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— Se você quer sair, ótimo. Eu nunca vou te proibir de sair, querida. Mas eu acredito que existam limites e você está passando desses limites. — Rhysand disse, com as mãos entrelaçadas em cima da mesa dele.

Já não tinha tantos papéis quanto normalmente tinha – Feyre tinha descoberto que ele dividiu uma certa quantidade para Morrigan e para Amren, porque segundo ele, “elas são a segunda e a terceira em comando, portanto, é uma das responsabilidades delas”.

A Archeron franziu a testa, estava sentada na frente dele, em uma das cadeiras. Ela se sentia como uma criança sendo repreendida por ter feito algo de errado e foi pega. Só que ela não era uma criança, e muito menos a filha dele.

Ela é esposa. A Grã-Senhora.  A parceira. A igual dele.

Ela não deveria estar ali naquela posição como ela estava. Mas no fim, estava ali, sentada ouvindo quietamente ele porque estava envergonhada por ter decepcionado o seu parceiro.

Rhysand estava irritado com ela fazia dias, ela observou mas até que hoje, ele acabou estourando e decidiu fazer uma reunião com ela.

Desde aquela noite na fogueira, quando chegou em casa, Rhysand estava acordado mas já estava na cama, nem olhando para ela quando entrou no quarto. Ela tinha chamado ele, perguntando se estava acordado — querendo conversar sobre tudo que tinha pensado sentia durante a festa com ele — mas ele apenas murmurou para ela se deitar, que estava bêbada e conversariam de manhã.

Horas depois que ela dormiu e acordou, ele deu um remédio para a dor de cabeça dela e o café da manhã na cama pedindo desculpas por ter sido insensível na naquela hora mas que ela deveria entender que ele estava chateado com ela pelo comportamento dela — dela ter se permitido beber ao ponto de ficar bêbada, mesmo que ela não estivesse bebada e conseguia se lembrar de tudo perfeitamente, inclusive os pensamentos e sentimentos tumultuosos durante a festa. E que aquele comportamento não é bom para uma Grã-Senhora como ela.

Depois disso, ela ainda saiu mais algumas vezes com os Selvagens, não foi nos outros dois dias do festival — mas no fundo quis ir, mas Rhysand jamais deixaria — e já evitava a bebida e tentava não voltar tão tarde. E aparentemente ainda não era suficiente para Rhysand.

— Me desculpe. — ela murmurou, mesmo que não sentisse vontade de se desculpar, ela se desculpou.

“Ele tem razão. Eu não deveria ficar saindo como eu andei fazendo. Não agora que tenho uma reputação a manter e uma família pra cuidar.”

Pensou consigo mesma, sentindo o coração se apertar com a ideia de perder sua tão amada liberdade.

“Eu sou livre. Não sei porque eu disse que não era. Acho que aqueles copos de bebidas estranhas mexeram mais comigo do que eu pensava.”  se justificou, tentando empurrar o pensamento de não ser livre para o fundo da mente.

— Bom, que bom que você entendeu. Pode ir agora. — ele disse, voltando a ler um dos relatórios. Mordendo o lábio inferior, ela ficou em pé e antes de abrir a porta, olhou para o parceiro.

— Sabe, já faz um tempo que não vamos à Corte dos Pesadelos. Talvez fosse bom a gente ir lá, ver como andam as coisas. — sugeriu, querendo tentar provar a si mesma que ainda é a Grã-Senhora.

— Não é preciso. Mandei hoje mesmo Nesta e Azriel para lá, para pegar os relatórios e verificar a situação. Cassian foi para o acampamento Illyriano, fazer o mesmo. E Lucien está partindo para as terras humanas por alguns dias. — ele respondeu, sem tirar os olhos do papel.

O coração de Feyre caiu nos pés dela. Até sua irmã estava tendo mais participação na parte política de sua Corte do que ela própria. Mas tudo bem, ela agora teria mais tempo para pintar. E ficar com os filhos.

A Court of Lies and Cruel TruthsOnde histórias criam vida. Descubra agora