Chapter¹⁰

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𝗔𝗟𝗘𝗫𝗔𝗡𝗗𝗘𝗥· · ─────── ·🌱· ─────── · ·

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𝗔𝗟𝗘𝗫𝗔𝗡𝗗𝗘𝗥
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CINCO ANOS ATRÁS

— Por que mudou de ideia sobre dançar comigo? — Tenho que gritar um pouco porque a música está alta.
— Você irritou minha namorada, ou fui eu. Tanto faz — ele responde.
— Como exatamente eu irritei sua namorada se eu nem falei com ela?
— Bem... — Ele sorri. — Aparentemente, ela disse que eu estava te olhando como nunca olhei para ela. O que não é totalmente mentira.
— Algo em mim, chamou sua atenção? Porque, você sabe, meninos hétero não olham outros caras a ponto de irritar a namorada.
— Você tem razão, meninos hétero não fazem isso. Eu, por outro lado, nunca disse que sou hétero. — Aí ele sorri envergonhado.
Sim, ele está bêbado. Chega a ser adorável toda essa confiança que ele quer mostrar ter.
— Então, menino hétero que nunca disse ser hétero, e se eu te beijar aqui e agora, do meu jeito, aposto que te faço ficar duro.
— Até parece que vou deixar você me beijar, eu não sei nem seu nome... Mas você tem um sorriso lindo. — Ele começa a falar, mas se perde olhando minha boca.
Não espero e avanço sobre ele, beijando-o. Ele reluta bem pouco e aceita que minha língua explore a sua em sua boca. Ele me segura como se precisasse disso para se manter de pé e — puta que pariu — ele morde meu lábio enviando comandos certos para o meu pau já todo duro e interessado. Quando puxo mais seu corpo junto do meu, sinto sua ereção e ele provavelmente sente a minha, e isso assusta o garoto, porque ele me empurra com força e me olha com olhos arregalados. Em seguida ele sai correndo boate a fora e eu não o encontro mais. Tudo o que eu tenho dele é a lembrança de sua boca na minha, porque nem seu nome eu sei.

DIAS ATUAIS

— Escuta aqui, seu peão assanhado, meu namorado está por aqui e ele não deve demorar em me achar — Theodore diz, cruzando os braços.
— Eu não estou nem aí para esse água de salsicha. Teremos uma conversinha aqui, eu e você, mais ninguém.
— Eu não tenho nada para conversar com você. — Ele se vira e começa a caminhar para fora.
— Tem certeza, menino hétero que nunca disse ser hétero?
Ele paralisa ainda de costas para mim. Theodore se vira devagar com olhos arregalados e, até então, ele não diz nada.
— Diferente de você, eu não te esqueci. Penso em você cada maldito dia desde aquela noite. — Confesso na esperança que ele se lembre.
— Não pode ser você, não pode. Quer dizer, como? Eu... Eu não consigo me lembrar do rosto. — Ele demonstra uma reação chateada.
Aproximo-me.
— Você estava um pouco bêbado naquela noite e meio atirado depois que brigou com sua namorada.
— Meu Deus, era você?
Eu sorrio de canto e me aproximo mais.
— Me responde uma coisa, meu menino, até aquela noite você já tinha ficado com outro homem antes?
— Não. — Ele sorri envergonhado.
— Então, quando eu te beijei, eu te assustei? Foi por isso que você correu para longe de mim?
— Eu fugi porque... Porque eu queria aquele homem quente me beijando desesperadamente, eu queria que ele fizesse o que quisesse comigo do jeito que quisesse e isso, sim, me assustou.
— Aquele homem está bem aqui, Theodore. — Um último passo e eu estou tão perto dele que nossas respirações se mesclam.
— Por que nunca me disse ser você? Por quê? — ele sussurra.
— Porque eu achei que você lembrava e estava me ignorando de propósito. Depois, quando me toquei de que você podia realmente não se lembrar, era tarde e você já estava com aquele mauricinho água de salsicha.
Ele sorri de canto.
— Preferiu me deixar te odiar e todas as suas cantadas sem graça a me dizer que você é a razão pela qual eu venho ficando com homens desconhecidos todos esses anos?
— Gosto de te provocar, às vezes. — Seguro sua nuca e roço meus lábios nos dele.
— Às vezes? Que tal sempre? — Ele murmura e eu sorrio vitorioso por ele não estar me afastando. — Só tem um jeito de ter certeza que era você naquela noite.
E então ele me beija. Ele. Me. Beija.
Seguro sua cintura e empurro-o contra meu carro, tomando as rédeas do beijo, para mostrar a ele o que eu posso fazê-lo sentir só por ter minha boca na sua.
— Theodore?
Ouvimos alguém chamar e só então nos afastamos.
— Damian! — Theodore arregala os olhos.
— Água de salsicha. Tinha que ser — murmuro com desgosto.
— Eu socializo por uns minutos e você se presta ao papel de se agarrar com qualquer um. Não estou surpreso, Theodore, você bem que faz o tipo puta qualquer.
Quando o água de salsicha termina de bostear pela boca, eu vou para cima dele, acertando um soco no seu maxilar.
— Nunca mais fale assim com ele, seu imbecil dos infernos. — E dou outro soco em seu estômago.
Ele geme de dor e segura o local que acabei de agredir.
— Socorro! Alguém me ajuda, tem um maluco me agredindo aqui. — O água de salsicha grita.
— Acho bom você se virar e ir embora sem olhar para trás ou eu vou fazer seu rabo de bola e meter o bicudo — digo com indiferença.
— Eu vou, mas fique sabendo, isso não vai ficar assim. Theodore, nunca mais me procure e você... — Agora ele aponta para mim, ainda segurando o estômago. — Você mexeu com o homem errado, prepare-se para um processo dos grandes, seu Zé-Ninguém.
— Vai me processar, é? Quem é seu advogado? Espero que ele seja ótimo — pergunto com desdém.
— Sim, não tenho força para revidar, mas nos tribunais garanto que você estará ferrado. Vai ser impossível eu perder, eu tenho o melhor advogado de Bridge Hill: Antony Banks.
Puxo Theodore para meus braços e beijo a bochecha dele só para provocar o homem, aí sorrio com escárnio e respondo:
— Aproveita e diz ao meu pai que estou com saudades. Agora some antes que eu comece a te bater de novo, água de salsicha.
O homem bufa com ódio e sai sem olhar para trás.
— Antony Banks é teu pai? — Theodore pergunta finalmente.
— Você parece chocado. — Continuo mantendo proximidade porque esperei tanto por uma oportunidade.
— É que ele é tipo o melhor advogado de Bridge Hill, um dos mais ricos também. Na verdade, a família Banks inteira é. E você... — Ele para de divagar. — Você não parece ser do tipo "eu esbanjo dinheiro".
— É porque eu não sou. Eu já te disse isso, meu menino, eu sou rico, mas eu gosto disso aqui. Por muito tempo pessoas se aproximaram de mim pelo dinheiro que minha família tem e não por estar verdadeiramente interessadas em mim, então eu decidi fingir que não tenho nada disso e estou muito mais feliz assim.
— Você disse sim, disse também que iríamos ter um poleiro cheio de galinhas e sete filhos. — Ele sorri agora com a lembrança. — Não achei que era sério.
Beijo o pescoço dele e vou distribuindo mais beijos até chegar à orelha dele e morder devagar, o que lhe faz gemer baixinho, mas não passa despercebido.
— Vamos recomeçar, me deixa te levar para sair e vamos nos conhecer de novo, como há cinco anos.
— E pensar que você esteve tão perto esse tempo todo e eu te achando o mais abusado de todos os tempos. — Theodore responde e esfrega as mãos em meu peito coberto pelo terno.
— Eu sou abusado, sou safado, sou amoroso e sou determinado. Eu quis você naquela noite, eu quis você todos esses anos e quero muito você agora.
Theodore se afasta ainda sorrindo abertamente e eu me perco nesse sorriso lindo.
— Jantar na sexta? O que acha? — pergunto, colocando minhas mãos nos bolsos porque, na verdade, quero pôr nele, mas não quero afastá-lo.
— Sexta parece bom... — Ele morde a unha, envergonhado. — Me sinto um bosta por brigar com você, todas às vezes que você me cantou.
— Águas passadas, meu menino. Não combinamos de recomeçar?
— Isso parece bom, então eu vou te ver de novo na sexta.
O sorriso em seu rosto ganha força e me desestabiliza todinho. Em um segundo estou admirando seu rosto, no outro corro até ele e o beijo. Agora que eu finalmente posso fazer isso após anos, não perco a oportunidade.
— Deus do céu, você beija tão bem... — Theodore murmura quando nos afastamos para respirar.
— Tem uma porção de coisas que eu faço bem também, você devia experimentar.
— Alexander! — Ele me repreende, mas sorri com expectativa. — Vou embora, pode me acompanhar até meu carro?
— Por que você já tem que ir?
— Tenho que escrever uma matéria para publicar na segunda, se não meu chefe surta comigo.
— Matéria, é? Você trabalha em algum jornal ou coisa do tipo? — pergunto, beijando seu pescoço.
— Trabalho no prédio da revista Mulher Moderna.
Quando ele termina de falar, eu começo a tossir porque puxei o ar com força sem nem perceber. Ele está visivelmente preocupado com minha crise de tosse do nada.
— Meu Deus, Alexander, respira. O que eu fiz? — Ele tenta me acalmar.
Respiro fundo e me acalmo. Eu não preciso reagir desse jeito, não tem como ele saber que leio essa revista. Só se Logan contar, aí serei obrigado por laxante na comida dele quando Miles estiver por aqui. Ao invés de transar igual coelho no cio, o único buraco que ele vai ver é o da privada.
— Desculpe, estou melhor, não foi nada. — Tento dissipar a preocupação de Theodore.
— Achei que era sobre meu trabalho ou alguém de lá. — Ele espreita os olhos em mim. — Você já ficou com alguém de lá? É por isso que reagiu tão mal ao saber que trabalho lá também?
— Claro que não, eu só não sabia que você trabalhava para uma revista feminina, foi... inusitado.
— Eu até gosto de lá, eu gosto de escrever, me deram a oportunidade e bem... As leitoras adoram as bobagens que escrevo lá. Acho que devo ter alguns leitores masculinos também, mas noventa por cento é mulher.
— Interessante. Qualquer dia eu leio algo que você escreveu. Aliás, o que você escreve lá? — Tento soar indiferente, não quero que ele saiba que eu leio a maldita revista.
— Ah, bobagens: dicas de paquera, dicas sexuais para casais, como conquistar aquela pessoa e por aí vai. Como eu disse, são bobagens. — Ele sorri envergonhado.
Aproximo-me dele novamente e beijo sua boca para remover toda vergonha que ele está sentindo e pergunto:
— E essas dicas aí funcionam com você também?
— Ah, não muito. Eu escrevo coisas fáceis de fazer e que todo casal ou pessoa gostaria de tentar, mas eu... Eu gosto de coisas mais... Como eu posso dizer? Mais ousadas.
— Devia escrever sobre isso, porque deve ter muitas pessoas interessadas em coisas mais ousadas e não dizem por achar que é um tabu.
Inclusive quero saber que coisa ousada você gosta, então pelo amor de Deus, escreva.
— Pode ser, vou pensar no assunto. Agora preciso mesmo ir, está tarde. — Ele beija minha bochecha e segura minha mão. — Vai me acompanhar até meu carro?
— Vou, sim, vai que você muda de ideia sobre sair comigo no caminho até lá.
— Não seja bobo, eu vou sair com você, peão safado. — Ele dá um empurrãozinho de leve em meu peito e eu seguro sua mão pressionada em mim.
— Safado e bonito, admite aí. — Sorrio para ele.
— Não vou admitir nada. — Ele sorri e sai andando. — Você vem? — Ele olha por cima do ombro, mas eu estou encarando sua bela e marcada bunda.
— Vou... Ah, se vou.
Acompanho Theodore até o carro dele e, antes que ele diga algo, o beijo de novo.
— Não que eu esteja achando ruim, mas por que você veio com seu carro? E o água de salsicha? Vocês não estavam juntos?
— Eu não queria ter que ir embora com Damian e vir com meu carro não teria nenhum problema. — Ele desvia o olhar e está visivelmente incomodado.
— Me diz o que está te incomodando nessa história, por favor. — Acaricio seu rosto.
— Eu acho que... Damian só me via como um depósito de porra. Se ele me levasse para casa dele seria apenas para satisfação dele e se eu preferisse ir embora ele seria um pouco... agressivo.
Agora eu quero ir atrás do ordinário e moer ele no cacete.
— Olha para mim. — Seguro o rosto dele, fixando nossos olhares. — Ele nunca mais vai encostar em você, e se depender de mim você nunca mais vai se sentir usado. — Beijo seus lábios uma vez e termino: — Eu sei quando não é não e se um dia você me disser sim, eu vou ser o amante mais generoso do mundo para você, meu menino.
— Você está me fazendo sentir um merda por ter te tratado mal todo esse tempo, achando que você só estava me zoando. — Ele acaricia minha nuca e me dá mais um beijo. — Vou embora e esperar até sexta-feira ansiosamente.
— Sete dias para te ver de novo, sete longos dias.
Ele solta minha mão e entra no carro.
— Até sexta, peão safado. — Ele acelera e vai embora.
Mesmo assim eu grito:
— Safado e bonito... — Sorrio e murmuro o resto. — E completamente apaixonado por você.
Volto para a festa sorrindo como se tivesse ganhado uma fortuna. Todos os dentes perfeitos e a mostra são o motivo pelo qual eu pago plano dentário.
— Filho, sabe do Mimi e do Logan? Não os vi mais. — Tio George me para enquanto eu ando até a mesa de doces.
— O senhor quer a resposta mentirosa ou a verdade? — Como um docinho de coco.
Ele me encara e pensa um pouco. Suas bochechas coram. A esposa ao lado bebe seu champanhe para esconder o sorriso na taça.
— A mentirosa — ele diz.
— Miles foi para casa dormir e Logan foi salvar o mundo na sua super caminhonete laranja — respondo e como outro doce de coco.
— Agora a verdade. — Ele cruza os braços e aperta os olhos, me encarando fixamente.
— Miles e Logan estão agora transando muito em algum lugar dessa fazenda.
O homem fica ainda mais vermelho e olha para a esposa, que não se aguenta e ri.
— Querido, eles são meninos apaixonados no auge da juventude, isso é normal. — Ela acaricia a bochecha vermelha do marido e depois o beija. — Depois te conto o que peguei aqueles dois fazendo.
Eles saem andando juntos e eu resolvo ir me deitar. Chega de festa por hoje, eu só quero que a sexta-feira chegue logo e mal posso esperar para ler as atualizações da mulher moderna.

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