Chapter⁶

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𝗟𝗢𝗚𝗔𝗡
𝗔𝘃𝗶𝘀𝗼 𝗱𝗲 𝗴𝗮𝘁𝗶𝗹𝗵𝗼: ᴇssᴇ ᴄᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ ᴘᴏssᴜɪ ᴅᴇsᴄʀɪᴄ̧ᴀ̃ᴏ ᴅᴇ sᴜɪᴄɪ́ᴅɪᴏ.
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𝗗𝗲𝘇 𝗔𝗻𝗼𝘀 𝗔𝗻𝘁𝗲𝘀

— Parabéns, campeão, você só me dá orgulho. — Ouço meu pai dizer a Louis quando vê seu boletim cheio de notas azuis.
Ele nem se incomoda de ver o meu. Mesmo que haja tantas notas azuis como a de Louis, eu ainda não consegui chamar a atenção dele. Louis e eu somos gêmeos idênticos, a diferença é que eu tenho uma pintinha minúscula no dedinho e ele não; algo que somente nós dois sabemos por procurarmos diferenças físicas quando não estamos fazendo nada.
— Porque você está chateado, Lo? — Meu irmão se senta ao meu lado na escada de nossa casa grande.
Sim, somos ricos. A família perfeita Jeon. Ou o que pensam por aí, quando, na verdade, estamos longe de sermos perfeitos.
— Nada de mais, só pensando. — Eu minto. Afinal estou chateado porque mais uma vez nosso pai só enxerga ele.
Mas os gêmeos sempre sabem o que se passa com o outro, parece instinto. E com Louis não é diferente.
— Você mente muito mal. Está chateado com o papai, não é?
— É. — Admito porque será inútil negar.
— Cara, não fique assim. — Ele apoia a cabeça em meu ombro e suspira. — Você não faz ideia de como eu queria que ele não esperasse tanto de mim.
— É por que, de nós dois, você é o melhor, Louis — digo.
— Errado. Você é o melhor, Logan. Destemido, corajoso, bondoso e o melhor irmão que alguém poderia ter. — Ele rodeia os braços em meu corpo e me esmaga em um abraço desajeitado, nos fazendo rir juntos.
— Eu te amo, cara — ele diz.
— Eu te amo, cara — eu respondo.
No jantar não foi diferente: meus pais dão total atenção a Louis, que sorri para eles, mas eu conheço aquele sorriso, ele está desconfortável. E eu? Eu apenas como minha comida, me sentindo uma peça fora do tabuleiro. Eu venho me sentindo assim minha vida toda e, por mais que eu tente, não me encaixo.
Louis é um bom jogador de tênis. Eu também sou. Louis sabe falar muito bem coreano. Eu também sei. Louis foi destaque do ano com as melhores notas. Eu também, mesmo que ninguém ligue. Para nossa família, tanto faz que nós dois sejamos bons, desde Louis seja mais.
Um dia, eu caí com a bicicleta e machuquei meu braço, e quando minha mãe viu, apenas disse:
— Quer chamar a minha atenção, Logan? Tenho mais o que fazer.
E se não fosse uma de nossas empregadas eu teria ficado com o braço machucado o resto do dia. Pelo menos alguém nessa casa se importa comigo. Às vezes eu queria ser Louis. Ter o amor de nossos pais, a admiração deles e ser orgulho para a família. Mas nunca me é dada a chance.
— Logan, está acordado? — Ouço Louis chamar, abrindo minimamente minha porta na noite escura.
— Estou. O que houve? — Sento-me na cama e ele, após adentrar, se senta ao meu lado.
— Eu preciso dizer isso a alguém e eu só confio em você, cara.
— Então diz de uma vez.
— Eu fiz sexo hoje. — Ele esconde o rosto com o travesseiro.
— Mentira! Com quem? — pergunto com um sorriso zombeteiro e puxo o travesseiro dele.
— Eu conheci uma moça perto do instituto de língua coreana, ela vende bombons para ajudar em casa e cara... Ela é linda.
— Está dizendo que ela não é como as garotas fúteis do instituto, que só pensam em casar com um cara rico?
— Sim. O nome dela é Isabella. Eu a conheci há um tempo e ela não gostou muito de mim. — Ele sorri. — Pensou que eu fosse um babaca só porque eu quis comprar todos os bombons dela. Um tempo depois, ela me disse que achou que eu queria me gabar por ter dinheiro e ela não.
— Há quanto tempo vocês estão se vendo? E, por que você nunca me disse? — Bato nele com o travesseiro e ele ri.
— Pouco mais de quatro meses. Eu não queria expor Isabella aos nossos pais ou conhecidos, você os conhece bem, sabe o que eles conseguiriam fazer, já que ela não tem dinheiro.
— Você parece gostar dela, de verdade — digo sincero e me deito.
Louis se deita ao meu lado e continua:
— Eu acho que a amo. E acho que ela me ama também. Cara, os beijos, os toques, mesmo que inexperientes, os olhares e sussurros... — Ele suspirou apaixonado. — Ela foi minha e eu me fiz dela.
— Estou feliz por você, cara. Você merece ser amado.
— E você também, Logan. — Ele pega minha mão no escuro e entrelaça nossos mindinhos. — Sabe, cara, estive pensando, quando você encontrar uma pessoa com a mesma pintinha que você tem aqui vai ter encontrado sua outra metade, é por isso que eu não tenho igual. É porque ela está por aí perdida à sua espera.
Eu rio. Louis é um romântico incurável e ele acredita mesmo nessas coisas.
— Será mesmo? — pergunto sarcástico.
— Não faça pouco. — Ele me dá um soco leve no braço. — Estou falando sério.
Rimos mais.
— Logan...?
— Hm?
— Eu odeio ser quem eu sou.
— Que conversa é essa? — pergunto confuso.
— Sabe, antes de conhecer Isabella, mesmo que eu não deixasse transparecer, eu estava infeliz. Eu odeio essa cobrança dos nossos pais em cima de mim, odeio ter que ser bom em tudo, odeio contabilidade, eu odeio usar ternos... — Ele ri, mas não há humor. — Se você se sente triste por não receber a mesma atenção que eu, saiba que eu queria ser você.
Fico em silêncio pensando sobre isso. Eu nunca parei para analisar pelo lado oposto. E de certa forma, realmente, Louis é constantemente cobrado, já eu? Eu posso fazer o que quero e ninguém se importa.
— Ainda bem que tenho você, irmão. — Deito minha cabeça em seu peito e ele me abraça.
— Enquanto eu viver e, até após morrer, vou cuidar de você, Lo. — E então dormimos.
Mais dias se passam e então chega o nosso aniversário, estamos fazendo dezessete anos. Eu ganho um cartão de crédito e nosso pai dá a Louis um carro. Nem podemos dirigir ainda, mas isso prova que meu pai faria qualquer coisa pelo filho favorito dele. Fingi não me importar, mas todos os dias tudo o que penso é que não vejo a hora de terminar o colégio e ir embora daqui.
Uma semana mais tarde, Louis está nervoso e agitado quando chega a casa. Percebo e sinto em meu interior que ele precisa de mim, então o chamo para caminhar em volta do quintal grande de nossa casa, apenas para conversarmos sem ninguém por perto. Andamos em silêncio até o lado oposto da casa e nos sentamos na grama.
— Agora me conta o que está acontecendo. — Quebro o silêncio.
Louis esfrega as mãos no rosto e depois no cabelo.
— Papai sabe sobre Isabella e eu. Aparentemente, ele tem me seguido.
Arregalo meus olhos, incrédulo.
— Puta merda.
— Ele me chamou ao escritório dele hoje e me disse que não iria aceitar eu com alguém, nas palavras dele, "como ela". — Finaliza com aspas.
— Nosso pai é um babaca, Lou.
— Eu sei, cara. Você precisava ver os olhos dele, enquanto dizia que ela só queria se aproveitar de mim. Havia raiva lá.
— E o que você fez?
— Eu disse que não ia me separar dela, e que ele ia ter que aceitar. — Ele abraça os joelhos. — Ele ficou em silêncio e me mandou vir para casa.
— Acha que ele vai fazer algo?
— Tenho certeza que vai, mas isso não é o pior de tudo. — Outra vez ele esfrega o rosto, nervoso.
— Fala, Louis, está me deixando nervoso também.
— Isabella está grávida.
Ok. Isso vai ser o caos.
— Puta merda. — Incapaz de dizer algo que preste, é o que falo.
— Ela me disse hoje que estava atrasada há muitos dias e então fomos à farmácia e... Ela está grávida.
— O que pensam em fazer?
— Eu quero me casar com ela, ter nossa família, mas sei que não é essa a vida que papai espera para mim e provavelmente ele vai me matar. — Ele sorri sem humor.
— Foge, cara! Leva ela com você. E deixa que nosso pai se foda.
Louis ri.
— Se fosse tão fácil, irmão. Até parece que não conhece Charles Jeon.
Estranhamente, à noite, quando nosso pai chega a casa, parece que não tinha acontecido nada. Ele fala com Louis e nossa mãe normalmente e comigo ele fala o básico, mas agora também nem ligo mais. Parece quase tudo normal. Quase.
— A partir de hoje teremos um segurança acompanhando vocês, onde quer que vão. — Meu pai anuncia no meio do jantar.
— Para quê isso? — pergunto chocado.
— Quero que estejam em segurança longe de meus olhos.
— Pai, isso não é necessário. E se é devido à Isabella e nossa conversa de hoje à tarde, vamos conversar. — Louis quase choraminga ao dizer.
— Filho, não temos o que conversar e você tem que entender que essa moça não é para você.
Louis não rebate. Ninguém diz mais nada. E, além de uma peça fora do tabuleiro, agora também me sinto inútil por não poder ajudar meu irmão.
Um mês passa. Louis está cada dia mais triste longe da namorada e aparentemente ela também está o evitando. Vê-lo triste me deixa triste, então, como ninguém se importa comigo aqui, eu saio sem dizer aonde vou e chamo um táxi ao invés de usar o motorista da família. Vou até perto do instituto onde Louis disse que conheceu a moça e procuro por ela. Sem sucesso, aparentemente.
No entanto, sento-me em um dos bancos ali próximo e meia hora depois vejo meu irmão caminhando com uma moça, os dois parecem tristes. Aquela deve ser a Isabella. Observo até que eles param em uma esquina e eu os vejo, estão chorando. Dão um beijo demorado que parece ser o último e então ela vai embora. Louis fica ali na esquina vendo a mulher que ele ama indo embora, imóvel, fraco e destruído.
Caminho até ele e, quando me aproximo, o abraço de lado.
— Logan, o que faz aqui?
— Vim te levar para casa.
Caminhamos lado a lado até um ponto de táxi e vamos em silêncio até nossa casa. Louis vai para o quarto dele e eu acredito que ele não queira companhia agora, então apenas vou para o meu. Horas mais tarde, ele ainda não havia saído do quarto, então vou ver como ele está. Bato em sua porta e nada. Bato novamente, outra vez nada. Então giro o trinco e a porta está aberta. Entro no quarto e ele está deitado na cama, com o rosto inchado de choro, mas dormindo. Aproximo-me e me sento ao lado dele no chão. Quero estar aqui para ele.
Fico bastante tempo sentado ali, até que ele acorda.
— Cara? Que horas são? — ele perguntou com a voz de sono.
— Quase meia-noite. Vim ver se estava bem e você estava dormindo, não quis te acordar.
— Tudo bem. E não, não estou bem.
— O que aconteceu?
— Isabella disse que perdeu o bebê e que não podíamos mais nos ver, não queria ter a constante lembrança do que fiz com a vida dela.
— Você acredita nisso?
— Claro que não. Tenho certeza que tem dedo do nosso pai no meio.
— Será que ele seria capaz?
— Seria. E, bem, se ela não me quer mais na vida dela, o que eu posso fazer?
Nos próximos dias soubemos que Isabella e a família tinham ido embora de Bridge Hill. Ela não se despediu de Louis, não disse para onde ia, ela só foi.
Os dias vão passando e gradualmente meu irmão vai se recuperando, ou pelo menos é o que todos acreditam, inclusive eu. Porém, acho que ele tem recaídas ocasionalmente, devido à pressão de nosso pai sobre ele, a saudade de Isabella e o filho que ele nunca terá. Por diversas vezes, o ouço chorar em seu quarto, mesmo que no outro dia ele esteja sorrindo.
Certa manhã, preciso usar seu banheiro e noto gotas de sangue na pia. Quando o pergunto, ele diz ter se cortado enquanto se barbeava. Interessante é não haver nenhum corte em seu rosto. Não pressiono, apesar de sentir que eu devo.
Louis aparentemente está bem outra vez, meses haviam se passado e ele parece... feliz. Ele começa a passar mais tempo comigo, diz que todo dia junto é precioso. Inclusive, ele passa a dormir em meu quarto, onde conversamos sobre tudo e ele sorri ao me ver falar que eu quero ter uma fazenda. Até mesmo fotos, que mal tínhamos, ele insiste para tirarmos mais. Ele mesmo enche o rolo da câmera do meu celular de fotos dele fazendo caretas e nós dois juntos.
Eu me sinto genuinamente feliz passando mais tempo com meu irmão, a única pessoa que me ama e eu amo mais ainda.
— Logan, promete para mim que você vai sair dessa casa e conquistar sua tão sonhada fazenda — Louis diz do nada no meio da noite enquanto estamos nos preparando para dormir.
— Prometo, cara. — Eu sorrio mesmo que ele não veja no quarto escuro. — Minha fazenda vai ser imensa — falo com um tom sonhador. Porque em nossa realidade, isso é apenas sonho.
— Eu quero que se cuide, Lo. Você tem uma longa vida pela frente. Me orgulhe, cara. — Ele diz me abraçando e é estranho. Até parece que ele está se despedindo.
— Que conversa é essa?
— Nada de mais. Estava pensando em ir até aquela cachoeira que íamos quando criança, podíamos ir amanhã?
— Tem certeza? Não somos ótimos nadadores.
Louis ri.
— Eu só quero sair de casa um pouco e lá parece ser um lugar calmo, sem muita movimentação. Vamos, por favor.
— Tá bem, vamos sim.
Na manhã seguinte, quando acordo, Louis está sentado em minha escrivaninha, concentrado enquanto escreve algo.
— Bom dia, cara — eu digo, me espreguiçando na cama.
Ele fecha o caderno abruptamente e sorri nervoso.
— Bom dia, Lo. Dormiu bem?
— Dormi, e você?
— Não dormi muito. Mas vou descansar bastante em breve — ele diz e eu não entendo muito. — Vou me arrumar para tomar café, você vem logo?
— Vou sim — respondo, tirando as cobertas de cima de mim.
Louis arranca a folha do caderno e sai do meu quarto. Vou até meu banheiro, escovo o dente e depois me troco. Antes de sair do quarto, a curiosidade me faz recuar e olhar o caderno. Há várias folhas riscadas, como se ele tivesse riscado apenas por não saber o que escrever. Viro a folha e só tem uma palavra escrita: motivo. Essa folha está marcada, a que ele arrancou estava em cima dessa, com certeza. Penso em olhar contra a luz, mas ouço-o gritar:
— Cadê você, cara? Dormiu de novo?
Guardo o caderno na escrivaninha, mais tarde eu leio. Desço as escadas e Louis está sozinho na mesa do café.
— Cadê nossos pais? — pergunto, me sentando de frente a ele.
— Pai saiu cedo e mãe não desceu ainda.
— Seremos só nós dois, ótimo.
Comemos o café que nos foi servido e sorrimos um para o outro. Louis parece verdadeiramente feliz, e se ele está feliz eu também estou. Mas, por algum motivo, meu coração está apertado. E esse sentimento só piora quando, depois que tomamos café, ele segura minha mão, me puxa até a sala e aí me abraça apertado.
— Eu te amo, cara — ele diz quando nos afastamos.
Eu não digo de volta porque estou preocupado com seu ato repentino.
— Por que isso agora?
— Nada de mais. Eu só quero que saiba que eu amo você, tipo muito, mais que três voltas no planeta.
Eu sorrio e ele sorri de volta. Posso dizer que o amo, mas não o faço.
— Vamos à cachoeira? — ele pergunta.
— Já? É, tipo, nove da manhã. Não podemos ir mais tarde?
— Não, Lo. Quero ir agora, antes que me falte coragem.
— Coragem? Coragem de quê? Não entendi.
— Relaxa — ele sorri. — Vamos passar mais um tempo, juntos.
Saímos até o carro que nosso pai lhe deu e entramos.
— Vamos aproveitar os segundos — Louis diz e dá partida.
O caminho até a cachoeira é silencioso, mas meu coração continua apertado. Tento puxar assunto.
— Logo faremos dezoito, estou ansioso.
Ele olha brevemente para mim e continua olhando a estrada.
— Quando você fizer dezoito, espero que já tenha seguido sua vida, irmão. E trabalhe para conquistar todos os seus sonhos.
Chegamos à cachoeira e o barulho de água corrente já é audível. Descemos do carro e caminhamos lado a lado até o rio, que, desde a última vez que fomos, parece mais fundo.
— Vamos lá em cima?
— Não sei, não. Vamos só ficar aqui e observar a água correr.
— Não tenha medo, cara. Eu estou com você.
Ele estende a mão e eu a seguro, percebendo que está tremendo e suada. Subimos o morro de terra e mato até estarmos lá em cima, sobre a cachoeira. Observamos a água correr, rápida e barulhenta, tão agitada. Continuamos de mãos dadas, até que Louis ri baixinho e então começa a chorar. Meu coração dispara no peito, eu não sei porque ele está chorando.
— Ei, cara. O que foi? — Tento abraçá-lo, mas ele dá um passo atrás.
— Chegou a hora, mas eu não teria coragem de vir aqui sozinho, e me odeio por fazer você vir, irmão. Me perdoa.
— Louis, que merda você está falando? — pergunto agora nervoso e com os olhos embaçados.
— Eu estou cansado de viver, Logan. Cansado de sofrer, cansado...
— Louis, cara... Você está me assustando.
Ele sorri com o rosto molhado.
— Deixei uma carta na maleta de nosso pai antes dele sair hoje de manhã. Lute pelos seus sonhos, Lo... — Ele limpa a lágrima que escorre em meu rosto. — Eu te amo, cara.
E então ele se afasta e sai correndo, pulando de cima da cachoeira direto para o rio fundo.
— Louis! — grito ao vê-lo saltar.
Ouço seu corpo cair na água com um grito alto de dor. Desço correndo o morro e escorrego na terra, me sujando todo, mas isso pouco importa, eu preciso ajudá-lo.
— Louis! Louis! MEU DEUS! — Continuo gritando enquanto ele não aparece na superfície.
Logo ouço sirenes e carros se aproximando. Quando notei, é meu pai junto à polícia e muitos homens que presumo ser gente para ajudar.
— Cadê ele? CADÊ ELE, LOGAN? O QUE VOCÊ FEZ COM ELE? — Meu pai grita comigo e eu travo, morrendo de medo dele e de seu olhar de ódio. — RESPONDE!
Ele me empurra e me faz cair. Um policial se aproxima e me ajuda a levantar e outro afasta meu pai. Enquanto isso, alguns mergulhadores pularam no rio, mas eu sinto no meu coração que é tarde demais.
A água corre muito forte e rápida, meu pai continua gritando e me culpando. Eu não o julgo, se eu não tivesse trazido Louis aqui ele não teria pulado. Por que Louis? Por quê?
Passo a noite na delegacia, dando depoimento. Não que eu queira falar, mas preciso. Não me acusam porque Louis deixou uma carta escrita a punho dizendo o que faria e os motivos pelo qual faria. Ele não era feliz, mas seus sorrisos me enganaram bem. Eu devia ter prestado mais atenção nos detalhes. Agora tudo faz sentido para mim.
Quando sou liberado, não tem ninguém para me buscar, vou para casa de táxi e ela está vazia. Subo até meu quarto chorando. Se eu soubesse que descer por essas escadas hoje mais cedo me levaria a subir ela agora dessa forma eu não teria descido. Chego ao meu quarto e procuro o caderno que Louis estava escrevendo hoje mais cedo. Uso um lápis e faço riscos fracos na folha toda, destacando as letras do que ele escreveu em seu último dia de vida.

LARANJA JEON Onde histórias criam vida. Descubra agora