♤Cap 14♤ Giro notturno

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Passeio Noturno

Abri meus olhos lentamente. A dura realidade me atinge bruscamente.

Eu estou viva.

Levantei-me de súbito, me deparando com a alta figura de Riki, que me olhava com uma expressão de repreensão.

— É sério isso? — Questionou.

Fitei sua figura bem trajada em um terno azul-marinho.

— Quantas vezes fará isso? Tem ideia da confusão e da dor que causa para a sua família quando faz isso? — Insistiu. — Você tanto diz que não quer ser um peso ou a causa da dor de alguém... Realmente pensa isso? Porque, sinceramente, não parece.

Abri a boca, mas não saiu uma única resposta.

— Se realmente se importa com todos nós que nos vemos desesperados a cada tentativa sua de ir para um caixão, faça a porra do tratamento psicológico que você precisa fazer.

Observei Riki sair bufando do quarto hospitalar. De certa forma, o Hospital Lombardi, era quase um ambiente familiar para mim.

A família Yamazaki é uma das maiores investidoras da linha de hospitais Lombardi. Por isso, ele tem tanta influência aqui.

Fui tirada dos meus pensamentos ao notar a presença de Matteo.

Parece que teremos uma longa conversa.

Suspirei em derrota.


[♤♠︎♤]


De novo...

Será que ela tentará até conseguir? Será que terei que me acostumar com isso? Com a ideia de ter que correr contra o tempo e salvá-la, mesmo que ela não queira ser salva? Passar pelo sufoco de ver os médicos tentarem reanimá-la? Ela tentará morrer... Todavia, mais parece que eu morro aos poucos. Tendo que estar sempre alerta, a angústia e a ansiedade sendo minha mais constante companhia.

No andar de cima do hospital, o terraço, sentindo o vento em meu rosto, os antebraços pousados na grade... Eu olhava o horizonte. Observava as pessoas entrarem e saírem do hospital. Não mudou muito desde a última vez que estive aqui. Mas, nada poderia mudar tanto, só fazem dois meses.

— Cansado? — Uma voz me fez sair de meus pensamentos.

Olhei para Luca Lombardi, que parou ao meu lado, colocando os braços na grade de proteção.

— Sim...

— Eu imagino. — Disse simplesmente.

— Eu... Sei que deveria ter sido mais atento... Só qu--! — Fui interrompido.

— Não diga isso. Você não é um adivinha. Nós, irmãos, deveríamos estar cuidando dela também. A obrigação não é exclusivamente sua. Eu admito estar negligenciando muito Carina. Estou sempre preso em meus pensamentos e problemas pessoais... Além de não saber lidar com ela. Me sinto um covarde, mas... Eu temo lidar com Carin'. Tenho medo de errar com ela e piorar a situação... Com isso, acabo colocando a minha responsabilidade em relação a ela em cima de você. E sejamos sinceros, César. Não estou sendo justo. — Afirmou.

Observei Luca em silêncio. É reconfortante ouvir dele que nem tudo é responsabilidade minha. No entanto, mesmo que as pessoas falem que você não deve se culpar por algo que não está unicamente sob seu controle, isso não significa que entrará na sua cabeça tão facilmente.

𖤓𝑇ℎ𝑒 𝐿𝑜𝑚𝑏𝑎𝑟𝑑𝑖𖤓 - 𝐿'𝑖𝑛𝑖𝑧𝑖𝑜 𝑑𝑒𝑙𝑙𝑎 𝑟𝑜𝑣𝑖𝑛𝑎 - 𝑉𝑜𝑙.𝐼Onde histórias criam vida. Descubra agora