treze.

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— Como você foi capaz de nos esconder esse romance da Annaliz e do Raphael, Mavie??? - minha mãe perguntou indignada depois que dona Lia foi embora.

— Mãe, a gente nem sabe se tem romance mesmo, para! O Rapha me disse que tava olhando a Lica de um jeito açucarado, mas que achava que era carência - comentei sincera.

— Como que um homem bonito daquele, igual o Veiga fala de carência? - ela ainda parecia indignada e eu ri.

— Não sei, mãe. Quase dei na cara dele quando ouvi isso também! - concordei com ela.

— Mas o Joaco não fica muito atrás não, viu? Ele é um homão e você tá bobeando! Não sei como resistiu ficar só na amizade com um uruguaio daquele - ela falou e me olhou sorrindo.

Coitada, mal ela sabe as putarias que rolou aqui nessa mesma sala com esse safado.

— Ele é mesmo, mas estamos passando por uma crise na nossa amizade. Ele tá ficando com uma mulher que é muito ciumenta e de problema, já basta os que eu não consigo evitar. Então como esse eu consigo, nós estamos afastados - respondi.

— Vocês duas querem parar de falar de como esses machos que vivem dentro das nossas casas são bonitos na minha frente? Daqui a pouco não vou aguentar ver nenhum deles - meu pai se manifestou.

— Desculpa, pai - pedi segurando o riso.

— Desculpa, querido. Na próxima vamos falar sobre isso bem longe de você - minha mãe respondeu e aí foi impossível segurar o riso.

Meu pai jogou um pano de prato nela e ela o xingou.

Que energia caótica, sério.

Demos uma pequena ajeitada na casa, daí chamei eles para irem à clínica comigo pra conhecerem o espaço novo e pra eu matar um pouco da saudade também.

Aproveitamos pra almoçar fora e passamos no shopping. Pra nos distrair também. Algumas meninas pararam pra pedir foto comigo. Umas, porque conheciam o meu trabalho e outras, só porque eu era amiga dos meninos mesmo.

Enquanto eu e meus velhinhos passeávamos, Anna me mandou mensagem avisando que ela, Rapha, Scarpa, Gabriel, Zé e Joaquín iriam lá pra casa assim que fossem liberados no CT e que não demoraria muito. Então resolvemos voltar pra lá.

Quando chegamos, aquela cambada toda já tinha se instalado na minha casa e minha sala tava parecendo um albergue Alviverde.

— Eu tô pagando todos os meus pecados antecipadamente sendo amiga de vocês. Olha a bagunça que vocês já fizeram na minha casa! - falei.

Era mochila jogada no chão servindo de travesseiro pra quem não conseguiu espaço no sofá, minhas almofadas jogadas no chão também, pacote de bolacha recheada no meio de tudo... Jesus!!!

— Eu avisei... - Raphael falou de lá da sacada, onde tava com o Joaquín.

— Não é só pelo fato de vocês serem palmeirenses, mas minha sala tá parecendo um chiqueiro, porra! - exclamei.

Todos eles olharam feio pra mim. Inclusive, Annaliz jogou uma almofada na minha direção.

— Aí não né, sua sardinha maldita! - Menino reclamou.

Cicatrizes | Joaco Piquerez Onde histórias criam vida. Descubra agora