dezesseis.

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Quando acordei no dia seguinte, Richard não estava mais na cama. Os únicos vestígios dele que sobraram por ali foi a cama toda revirada, como se tivesse passado um furacão por ela e o cheiro dele que impregnou tudo.

Eu levantei, tomei meu belo banho, fiz toda minha rotina de higiene matinal, coloquei um robe, peguei meu celular e fui em direção à sala.

Será que o Richard foi embora?

Minha resposta foi respondida assim que cheguei lá. Primeiramente, porque vi que suas roupas continuavam no chão e segundo, porque logo em seguida senti o cheirinho de café adentrar minhas narinas.

Fui até a porta da cozinha e observei por alguns segundos aquele gostoso, ainda de costas e só de cueca, bem ali na minha frente. Até que ele percebeu minha presença.

— Bom dia, gostosa. Desculpa estar assim, tão à vontade na sua casa - ele falou com um sorrisinho tímido nos lábios.

— Bom dia, gato. Eu não me incomodo nem um pouco, fica tranquilo - respondi.

— Achei que tu não ia acordar, tava num sono tão bom - comentou.

— Realmente, o sono tava bom mesmo. Mas despertei e acabei não conseguindo dormir mais.

Comecei a ajudar a preparar o café enquanto conversávamos. Nos conhecemos melhor, compartilhamos algumas coisas das nossas vidas. Os nossos gostos, o que pretendíamos pro futuro, essas coisas.

Depois do café e de arrumamos a cozinha, decidimos assistir série. Richard falou pra eu colocar alguma série que eu gostasse.

— Eu queria muito colocar Grey's Anayomy, mas acho que não faz muito seu estilo. Então vou deixar pra quando tivermos mais intimidade, daí você não vai ter nem escolha - falei.

— Mais intimidade do que isso aqui? - ele perguntou e riu- Minhas roupas tão jogadas no chão da sala desde ontem, a gente tomou café juntos, seminus e agora tamo aqui deitado juntinho de novo.

Eu ri e ele me acompanhou.

O restante da nossa manhã foi assim. Deitados, juntos, debaixo do cobertor. Eu não conseguia ver seu rosto, porque estava com a cabeça no peito do colombiano, mas pela respiração tranquila e pelo silêncio, já que ele não fazia nenhum comentário há um bom tempo, deduzi que ele havia dormido.

E não errei. Ele estava num sono que estava aparentemente tão bom...

Como já estava com fome, pausei a série e fui começar a fazer algo pra gente almoçar quando ele acordasse. Resolvi fazer um estrogonofe porque era rápido e prático.

Quando estava finalizando ele e esperando que o arroz ficasse pronto, ele surgiu na cozinha.

— O cheiro tá muito bom, o que tá fazendo de bom pra nós? - Richard perguntou.

— Esfrogonfe. Você gosta? - devolvi a pergunta.

— Amo! - ele respondeu prontamente.

— Agora mais do que nunca esse negócio tem que estar gostoso, olha que responsa! - brinquei.

— Ó, pelo menos até agora você não me deu nada que eu não tenha gostado...

Ele falou de uma forma espontânea e aparentemente sem maldade nenhuma, mas minha síndrome de quinta série falou mais alto.

— Richard???

Questionei indignada e vi um sorriso genuíno aparecer no rosto do colombiano.

— Você não presta! - disse ainda sustentando um sorriso, agora pequeno nos lábios.

Cicatrizes | Joaco Piquerez Onde histórias criam vida. Descubra agora