quatorze.

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Os dias foram passando, minha única preocupação era a terapia e ser mimada. Eu amei esses 15 dias de descanso, sendo paparicada por todo mundo.

Mas principalmente, do aconchego de estar com os meus pais. Eles são incríveis, não sei se deu pra perceber.

Sempre se disponibilizam pra cuidar de mim ou da minha irmã quando precisamos. Não importa o motivo, não importa em qual momento. Eles literalmente largam tudo por nós e pra nos ver bem.

Eu amei tanto, que resolvi ir pro Rio com eles.

Eles sugeriram e eu aceitei. Assim. Sem mais, nem menos.

A Mari, minha terapeuta também me encorajou muito a fazer isso. Aliás, ela também tem sido essencial pra mim.

[...]

Quando chegamos em Mangá, encontramos nossos vizinhos, os Bianchi. Que estavam acompanhados da filha, Érica, que inclusive, fez faculdade comigo.

— Ma, quanto tempo! Como você tá linda, af - ela diz em um tom descontraído, que me faz rir.

— Para, Kika. Eu fico com vergonha! - sorri fraco - Mas e você, hein? Fica feia nunca? - questionei.

— O pior é que eu fico, viu? - ela respondeu e nós rimos.

— Como você tá? - perguntei.

— Bem. Viva. Vivendo - ela disse pausadamente, pensando em cada uma das palavras - E você? - ela devolveu a pergunta.

— Viva! - respondi prontamente.

— Hm... Não gostei da resposta. Você tá na cidade maravilhosa, bê. Bora viver! Tem uma festa de uns amigos meus hoje à noite. Pega sua mala e vamo! - ela disse.

— Vamo pra onde? - questionei.

— Pra Barra, Vi! Sem condições sair daqui dirigindo depois que anoitecer - ela retrucou óbvia.

— Ah não amiga, obrigada...

Ela me interrompeu.

— Me agradece amanhã, depois de aproveitar a noite carioca! - ela disse sugestiva.

— Vai filha... - minha mãe incentivou.

— Mãe????? - tentei fazer ela voltar atrás, mas ela só deu de ombros.

— Vamos, Mavieeeeee - Érica insistiu, com uma cara de cachorro que caiu da mudança.

— Tá bom, Éricaaaaaa - respondi sem muita animação, fazendo ela dar pulinhos de alegria.

— Caso você não queira dormir na casa de ninguém... - meu pai jogou a chave do apartamento que ele tem na Barra e eu peguei no ar.

— Obrigada, pai - sorri pra ele.

— Aproveitem! - minha mãe falou.

— Juízo... - nossos pais falaram em uníssono.

Nós rimos.

Fomos pro RJ no carro da Kika, conversando e nos atualizando uma da vida da outra. E antes de me deixar no ape, ela me contou que essa festa era só do Gabigol e do Arrascaeta. Apenas.

— Não faz essa cara de quem não vive no meio desses caras, eu já vi várias fotos suas com os gostosos do elenco do Palmeiras - ela disparou.

— Ah, pra mim eles são normais - falei sincera.

— É porque você já acostumou, Ma. Mas eu com certeza não me acostumaria com o Gómez, com o Veiga, com o Piquerez... - ela deu uma ênfase maior no nome do uruguaio e eu senti leve incômodo. Até engoli seco.

Cicatrizes | Joaco Piquerez Onde histórias criam vida. Descubra agora