Meu pequeno furacão
Olhando fixamente para o tecido manchado de sangue, eu sabia. Apenas não queria... Mas, sabia. O casaco que dei a Dante, quando certa vez, ele mencionou querer uma roupa que fosse exclusivamente dele, que ninguém tivesse uma igual. Mandei fazê-la de acordo com os gostos dele, uma peça que, ao olhá-la, recordasse apenas dele. Desde que Dante havia ganhado-a, ele estava sempre com ela. Era divertido provocá-lo sobre como em breve a peça criaria vida, de tanto que ele a usava.
Quem diria, que eu desejaria tão avidamente não tê-la dado a ele...? Só para me dar o mínimo conforto de que o que Connor acabara de dizer é mentira.
O mundo não parecia ter qualquer ruído. Como se ele próprio tivesse parado, por sentir a minha perda. Todavia, ele jamais sentiria isso. Se não, não teria tirado ele de mim. A vida é cruel... Eu sempre soube disso. No entanto, por que ela insiste em me tirar toda parcela de felicidade que posso ter? O amor da minha vida se foi... Como areia fina, escapou das minhas mãos, deixando pequenos fragmentos de recordações que não posso reviver. O choro preso em minha garganta veio de repente e eu nem me esforcei para impedir. O desespero tomou conta da minha mente, eu sequer tinha ideia do que estava falando. Eu o havia perdido. O que valia tentar me manter de pé agora?
— Não...
Não sei quantas vezes repeti tal palavra. Minha voz oscilando pelo choro desesperado. Usando minha língua materna vez ou outra, buscando lidar com o tsunami de sentimentos dolorosos. A dor mental sequer se comparava à dor física.
Subitamente, sangue respingou em meu rosto, fazendo-me despertar da minha bolha de dor e sofrimento.
Aquele rosto... O rosto pela qual me apaixonei... Estava lá. Movendo-se em velocidade absurda, como se deslizasse no solo sujo. Assassinando os inimigos com frieza e precisão.
Ah...
É claro. Que tolo sou eu. Eu esqueci completamente quem é Dante Lombardi. Sempre estive tentando protegê-lo de tudo. Tê-lo em meus braços, delicado e vulnerável, me fez ter a falsa ilusão de que meu amado italiano precisava ser protegido.
Como eu pude esquecer...?
Meu Dante é perfeitamente capaz de proteger a si e aos outros com facilidade. Nunca foi Dante que precisou de mim... E sim, eu precisava dele.
Observei em completo choque, Dante caminhar em direção a Connor, que caiu no chão assustado, sentar sobre ele, agarrar seus cabelos e colidir a cabeça de Evan no solo, uma, duas, três vezes. Sangue espirrou pelo chão e rosto do meu namorado. Ele soltou Connor, que ainda respirava.
— Você não vai morrer ainda. — Resmungou, levantando-se e girando em minha direção.
O olhar de Dante, frio e cruel, olhos avelãs, afundados em um brilho sádico e assassino, de repente, banharam-se em um brilho genuinamente feliz.
Sorri suavemente para ele.
— Olá, my sweet danger.
Meu namorado piscou algumas vezes, para logo sorrir amplamente.
— Il mio russo preferito! — Exclamou, aproximando-se em passos rápidos.
Antes que eu pudesse pronunciar qualquer coisa, senti os lábios de Dante contra os meus em um gesto caloroso e gentil. Olhos avelãs, repletos de amor e afeto. Senti meus lábios tremerem.
Meu namorado me fitou confuso.
— Dói muito...? — Indagou, olhando para as minhas feridas.
Imagino que ele pense que minhas lágrimas eram pela dor. Sorri pequeno.
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𖤓𝑇ℎ𝑒 𝐿𝑜𝑚𝑏𝑎𝑟𝑑𝑖𖤓 - 𝐿'𝑖𝑛𝑖𝑧𝑖𝑜 𝑑𝑒𝑙𝑙𝑎 𝑟𝑜𝑣𝑖𝑛𝑎 - 𝑉𝑜𝑙.𝐼
RomanceA gloriosa família Lombardi, fundada em ouro e prata, desaba em tempos sombrios com a morte precoce de seu primogênito, Luigi Lombardi. Qual futuro você imagina para irmãos tão desamparados após a perda do irmão? O inimigo está a espreita, esperand...