Chapter³

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𝗟𝗢𝗚𝗔𝗡· · ─────── ·🌳· ─────── · ·

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𝗟𝗢𝗚𝗔𝗡
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Livro-me das roupas molhadas de chuva — e porra — e vou tomar um banho quente. Certamente preciso de um banho agora. Minha ficha caiu. Eu transei com um homem. Eu transei com o filho do meu patrão e eu gostei disso. Achei que ele tivesse gostado também, mas vê-lo correr de mim quando chegamos me faz questionar se ele se arrependeu.
Seco-me e visto apenas uma bermuda, não estou com cabeça para voltar ao barracão e estocar sacos de ração. Jogo-me na cama e deixo o meu corpo relaxar. Talvez eu precise descansar também, tanto que nem me dou conta quando adormeço.
— E aí Logan?
— Louis? Eu estou sonhando? Que porra é essa?
— Relaxa cara. — Ele sorri. — Sim, você está sonhando, afinal, eu morri, lembra?
— Lembro — respondo amuado, afinal eu levei a culpa.
— Ih, desfaz essa cara. Lo, nós dois sabemos que a culpa não foi sua, eu quem quis pular.
— Eu podia ter impedido.
— E morreríamos os dois, não seja idiota. Mas não é disso que eu quero falar.
— Sobre o quê?
— Quer falar sobre um certo garoto de sorriso bonito, não? Você sabe, aquele que você está muito interessado.
— Miles?
— Isso aí! — Ele sorri. — Quem diria, hein? Balançado por um cara. Interessante.
Eu sorrio envergonhado.
— O que eu posso fazer? Aquele garoto me atrai com tanta força… Me assusta também chegar a essa conclusão, mas, sim, estou balançado.
— E então, suponho que já transaram, uh! Diz aí, você foi artilheiro ou goleiro? — E como sempre ele faz suas piadinhas bobas.
— Que conversa é essa? Eu não vou dizer.
E então Louis ri alto. Sinto tanta falta de ouvi-lo rir assim.
— Como se eu não soubesse. Eu só queria te provocar, como nos velhos tempos. — E então seu sorriso perde a força.
Consecutivamente o meu também.
— Eles ainda não falam com você?
Nego. Louis se senta ao meu lado na cama e sorri de canto antes de dizer:
— Tudo bem, Lo. Não importa mais, você já tem a sua felicidade em vista, não o deixe escapar. — E então ele some.
Acordo. Já anoiteceu e eu estou sozinho. Mais uma vez sonhei com Louis. Dessa vez não foi reprise daquele dia em questão, foi mais real, como se ele estivesse de fato aqui.
“Você já tem sua felicidade em vista, não o deixe escapar...”. Sua última frase ecoa em minha mente. Será que ele estava falando do Miles?
Respiro fundo e procuro pelo meu celular, para ver as horas. São mais de sete da noite. Dormi demais e provavelmente não terei sono à noite, restando horas a fio para minha mente me torturar. Abro a porta e olho de longe a casa grande. Provavelmente estão jantando agora.
Volto e fecho a porta. Estou com fome. Faço um macarrão instantâneo, como, lavo e guardo as coisas que usei e me deito na cama novamente. Fico mexendo no celular, vendo algumas fotos antigas minhas com Sophie. Olhando agora, vejo o que Emília disse sobre não haver amor entre nós. Tínhamos carinho um pelo outro, mas amor…? Amor não.
Passa das dez da noite quando ouço duas batidas bem suaves na porta. Como eu estou bem quieto, consegui ouvir. Foram apenas duas batidas. Levanto-me e caminho até a porta, destranco-a e quando abro Miles está ali. Com os olhos úmidos de choro, nariz vermelho e uma expressão triste no rosto.
— Posso ficar aqui um pouquinho? — Ele pede baixinho, quase que envergonhado.
— Vem aqui. — O puxo para meu peito e rodeio seu corpo com meus braços, o apertando em um abraço reconfortante.
Ele começa a chorar mais contra meu peito e eu vou o puxando para dentro, fecho a porta como dá e apago a luz, caminhando às cegas até a cama, onde o deito primeiro e depois me deito ao lado dele. Ele limpa os olhos e funga tão bonitinho.
— O que houve? — Assim que pergunto, começo a acariciar seus braços com a ponta dos dedos, subindo e descendo, o acalmando.
— Discuti com meu pai... Ele está muito bravo comigo — ele diz baixinho e funga mais uma vez.
Sem saber controlar as reações do meu corpo, me aproximo e selo seus lábios com os meus. Por poucos segundos, mas parece tão certo.
— Por que vocês discutiram?
— Você vai me achar idiota se eu disser.
— Não me julgue tão mal.
— Jantamos hoje: meu pai, a nova namorada dele e eu... Ele quer se casar com ela. Não tem nem um mês que estão namorando e ele já quer casar.
— Mimi, seu pai está só há muitos anos, é natural que agora que ele encontrou alguém queira ficar junto o tempo todo — eu digo baixo e sem represálias para que ele entenda.
— Ele vai esquecer minha mãe.
— Não vai não, ele tem você para se lembrar dela para sempre, Mimi. Se desprenda desse pensamento. Pelo que eu soube, sua mãe era maravilhosa, e todos que a conheceram jamais vão se esquecer dela, muito menos o seu pai. Ele precisa ser feliz também, sua mãe com certeza iria querer vê-lo feliz, mesmo que com outra pessoa.
Ele fica quietinho, pensando, e eu acariciando suas costas.
— Você tem razão, agora eu me sinto tão bobo por discutir com ele. Eu só não quero que minha tia pense que, por eu gostar da nova namorada do meu pai, eu e ele estejamos traindo a memória de minha mãe.
— Se a sua tia pensa assim, ele é desmiolada. — Um sorriso contido brota nos lábios bonitos e eu gosto de fazê-lo sorrir. — Não tem nada de errado em seguir.
Repito isso para mim mesmo há anos.
Uma de suas mãos serpenteia por minhas costelas nuas e descem para as minhas costas. Pouco a pouco ele vem se aproximando mais, pedindo indiretamente que eu o deixe mais um tempo nos meus braços. Como se eu não fosse deixar. Aperto meus braços ao redor dele e sua cabeça fica aninhada no meu peito, nos encaixamos como dá e ficamos ali um bom tempo no escuro, apenas... abraçados e trocando carícias.
Achei que ele tinha dormido e puxo meu braço para acomodá-lo melhor na cama de solteiro, mas levo um susto quando ele segura meu pulso com força.
— Por favor, me deixa ficar aqui mais um pouco? — Ele pediu amuado.
Nem parece o teimoso de sempre.
— Calma, eu só ia acomodar você. Pensei que estava dormindo.
Vou até os pés dele e tiro seus sapatos e depois vou até o guarda-roupa pegar um cobertor maior. Começo a arrumar um canto para que eu possa me deitar no chão.
— Você não vai dormir aqui? — Miles pergunta abraçando os joelhos, agora que ele está sentado.
— A cama é pequena para nós dois, melhor você ficar nela e dormir bem. Eu durmo aqui no chão mesmo.
— Ah... Ok. — E, como um cachorrinho, ele murcha as orelhas e se deita.
Coloco o cobertor no chão e pego um travesseiro extra para mim. Deito-me e suspiro. De cima da cama, Miles suspirou também. O cheiro dele toma conta do cômodo e eu só quero sentir de perto, de novo. Mas não quero que ele saia correndo de mim como fez hoje mais cedo depois que... Bem, transamos.
— Jeon, tá dormindo? — Miles sussurra.
— Não, Mimi. Por quê?
— Volta aqui para cima, por favor. — Há até certo dengo em seu pedido sussurrado.
Não vá Jeon, diz minha mente. Levanto-me e me deito na cama pequena com ele. Já que estamos na chuva, vamos nos molhar. Nossas pernas se entrelaçam para conseguirmos nos encaixar em cima da cama pequena. Estamos de lado, olhando atentamente um para o outro.
— Não vamos falar do que fizemos? Vamos fingir que não aconteceu? — A pergunta sai de mim antes mesmo que eu tenha tempo de me arrepender de perguntar.
— Foi errado, Jeon. Não devíamos ter feito, não enquanto eu sou um homem comprometido.
— E mesmo comprometido você está aqui na minha cama, não é errado também?
— Quer que eu vá embora? — Ele se senta na cama, pronto para se levantar.
Seguro sua cintura e me sento também.
— Calma! Eu não disse isso. Mas eu não vou mentir para você, Miles, estou muito interessado em você e você não está livre mesmo sabendo que seu até então namorado trai você.
— O que você quer que eu faça, Logan? Se você lembra, eu não sou muito melhor que ele... Não depois de hoje.
Suspiro e esfrego meu rosto nas mãos.
— Eu vou voltar para a casa grande. Eu não devia ter vindo aqui, na verdade, eu não sei por que vim justamente aqui.
Seguro seu pulso.
— Não vai... Fica — peço, quase imploro.
— Você não me quer aqui.
— Para a minha desgraça, eu te quero muito aqui... Muito mesmo.
Ele se arrasta para trás e se deita na cama novamente, eu repito o ato e nos cubro. Olho as horas no celular e já é mais de meia-noite.
— Obrigada — ele sussurra quando nossas testas se juntam.
— Não há o que agradecer — sussurro de volta.
Nossos corpos estão outra vez grudados e nossas testas juntas. Um movimento lento dele e nossos narizes se roçam, e então eu faço o mesmo movimento da cabeça propositalmente para poder acariciar o narizinho dele com o meu. Nossas bocas se roçam e ele solta o ar por entre os lábios antes de capturar os meus. Um gemido de satisfação me escapa antes que eu aprofunde o nosso beijo.
Começa lento, explorando e saboreando, e eu adoro que ele tenha fixação oral. Miles nem percebe que está chupando meu lábio inferior a cada vez que nos afastamos para respirar. Puxo seu corpo para junto do meu e nos viro na cama, deixando-o por cima. Eu não devia ter feito isso, porque inconscientemente ele está se esfregando em mim enquanto nos beijamos e isso está me deixando louco.
— Você vai me deixar duro, pare — sussurro quando nossas bocas se soltam.
— Eu já estou tão duro.
Quando ele diz isso, eu nos troco de posição na cama pequena, deixando ele deitado e subindo em cima dele.
— Como você está depois de hoje à tarde? Não usamos lubrificante e nem não fomos devagar.
Ele faz uma careta e eu aposto que está corado também.
— Está doendo um pouco, afinal, anal sem lubrificante não é fácil.
— Me perdoa. — Beijo sua boca. — Não vamos fazer nada, não quero machucar você mais.
— Mas… Mas eu estou duro e com tesão.
— E a gente só se beijou, uh? Fala aí que o caipira aqui te deixa doidinho... — Debocho e quando ele começa a querer me estapear eu o beijo de novo.
Dessa vez sou eu quem estou me esfregando nele, minha ereção na ereção dele, sem deixar de beijá-lo. E é uma tortura. Uma tortura boa, obviamente.
— Me chupa — ele diz.
Paro de me mover.
— Chupar?
Eita que eu nem faço ideia de como se chupa um pau, senhor.
— Isso, me chupa... Por favor.
Eu sorrio constrangido antes de dizer:
— Miles, eu nunca chupei um pau antes.
Ele ri incrédulo, mas quando vê que eu estou falando sério o riso cessa.
— Como você transava com outros caras antes, sem sexo oral primeiro?
Eu bitoco seus lábios e sorrio.
— Eu nunca transei com outros caras antes, também.
— Está dizendo que o que fizemos na laranja Jeon ontem foi sua primeira vez com um homem?
Assinto.
— Até anteontem eu estava noivo de uma mulher maravilhosa, por três anos, mas decidimos juntos terminar, não éramos o amor um do outro.
— Então... Você terminou um noivado de três anos e foi só o filho gay do patrão chegar que você resolveu experimentar? — Ele fecha a cara. — É esse seu interesse por mim, Jeon?
— Já disse para não pensar tão mal de mim, Mimi. Eu não vou mentir, eu nunca senti atração por nenhum homem antes e quando vi você... Eu sei lá, parece que você tem um ímã me puxando.
— Estranhamente, senti o mesmo. Era irritante estar tão atraído por alguém que mal conheço.
— Por isso você foi tão mal-educado comigo, seu teimoso? — Vou fazendo-o se deitar novamente.
— Pense o que quiser. — Ele sorri.
— Me ensina a chupar você, Mimi. — Chupo o lábio inferior dele. — Do jeitinho que você gosta, para você gozar gostosinho e dormir.
— Você não vai me foder?
— Eu disse que não vou machucar você, lindo. Mas me ensina a te dar prazer com a boca. Não vai ser tão gostoso quanto seu boquete porque eu não tenho aquele truque mágico que você tem.
Ele ri e acaricia minha nuca.
— Eu gosto lento e bem molhado.
Deixo minha boca juntinha da dele e digo sussurrando:
— O que mais?
— Olhe para mim enquanto estiver me chupando e gosto de lambidas lentas lá. — Ele me afasta para esconder o rosto com as mãos.
Safado e fofo. Beijo seu pescoço e deslizo minha boca até seu ouvido.
— Gosta que chupe os testículos também? — sussurro.
Ele assente ainda cobrindo o rosto com as mãos.
— E quando minha língua escorregar por seu períneo até lá, o que eu faço Mimi? — Outra vez pergunto, sussurrando em seu ouvido.
— Enfia devagar — ele responde baixinho.
Removo suas mãos do rosto e o beijo devagar, calmo, deixando-o saborear minha boca assim como saboreio a dele.
— Devagarinho então?
Ele assente. Jogo a coberta de lado e desfaço o botão da bermuda dele, puxo o tecido até deslizar por suas pernas e então puxo a cueca justa, que deve estar o deixando desconfortável já que está duro para cacete. O pênis médio e completamente duro está alongado sobre sua barriga e eu não posso deixar de observar os detalhes. O pênis é proporcional ao corpo bonito dele, com algumas veias destacadas por excitação, uma glande inchada e rosada que já está molhada por puro prazer.
— Para de me olhar assim — ele diz e esconde o rosto.
— Assim como? — Ergo ainda mais sua camiseta, deixando-a acima dos mamilos, estes que estão duros e chamativos.
— Como se fosse me comer vivo. A sua intensidade vai me fazer gozar em dois tempos. — Ele choraminga.
Esfrego meu nariz na barriga dele e deixo um beijo molhado no lugar. Em seguida, procuro sua glande com a boca e, quando a encontro, a capturo com os lábios. Pela primeira vez na noite, o chupo.
— Ah... — Miles ofega.
Afundo o seu comprimento em minha boca, esticando meus lábios ao redor do pau dele, tentando não tocar com o dente para não machucá-lo. Ele não é pequeno, então enfiá-lo todo na boca não é opção; não hoje, pelo menos. Quando sinto sua glande tocar minha garganta, começo a fazer o caminho de volta, chupando com o máximo de saliva e bem devagar.
Molhado e lento, como ele disse que gosta.
Na segunda tentativa, faço o que ele me pediu e chupo fazendo contato visual com ele, que está castigando os lábios com mordidas. Quando volto apenas para a glande, trato de esfregar minha língua ali e uma de suas mãos segura meu cabelo com força. Então mordo vagarosamente, apenas deslizando os dentes sobre sua glande.
— Inferno... Jeon! — ele geme e agora está puxando os próprios cabelos.
Deslizo minha língua por todo seu comprimento até chegar aos testículos pequenos, os quais consegui chupar um de cada vez com afinco, deslizando minha língua por entre eles. Puxo meu travesseiro e ergo facilmente o quadril dele, para por embaixo de sua bunda, deixando seu corpo elevado e de fácil acesso para mim.
— Abre as pernas, amor. Deixa-me te ver — peço, acariciando as coxas fartas.
Ele abre as pernas e as dobra com os pés apoiados no colchão. Seguro por trás das coxas e deslizo minhas mãos até as bandas redondas de sua bunda para suspender seu corpo do colchão e facilitar o que eu pretendo fazer. Chupo seus testículos novamente para juntar saliva na boca e então deslizo a língua molhada pelo períneo até o fatídico buraco maltratado de Miles.
— Puta merda, Logan!
Ele está todo sensível depois que transamos, eu não seria louco de forçá-lo aqui apenas para o meu prazer. Não quando eu sei que não sou nada pequeno e ele não tem juízo, principalmente quando está com tesão. Prova disso é que ele se empalou no meu pau ontem sem lubrificante.
Lambo uma vez e ele aperta os dedos dos pés gemendo manhoso. Lambo de novo e começo esfregar minha língua rapidamente, para cima e para baixo e depois movimentos circulares. Suas mãos estão novamente em meus cabelos, puxando e acariciando. Quando já há saliva demais, forço minha língua para dentro. De primeira não dá, por isso forço mais uma vez e ele começa a se masturbar. A ponta de minha língua entra e começa a fodê-lo, alternando entre foder e lamber, bem lento e bem molhado.
— O dedo, Logan, use o dedo, por favor, use... — ele pede gemendo dengoso e baixinho.
Levo meu indicador à boca e trato de chupar da mesma forma que fiz com o pau dele até deixar bem molhado e, devagarinho e com paciência, vou enfiando.
Quando a ponta entra, volto a chupar os testículos e vou subindo pela extensão até a glande, onde chupo com afinco e ele se contrai, levando-me a enfiar o dedo mais um pouco. Não enfio mais do que isso, porque, como eu disse, ele não tem juízo quando está com tesão. Continuo chupando seu pau na mesma lentidão que movo meu dedo dentro dele e suas pernas começam a tremer. Ele está quase lá.
Seu quadril está inquieto e ele está estocando minha boca devagar mesmo enquanto eu o chupo. Solto seu pau com um chupão audível antes de perguntar:
— Você quer gozar, Mimi? — Ele assente freneticamente. — Fofo. Então enfia seu pau na minha boca e fode.
— Meu Deus, Logaaan...
— Vem, amor, fode.
— Você vai engolir?
— Eu posso tentar.
Ele assente e eu começo a chupar seu pau novamente, até que ele toma coragem para foder minha boca segurando meu cabelo. Seus gemidos estão altos e a cama range pelos movimentos de seu quadril se elevando para estocar minha boca.
Uma cena puramente erótica.
De repente seu corpo desaba na cama e sinto os jatos quentes de porra em minha língua. Vou engolindo bem depressa para não perder nada, e ele, ofegante e corado, acariciando meu cabelo, esperando que eu o tome por inteiro. Quando acaba de gozar, ele está com um sorriso bonito e satisfeito nos lábios. Um sorriso lindo.
Após observar, descanso minha testa em sua barriga.
— Jeon?
— Uh? — Ergo minha cabeça e ele parece confuso.
— Tudo bem?
— Tudo ótimo. Por quê? — Sorrio e ele retribui. — Você sempre faz isso, não é? Pelo que reparei.
— Do que está falando? — ele questiona confuso.
Pego a cueca dele e passo por suas pernas devagar até tê-lo vestido e então me deito ao lado dele novamente, me agarrando a ele. Nossos narizes se tocam e, em questão de segundos, estamos nos beijando de novo.
— Você tem um sorriso lindo quando goza, Mimi. Acho que é um dos seus sorrisos mais bonitos. Infla meu ego saber que consigo te fazer sorrir assim.
Ele começa rir.
— Pare de me deixar envergonhado.
Eu rio junto.
Ficamos em silêncio, e ele diz:
— Vou terminar tudo de vez com o Maddox, assim como você fez com a sua ex noiva. Se não somos o amor um do outro, melhor que sigamos nossas vidas, cada um para seu lado.
— Ser honesto consigo mesmo é a chave — respondo, acariciando sua coxa em cima de mim.
Um período de silêncio e logo sinto sua respiração lenta em meu pescoço. Ele dormiu. E antes que eu finalmente durma, me vem em mente de novo a frase de Louis:
"Você já tem sua felicidade em vista, não o deixe escapar."
[...]
Acordo sozinho na cama. A única coisa que me faz ter certeza de que Miles esteve aqui é seu cheiro no travesseiro. Ele fugiu de novo.
Suspiro frustrado e esfrego as mãos no rosto. Verifico as horas e passa das sete. Além de tudo, estou atrasado. Ótimo! Levanto-me e vou ao banheiro escovar os dentes, em seguida me visto e olho no espelho; meu reflexo me mostra o quanto estou chateado por ele sair sem se despedir.
É quando ouço a minha porta abrir e Miles entra segurando um prato com pães e um copo de suco. Ele cora instantaneamente quando me vê e fica sem jeito enquanto me aproximo. Pego o prato e o copo e deixo sobre a mesa, me volto para ele e puxo seu corpo junto ao meu, deixando-o na ponta dos pés.
— Você está pior que um tomate, todo vermelhinho.
— Oh, pare. — Ele começa a rir e esconde o rosto no meu peito.
— Achei que tinha fugido de novo, como ontem.
— Eu fui buscar café da manhã para você, mas agora eu preciso ir para me acertar com meu pai.
— Certo, obrigado. — Dou um selinho nele, que me puxa para aprofundar o beijo.
— Agora eu preciso ir — ele fala, mas se contradiz ao continuar agarrado a mim.
— Quero te levar em um lugar hoje à noite.
— Onde?
— Não vou dizer, mas garanto que você vai gostar. Pegue um casaco e me espere hoje atrás do barracão.
— Tudo bem. Eu vou indo então. — E ele finalmente me solta.
Miles se vira e faz o caminho até a porta.
— Mimi? — Chamo-o e ele vira devagar com um sorriso miúdo.
Avanço até ele com passos largos e o prenso na porta, atacando sua boca com a minha, saboreando e explorando os lábios macios que me tiram o juízo.
— Vejo você depois?
— Com certeza — ele responde e suspira.
Abro a porta e ele se vai. Como os pães e bebo o suco que ele trouxe para mim e faço uma prece mental: não o deixarei escapar.
Quando termino, dirijo até onde combinei com Alexander de fazer outra cerca e ele já está lá.
— Perdeu a hora Jeon? — Ele sorri de canto.
— Perdi. Desculpa, cara.
— Insônia, não é? — Parece que ele está debochando de mim.
— Unhum!
Começo a juntar as madeiras para fincá-las no chão, do lugar onde ele parou.
— Entendi. — Ele sorri abertamente e tira o chapéu para se abanar. — Você não sabe o que vi hoje de manhã.
— O quê? — Me sento na grama, separando alguns pregos maiores.
— Meu primo, Miles, entrando na casa grande na ponta dos pés. Será que ele também teve insônia essa noite?
Engulo em seco e faço de conta que não entendi onde ele quer chegar.
— Jeon? Não se faz de sonso, não.
— Não sei do que você está falando.
— Ni si di qui vici isti filindi... Fresco véi. Além de péssimo mentiroso, um sonso.
Começo a rir porque não sei lidar com Alexander.
— Ele dormiu comigo. — Admito.
— Irra! Eu sabia. Eu disse, Jeon, depois que você conhecesse o verdadeiro Miles você ia estar ferrado e olha para você cara.
— E de fato estou muito ferrado mesmo.
— Eu espero que vocês se deem bem porque combinam, mas, Jeon…?
— Uh?
— Lembre-se que no final do mês Miles vai embora para Green Fall, as férias acabam e ele volta para a faculdade, então seja lá o que vocês estiverem tendo, tenha em mente que será passageiro.
— Entendi. — Ou pelo menos uma parte de mim pensa que sim, a outra se recusa.
Trabalhamos a manhã toda e precisou de mais madeira, por isso deixo Alexander no lugar e dirijo até a entrada da fazenda para pegar mais das madeiras estocadas lá. Na volta, eu vejo um carro preto parado cerca de 10 km da sede e um rapaz procurando sinal com o celular no alto.
Estaciono atrás do carro dele e desço.
— Está perdido? Precisa de algo? — Me aproximo.
— Eu preciso chegar à sede dos Walkers, mas meu carro parou e eu não faço ideia do que aconteceu.
— Eu trabalho lá, se quiser posso te dar uma carona.
— Show! Aí lá eu chamo alguém para rebocar meu carro de volta para cidade, não pretendo ficar muito aqui.
— Entendi. Vamos?
O rapaz muito bem-apessoado pega sua bolsa no carro e o tranca, faz a volta e entra na laranja Jeon. É, vou chamá-la assim agora.
Enquanto dirijo, puxo assunto:
— Está vindo arrendar uma parte da fazenda com o Senhor George Walker?
— Ah, não. Eu nem sequer gosto de fazenda e essas coisas cheia de mato e bicho para todos os lados… Meu negócio é a cidade. Eu só vim porque meu namorado estava me enchendo o saco.
Fala sério.
— Nem nos apresentamos, que falta de educação a minha, me chamo Logan Jeon e você?
Maddox não. Maddox não. Maddox não.
— Maddox Campbell. Sou namorado do filho do seu patrão, Miles Walker, você deve conhecer.
Conheço. Transamos bem aí no banco que você está sentado.
Assinto e permaneço em silêncio. Parece que a casa grande não chega nunca. O rapaz olha fixamente o assoalho da caminhonete e se abaixa para pegar algo.
— O que a tornozeleira do Miles está fazendo aqui? — Ele pergunta confuso.
Olho de relance a joia na mão dele e continuo prestando atenção na estrada.
— Miles nunca esteve aqui dentro para deixar cair. — Minto. — Mas, eu dei carona para a amiga dele, deve ter arrebentado e ele deve ter dado-lhe para arrumar na cidade e ela, sim, pode ter deixado cair aí.
— É, está mesmo arrebentado o feixe. Mas enfim, eu levo de volta para ele. Fala aí, a Jennie é bonita, não é? Com certeza ela deu mole para você e, para ela ter deixado isso aqui cair, significa que vocês se divertiram, hein? — Ele sorri e ajeita os óculos escuros.
É mole?
— Não, não. Nada houve entre mim e ela.
Já entre mim e o seu namorado...
Finalmente chegamos à sede e estaciono próximo à entrada da cozinha. Descemos. Chego até a entrada da cozinha e avisto Emília cortando legumes na pia.
— Emília, o namorado do senhor Miles está aqui, pode avisá-lo? — Quando termino de dizer, a senhora me olha incrédula.
Ela provavelmente percebe meu desconforto, mas disfarça bem.
— Claro, eu vou chamá-lo. — Ela seca as mãos no guardanapo pendurado em seu avental.
Mas não precisou, logo Miles aparece e, quando vê eu e Maddox lado a lado, arregala os olhos. Maddox passa por mim e vai em direção a Miles.
— Mi, que saudade, amor. — E o beija.
Cerro os punhos e desvio os olhos deles, parando em Emília, que me olha triste. Faço a volta e saio. O que eu esperava? Eu estou sobrando aqui. Remoendo-me em ciúmes, vou para minha caminhonete e levo as madeiras para terminarmos a cerca.
Alexander tenta puxar assunto diversas vezes, mas respondo com frases curtas e ele percebe que eu não estou a fim de conversar, então terminamos em silêncio.
— Jeon, vamos almoçar?
— Pode ir, eu quero ficar sozinho, se não se importar.
— Quer que eu traga comida para você?
— Não precisa, obrigado.
Alexander sobe no trator e vai em direção à sede para almoçar, provavelmente na volta ele já vai saber o motivo do meu descontentamento, ele não é burro. Tiro meu chapéu e me escoro em uma árvore para descansar um pouco e ver se minha mente para de pensar em Miles e Maddox junto.
Que inferno. Que cacete. Porra!
Cochilo e sonho com Louis. Água, muita água. Desespero. Gritos. Choro.
"Isso é tudo culpa sua. Culpa sua!"
"Louis era melhor que você."
"Você o matou. A culpa é sua."
De repente, eu tenho 17 anos de novo e desejo ter morrido no lugar de Louis.
— Lo... Já falamos para não se culpar, nós dois sabemos que você não tem culpa.
— Diga isso a eles. Eu não aguento mais.
— Não tente provar nada a ninguém que não mereça tal prova. Você não precisa, cara, é sério.
— Eles não pensam assim, não é atoa que me deserdaram. Dez anos, Louis! E nunca me procuraram para nada, nem para saber se estou vivo.
— Você não precisa deles, Logan. Você já tem tudo que precisa... Bem aqui. — Olha a vastidão da fazenda. — A propósito, caminhonete bonita. Vem, vamos dar uma volta, você dirige. — Sua imagem começa desaparecer.
— Louis?
— Jeon? Acorda! — E de repente acordo com Alexander me sacudindo. — Você estava tendo um pesadelo ou coisa assim?
— Não, eu acho. Quanto tempo eu dormi?
— Eu almocei e voltei para trazer comida para você, eu não iria te deixar aqui sem comer, jamais. Sou um bom amigo. — Ele sorri e me estende a marmita, com um cheiro delicioso.
Meu estômago ronca.
— E a propósito, já sei por que você está com aquela cara de chupar limão-azedo de novo.
— Eu sabia que você ia descobrir. — Começo a comer.
Abençoada seja Emília e suas mãos de fadas, toda refeição dela é maravilhosa.
— Eles estavam tendo uma briga feia — Alexander diz.
— Eu não quero saber. É como você disse, não tinha como durar mesmo, mesmo sem ou com Maddox ele vai embora ao fim do mês.
— Você pode mudar isso, cabeça de vento. Faça-o querer ficar. Dê-lhe um motivo.
— Eu não vou pedir para ele escolher entre a vida dele em Green Fall e ficar aqui comigo, quando ele não quer ficar aqui.
— Ele disse que não quer ficar? — Alexander cruza os braços.
Não respondo.
— Jeon, meu amigo... Você já tem sua felicidade em vista, não o deixe escapar.
Paro de mastigar e engulo seco, encarando-o assustado. Como ele pode ter dito a mesma coisa que Louis no meu sonho?
— Lá vem você com esses olhos esquisitos e cara de tacho. — Ele ri e se senta para esperar que eu acabe de comer.
— Obrigado por essa conversa, Alexander. Você é um bom amigo.
— Não me agradeça, amigos são para isso mesmo.
Acabo de comer e ficamos mais um tempo descansando. Em seguida, pegamos firme para terminar o cercado de madeira antes que escureça. Quando finalizamos era pouco mais de quatro da tarde e então voltamos para a sede para ver se precisam da gente para outra tarefa. Chegando próximo do barracão de ferramentas, senhor Walker esperava por nós.
— Até que enfim, vocês dois voltaram. O carro do… — Ele pigarreia. — … parceiro do meu Mimi não está funcionando e precisa rebocar até a cidade, algum de vocês poderiam fazer esse favor?
Alexander e eu nos olhamos.
— Jeon vai, tio. Ele quem sabe melhor de nós dois como consertar um carro, talvez nem precise rebocar, só consertar o que parou de funcionar ou sei lá o quê.
Alexander, eu vou te matar.
— Logan, como sempre, um menino de ouro. Vou chamar Mimi e o rapaz. — Ele sai andando até a casa grande.
Quando ele está longe, eu empurro Alexander.
— Pilantra!
Ele ri alto, batendo palmas.
— Eu gosto é do estrago. Miles precisa ver que você é muito melhor que aquele mauricinho pé no saco.
— Você me paga, Alexander.
Quando notamos, três outras pessoas estão no barracão: Miles e Maddox de mãos dadas. Eu não posso fazer isso.
— Olha, eu acabei de lembrar de que deixei os carneiros soltos, preciso ir prender, Alexander pode ir rebocar o carro do senhor Maddox Campbell no meu lugar.
— Eu mesmo vou prender, não tem problema. Vá ajudar os meninos, Logan, por mim. — Senhor George quem diz.
Oh, cacete, inferno, porra.
Eu sorrio apenas esticando os lábios.
— Certo. Vamos então? — Saio andando até a minha caminhonete tendo o casal de pombinhos atrás de mim.
E de fundo posso ouvir o riso de Alexander. Ele está ferrado comigo. Abro a porta do motorista, o primeiro a entrar é Maddox; já Miles, antes de entrar, olha em meus olhos e baixou o rosto envergonhado, aí ele entra também. Faço a volta e entro também.
— Ótimo! Vamos recuperar meu carro e aí poderemos ir embora amanhã — Maddox diz no meio do caminho.
— Eu já disse que não vou, Maddox. — Miles responde encarando a janela.
Fico apenas focado na estrada, até que Maddox diz:
— Encontrei a tornozeleira que te dei de aniversário aqui dentro hoje, estava arrebentada.
Miles o encara e consequentemente a mim, seu rosto ganha tons de vermelho.
— Provavelmente caiu quando Logan me deu carona quando saí para passear pela fazenda.
Fecho os olhos e respirei fundo. Vai dar merda.
— Mas você me disse que Miles nunca esteve aqui dentro? — Ele pergunta, agora virado para mim.
Chegamos ao carro dele, paro a caminhonete, abro a porta e desço. Em seguida, os dois descem.
— Maddox, para. — Miles tenta o segurar.
Ele vem até mim e me vira de frente para ele de uma vez. Esse cara está procurando, eu já não vou com a cara dele.
— Você não me respondeu — ele fala alto.
— Responder o quê, mauricinho pé no saco? — Foda-se, perdi a paciência.
— Primeiro, mais respeito comigo, você é só um empregado aqui. — Aí ele aponta o dedo no meu peito e começa pressionar. — Por que a tornozeleira do meu namorado estava na porra dessa caminhonete horrorosa?
— Se não afastar seus dedos de mim, eu vou quebrar a sua mão — respondo.
— Maddox, inferno! — Miles o puxa com força. — A tornozeleira estava lá porque eu deixei cair, para de problematizar.
— Você deu para ele, não foi? Fala, Miles. Eu fico longe de você e você dá para o primeiro caipira que aparece.
Não penso duas vezes e acerto um murro nele, que cai sentado na terra.
— Logan! — Miles grita e tapa a boca com as mãos, perplexo.
— Você não vai falar assim com ele não, seu monte de bosta. Eu já estou cheio de você e quero que você e seu carro vão para o quinto dos infernos. — Começo caminhar em direção a minha caminhonete.
— Vai, Miles, corre atrás dele. Eu vou dizer para todos na universidade que você me traiu com um caipira brutamonte metido a valentão.
— Quer saber? Fala! Aproveita e fala que você estava me traindo dizendo que ia cuidar do primo.
— Eu estava cuidando realmente do meu primo, eu te disse.
— Eu liguei para sua mãe, Maddox, seu primo nunca esteve doente, seu mentiroso de merda. — Miles chuta a porta do carro do mauricinho.
Esse se levanta furioso e empurra Miles com força, fazendo-o cair sentado na areia. Faço meia volta e vou em direção ao cara, o empurro no carro e dou outro soco nele.
— Não procure mais ele ou eu vou atrás de você e você não vai querer me ver de novo.
— Eu vou te denunciar, seu caipira sem classe. O processo vai ser grande e você vai ter que vender essa lata velha para me indenizar.
— Lembre-se de colocar no documento: Logan Jeon, o capataz que trabalha na fazenda Walker e que tem uma caminhonete laranja. — O empurro contra a lataria do carro e saio andando.
— Você vai me deixar aqui? — Ouço Maddox perguntar, provavelmente para Miles.
— Eu já deixei. Se vira! — E então Miles responde, correndo para o outro lado da caminhonete, abrindo a porta e entrando.
Entro também e dou partida. O caminho até a sede é longo e eu não quero estar sozinho com ele porque estou muito nervoso.
— Fala comigo. — Miles diz depois de uns minutos em silêncio.
Olho para ele em silêncio e não digo nada. Volto a prestar atenção na estrada.
— Jeon, fala comigo, grita, me xinga, mas fala algo, seu silêncio está me matando.
Freio a caminhonete bruscamente.
— Eu não vou gritar ou xingar você, mas não posso esconder minha chateação e eu estou chateado. — Admito.
— Você está com raiva de mim? — Sua voz fica baixa.
— Não diria que estou com raiva de você, só irritado. Irritado que você passou a noite comigo e depois fui obrigado a ver você de mãos dadas com seu namorado.
— Ex. — Ele rebate.
— Tanto faz.
Ficamos em silêncio por uns minutos até que Miles desprende seu cinto de segurança e se debruça no banco, apoiando sua cabeça em meu colo e deixando a bunda arrebitada.
— O que está fazendo? — Pergunto cético com a ação dele.
— Vamos! Me dê umas palmadas. Você disse antes que eu era teimoso e merecia umas palmadas. Estou sendo teimoso agora, então... Bate.
— Eu... Não vou bater em você.
— Vamos, Logan, não tenho o dia todo!
Meu coração dispara com a expectativa e eu dou um tapinha na bunda dele. Ele arqueia as sobrancelhas, com uma expressão que diz "fala sério".
— Você fez tanta propaganda e agora me dá um tapinha mixuruca, Logan? Caipira barre... AI! — Miles grita com o tapa ardido que recebe.
E então eu dou outro e outro, mais um e mais um. Minha mão arde com a pressão em que se choca com a bunda redonda dele.
— Já está bom, Logan, puta que pariu, minha bunda está doendo. — Miles choraminga.
Dou mais um, mais um e, por fim, no último, eu apenas acaricio sua bunda. Seu corpo continua debruçado sobre o banco e parcialmente sobre meu colo e ele está com a respiração descompassada.
— Isso foi bom — eu digo e continuo acariciando seu bumbum. — Você merecia.
Ele se levanta e se senta devagar, os olhos úmidos de lágrimas e os lábios inchados de possíveis mordidas.
Lindo. Eu estou ferrado.
— Eu merecia sim — ele diz e cora.
Desprendo meu cinto e avanço sobre ele, tomando sua boca na minha e gemo satisfeito quando ele corresponde tão rápido quanto eu esperava. O beijo é ligeiro e cheio de vontade. Nos beijamos pela última vez hoje de manhã, mas pela necessidade atual parece que faz um século.
Afastamo-nos devagar e minimamente.
— Ainda está irritado? — Ele pergunta sussurrado.
— Se tem alguém que sabe me acalmar é você, Mimi. Me irrita e me acalma em momentos diferentes. — Eu sorrio e ele sorri comigo.
Ferrado, ferrado, estou muito ferrado.
— Vamos voltar e pedir a Alexander para ir socorrer o mauricinho pateta.
— Estou com tanta raiva de Maddox, ele vai fazer a maior fofoca sobre mim, eu aposto.
— Eu acho que não, ele não vai querer me ver de novo — respondo e dou uma piscadinha.
— Adorei como você falou da Laranja Jeon, todo orgulhoso dela.
— É a minha garota. — Sorrio orgulhoso e dou partida.
Chegamos à sede e eu fico esperando que ele desça correndo como da outra vez, mas não. Ele fica sentado encarando minha mão sobre a coxa, até que toma coragem de segurar com a sua, que perto da minha é bem miúda, mas se encaixa bem.
— Ainda vamos sair hoje à noite? — ele pergunta com um sorriso genuíno.
— Se você ainda quiser, vamos sim.
— Eu quero — responde de prontidão.
Ele é fofo e eu estou muito ferrado. Aquieta, coração teimoso.
— Vou arrumar as coisas mais tarde e te espero no mesmo lugar às dez da noite.
Miles sorri abertamente, tão bonito. As bochechas dele estão saltadas e coradas e eu não resisto ao me aproximar e deixar um beijo na bochecha esquerda.
— Até mais tarde — eu digo e então ele abre a porta e desce daqui de dentro.
Eu o observo andar e esfregar a bunda dolorida. Falho em conter um sorriso e dou ré para ir procurar Alexander. Estaciono do lado do barracão e encontro Alexander vendo algo no celular e fazendo algumas caretas, totalmente aéreo. Sem ele perceber, me aproximo e tomei o celular da mão dele.
— Ei, devolve — ele resmunga.
Viro o celular para ver o que ele estava vendo e quando leio o título da página começo a rir alto.
— Como impressionar seu homem? — Leio alto. — Está lendo revista feminina online, Alexander?!
— Eu estava vendo a alta do dólar e caiu aí por acidente — ele diz envergonhado.
Vou fechando as abas e lendo os títulos em voz alta.
— O que os homens gostam na cama. Como fazer um homem te desejar ardentemente? Como saber se ele está gostando de você? — Começo a rir e ele toma o celular. — Cadê a página do dólar hoje?
Ele enfia o celular no bolso da calça e cruza os braços.
— O que você quer, Jeon? Cadê os pombinhos que você foi ajudar?
— Miles está na casa grande e Maddox está na entrada da fazenda, com a cara amassada e sem sinal, você vai ter que ir lá ajudar ele.
— Não brinca. O que rolou? Vocês saíram no soco pelo Miles? Eu perdi isso! Não acredito. Dale, Jeon! Bicho doido.
— O mauricinho mereceu. Enfim, vai lá ajudar ele, e eu não conto para o meu ex-cunhado que você lê revista feminina para impressionar ele.
— Eu em... Estou nem aí para o Theodore, estou em outra, já. — Ele dá de ombros.
— Bom, Alexander, ótimo. Tem que ser assim mesmo, superar... Oi, Theodore! — Aceno para o nada.
Alexander se vira na velocidade da luz.
— Cadê ele? Meu Deus, cadê? — Ele olha afoito.
Começo a rir de novo.
— Está em outra, não é? — Dou um tapinha em suas costas. — Pesquisa aí: como ser menos óbvio.
— Serve para você também, idiota.
— Touché. — Pisco e aponto com o indicador.
— Vou lá ajudar o mauricinho cueca furada. Encerramos por hoje? — Alexander pergunta.
— Encerramos. Vou só calibrar os pneus da minha gatinha laranja e ir para casa.
— Certo. Até amanhã, meu bom amigo Jeon.
— Até, meu bom amigo Banks.
Ele sai e eu volto para a caminhonete para trazê-la para dentro do barracão e calibrar os pneus.
— E agora, por ser a melhor caminhonete do mundo, papai vai te presentear com um litro cheio de óleo diesel — digo para a Laranja Jeon.
Acabo de abastecer a caminhonete e dirijo até meu dormitório. Pego dois colchonetes e coloco na traseira da Laranja Jeon, volto para dentro do cômodo e pego um lençol grande e um cobertor. Arrumo tudo e pego mais dois travesseiros. Pronto, um lugar confortável para ficar agarrado com o meu teimoso favorito.
Com tudo arrumadinho, vou tomar um banho e comer algo. O dia foi longo e parece não acabar nunca. Troco-me, dessa vez, para uma roupa mais confortável. Como outro macarrão instantâneo – talvez três, eu realmente estou com fome – e fico mexendo no celular até se aproximar do horário que combinei com Miles.
Perto das dez, entro na Laranja Jeon e dirijo até o barracão. Quando chego, Miles já está lá, abro a porta e ele entra agarrado a uma bolsa pequena.
— O que tem aí? — Aponto para a bolsa.
— Uma vasilha com bolo e dois copos térmicos com chá, para nós.
— Ótimo. Pronto?
— Aonde vamos? — Seus olhos curiosos me observam com atenção.
— Tem um lugar que eu gosto de ir, é ótimo para ver as estrelas. Não tem iluminação nenhuma e destacam bem elas no céu negro. É bem bonito.
— Tipo essa galáxia nos seus olhos pretos? — Miles diz e se envergonha por dizer alto.
Fofo.
Deslizo minha mão por sua bochecha e junto nossas bocas. Meu coração está colapsando, espero que seja infarto.

[Continua...]

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