eu sei que temos uma longa, longa noite.
Na manhã seguinte, quando ele me deixa em frente de casa para que eu me troque para ir à faculdade, não encontro minha tia em casa. Ótimo, melhor assim. Troco de roupa rapidamente e volto para a caminhonete do meu caipira favorito e, durante o caminho até o prédio da universidade, ele segura minha mão, soltando apenas para trocar a marcha.
Depois de um bom e demorado beijo de despedida, combinamos de nos vermos na hora do almoço. Porém, o arquivo que Archie e eu entregamos com nossa apresentação do trabalho de gestão de custos deu algum erro e apagou da metade ao fim e precisamos refazer. Mas que inferno, tinha que ser justamente hoje?
Mando uma mensagem a Logan me desculpando por furar nosso almoço e pergunto se podemos nos ver à noite? Ele, como sempre um amor, responde que tudo bem e que se eu precisar de ajuda ele estará aqui assim que eu chamar.
Refazer todo o final levou mais do que eu esperava, mas pelo menos conseguimos terminar e quando olho a hora já são quase seis da tarde. Mando uma nova mensagem a Logan perguntando se ele gostaria de jantar comigo em minha casa. Antes que ele me responda, vejo Laranja Jeon virando a esquina e não posso impedir o sorriso que segue.
— Ei, moço bonito, quer carona? — Logan grita de dentro da caminhonete.
— Não sei se eu devia aceitar, tem um caipira aí, sabe? Um que gosta muito de mim e é ciumento. — Eu abraço minha bolsa.
— Eu também teria ciúmes, porque você é lindo demais. Um chuchuzinho platinado.
— Logan! — Começo a rir e entro na caminhonete. — Tanta coisa para comparar e tinha que ser com algo tão sem graça? Um chuchu, sério?
— Você prefere o quê? Uma abobrinha? Um pé de alface? Melhor, melhor... Uma batata. — Ele ri da minha cara de desgosto. — Batata é gostosa, como você, amor. E como mesmo.
— LOGAN JEON! — eu grito horrorizado. — Cala a boca.
Ele ri mais ainda e pega minha mão para beijar meu pulso.
— Estou só implicando, Miles. Desculpa?
— Tudo bem, safado. Você vai jantar comigo hoje?
— Tem certeza que me quer aqui na sua casa, com a sua tia e tal?
— Geralmente ela nunca janta comigo mesmo, então seremos apenas nós.
Ele estaciona e descemos. Algo me diz para segurar sua mão, mas eu não quero ser o primeiro a tomar iniciativa e Logan também não toma. Entramos em minha casa e, como eu havia previsto, minha tia já está em seu quarto trancado. Logan parece deslocado e meio sem graça de pé me olhando, então ando até ele e fico na ponta dos pés para beijá-lo. Quando nos afastamos, ele sorri para mim, e eu sinto que só precisava do Logan brincalhão novamente.
— Vou cozinhar para nós, vem. — Seguro seu pulso e o levo para a cozinha. — Você se senta aqui. — Aponto para a cadeira mais próxima.
— Você cozinha?
— Impressionado?
— Chocado.
— Haha, engraçadinho. Tem muita coisa sobre mim que você não faz ideia.
— É uma via de mão dupla. — Ele pisca para mim.
— Certo, enquanto eu preparo nosso jantar, você me diz algo sobre você que eu não saiba e eu digo algo sobre mim. — Sugiro.
— Feito!
Começo a pegar os ingredientes para preparar um macarrão para nós e espero até que Logan começasse.
— Eu falo francês fluentemente — Logan diz me encarando.
— Acredito muito. — Eu sorrio, debochando. — Fluentemente, né?
— Je m'assurerai de t'apprendre quelques phrases en français à utiliser au lit pendant que je te baise — ele diz me olhando nos olhos e é tão sexy.
— O que você disse?
— Que seu sorriso é a coisa mais linda que já vi na vida. Agora me diga algo sobre você que eu não sei.
— Eu posso fazer contas de cabeça mais rápido do que você pode dizer seu nome completo.
— Quanto é treze mil vezes quatrocentos?
— Cinco milhões e duzentos. Aposto que você poderia me perguntar algo mais difícil — respondo satisfeito.
— Está certo, espertinho. Bem, sou formado em administração e empreendedorismo.
— Minha mãe me ensinou a falar japonês quando eu era criança e eu aperfeiçoei quando fiquei um ano no Japão fazendo intercâmbio. Mesmo que eu não fale com frequência, eu posso manter uma conversa em japonês a qualquer hora.
— Posso te ouvir falando?
A frase na língua estrangeira sai da minha boca:
— Você é o amor da minha vida e nunca mais quero te perder. — Aproximo-me dele e seguro sua mão.
— O que você disse? — ele pergunta como se soubesse e só quisesse confirmar.
— Eu disse que adoro o jeito que você me fode com seu pau grande.
Ele ri e eu acompanho, voltando para onde eu estava montando nossos pratos.
— Miles?
— Hm?
Eu olho para ele esperando que diga algo novo sobre si, mas me surpreendo quando ele fala, também em japonês:
— Você não vai me perder, porque eu pertenço a você. — Quando termina de dizer, Logan se levanta e vem em minha direção.
É nesse momento que minha tia aparece.
— Miles? — Ela chama.
— Sim, tia.
— Quem é esse rapaz em minha casa?
Logan me olha e depois a ela, e tudo o que eu menos quero é que minha tia fique enchendo meu saco ou o de Logan e estrague nossa noite.
— Tia, esse é meu amigo, Logan Jeon. Logan, essa é minha tia, Abigail.
Eu vejo na postura de Logan que chamá-lo de amigo não é o que ele esperava de mim, mas espero que ele entenda que, quanto menos ela souber sobre nós, melhor.
— É um prazer finalmente conhecê-la, senhora.
— Sinta-se em casa, rapaz — ela diz e se senta à mesa. — Tem macarrão suficiente para mim, também?
— Claro, tia. — Sirvo-a e no mesmo momento eu sei: fodeu tudo!
Começamos a comer em silêncio, até que minha tia pergunta sobre Maddox.
— Maddox tem ligado para cá várias vezes atrás de você, foi com ele que passou a noite?
— Não.
— Eu já disse o quanto você é tolo por deixar um rapaz tão maravilhoso para você, Miles?
— Sim, a senhora disse. — Observo Logan e ele está apenas revirando o macarrão no prato sem de fato comer.
— Maddox pode te dar jóias caras, carros de luxo, uma vida de príncipe…
— E amor? Ele pode me amar, tia?
— Amor nunca preencheu um cheque, amor não gera cartões ilimitados, viagens pelo mundo, amor não é nada.
Logan engole em seco e olha diretamente para mim. Que porra! Eu não sei o que dizer sem gerar uma discussão desgraçada ou magoar ele. Porra, porra, porra.
— Você não concorda comigo, Logan Jeon? Que Miles está sendo tolo em recusar uma vida maravilhosa ao lado de um homem maravilhoso como Maddox Campbell?
— O que eu acho ou deixo de achar não muda nada, sou só o amigo. — Ele se levanta. — Está na minha hora, foi realmente um prazer conhecê-la, senhora. Boa noite!
E então ele sai sem nem olhar para mim.
— Por que a senhora fez isso?
— Porque não vou deixar você cometer o mesmo erro que sua mãe cometeu, se casando com aquele George Walker.
— É do meu pai que a senhora está falando, e ele amou minha mãe até seu último minuto de vida.
— E veja só como ela terminou morta.
— CALA A BOCA! — Exalto-me, mas estou saturado.
Saio correndo para ver se ainda alcanço Logan e o pego chegando à caminhonete.
— Ei, Logan, espera.
Ele para de costas para mim. Seguro seu pulso e o viro devagar até estar frente a frente comigo. Seu olhar está frio e distante e ele está visivelmente magoado.
— Por favor, me escuta. — Peço e me aproximo um pouco mais dele.
— Escutar o quê? Que eu sou um bosta perto de Maddox ou que não sou bom o bastante para ser apresentado como seu namorado, apenas como amigo?
— Não dê ouvidos a minha tia, ela vem se mostrando cruel, e essa noite só provou mais uma vez isso. Eu não queria te apresentar como meu namorado porque eu sabia que ela iria fazer um inferno e, veja só, mesmo assim ela conseguiu. — Aproximo-me mais, seguro suas bochechas e fico na ponta dos pés para olhá-los nos olhos. — Eu disse sério, não quero te perder, Logan.
Ele suspira e encosta sua testa na minha de olhos fechados.
— Eu não quero ser apenas o seu amigo, Miles.
Eu sorrio e beijo seus lábios com um rápido selinho.
— Então está na hora de você me pedir em namoro, caipira.
— É o que eu preciso fazer? — Ele segura minha nuca e abre os olhos.
— Sim. — Assim que o respondo, ele me beija avidamente.
Quando nos afastamos ele entra na caminhonete e dá partida.
— Vou te buscar na universidade amanhã e é melhor você ter uma boa resposta para o que vou perguntar.
E sem me deixar responder ou fazer qualquer outra pergunta, Logan se vai. Mesmo vendo-o partir, eu sei que ele não vai tão longe e, seja lá o que ele vai perguntar, ele sabe, eu sei, o mundo sabe… A resposta é sim.

[Continua...]

LARANJA JEON Onde histórias criam vida. Descubra agora