♠︎Cap 11♠︎ Ospiti inattesi

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Convidados inesperados

Os carros não eram mais que borrões sendo ultrapassados por mim. Pilotar a cerca de 190 km/h tinha as suas vantagens. Eu desviava habilmente pelos automóveis sem dificuldade, aumentando a velocidade, parecia que meus problemas não conseguiam me acompanhar. Me sentia livre e menos sufocado, mesmo que o ar fosse mais rarefeito e meus ouvidos zumbirem um pouco. O capacete protegia-me do incômodo devido a velocidade. Eram cerca de 2 horas da manhã, e aqui estou eu, passeando pela cidade.

Logo, retornei para a mansão e estacionei minha moto na garagem, junto às outras doze da minha coleção.

Tirei o capacete e observei meu irmão gêmeo se aproximando.

— Escapada noturna? — Questionou, erguendo as sobrancelhas.

— Da próxima te levo. — Ofereci.

— Pra correr em uma moto contigo? Não, irmão, muito obrigado. Sou muito jovem pra morrer. — Retrucou, erguendo as mãos.

Revirei os olhos com o exagero.

— Não seja dramático. — Repreendi.

— "Dramático"? — Repetiu. — Da última vez que caí na sua, minha alma quase ficou naquele túnel que você passou. — Reclamou.

Revirei os olhos outra vez e saí em direção ao meu quarto, com Leonel em meu encalço. Parei na porta do meu quarto e o fitei.

— O quê?

— Suas saídas tem aumentado bastante. — Comentou.

— Te incomoda?

— Não é isso... — Leonel parecia hesitar um pouco.

Arqueei uma sobrancelha com a ideia.

— Se quer dizer algo, diga logo.

— Podemos entrar primeiro? — Sugeriu.

Suspirei e entrei no quarto, deixando a porta aberta para meu irmão entrar. O mesmo passou sem cerimônia e fechou a porta atrás de si.

Comecei a tirar a jaqueta de couro preta e as luvas, para então trocar de roupa. Leonel sentou-se na cama king size, esperando.

Meu quarto era grande, as paredes cinza-claro e o porcelanato em um sutil tom de cinza também, só que ainda mais claro. As prateleiras pretas exibiam livros e troféus da minha época acadêmica. Quadros com pinturas de motos de minha autoria traziam um pouco mais de cor, mesmo que frias, para o quarto. Tinha também uma escrivaninha decorada em cores escuras, com um computador de última geração.

Sentei-me na cadeira de escritório da escrivaninha e fixei minha atenção em Leonel.

— Você não está mais usando a pulseira que nosso irmão te deu. — Comentou.

— Não preciso de um lembrete constante da minha perda. — Retruquei.

— É assim que você vê?

— Você não? — Rebati.

— Se esse fosse o caso, eu não estaria usando agora, não acha? — Apontou para os brincos.

— Diga logo o que você quer.

Cruzei os braços sobre o peito, esperando.

— Como você está? — Perguntou.

Franzi o cenho com a pergunta.

— Que tipo de pergunta é essa? — Questionei. — Eu tô inteiro, ué.

— Estar inteiro não é estar bem.

𖤓𝑇ℎ𝑒 𝐿𝑜𝑚𝑏𝑎𝑟𝑑𝑖𖤓 - 𝐿'𝑖𝑛𝑖𝑧𝑖𝑜 𝑑𝑒𝑙𝑙𝑎 𝑟𝑜𝑣𝑖𝑛𝑎 - 𝑉𝑜𝑙.𝐼Onde histórias criam vida. Descubra agora