02. Lee Minho

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Mamãe segurou meu pulso antes que eu pudesse tirar a última mala do porta-malas do carro. - Saiba que eu estou muito orgulhosa de você. Estou muito orgulhosa do que você está fazendo pela sua família, e eu tenho total certeza que vai conseguir sair desse colégio vitorioso, que vai trazer essa vitória para as pessoas que tanto investiram em seu futuro. - Carolina pegou meu rosto entre as mãos com uma força desnecessária e deixou um leve beijo em minha testa. - Faça sempre as escolhas certas.


- Eu não sou um passaporte, eu não tenho que devolver tudo a vocês desse jeito. Se quer enfiar uma dívida em mim, vá em frente, mas não espere que eu te pague me envolvendo com alguém por dinheiro. - Puxei minha mala e a coloquei no chão ao lado da minha guitarra e da minha mochila velha.


- Tudo bem, querido. Você pode escolher seu futuro, claro que pode, assim como eu posso impedir meu filho ômega de voltar para casa depois da formatura. - Arqueou uma sobrancelha em desafio. - Cabe a você.


Decidi não gastar mais minha saliva, sabia que ela não iria compreender, sabia que ela nunca chegaria a ver as coisas pela minha perspectiva. Então apenas abracei minhas irmãs, sendo um pouco mais rápido na vez de Charlotte e esperei que entrassem todos no carro novamente.


- Hyunjin... - Troy se aproximou de mim mas eu evitei olhar para seu rosto. - Não pegue peixes grandes, vai demandar muito de você, não vai conseguir mantê-los. - Franzi o cenho e finalmente levantei meu olhar.


- O que quer dizer com isso?


- Em algum momento você vai entender que queremos apenas o seu bem e vai seguir nosso conselho, então estou apenas te instruindo como seguir. Não tente nada com os mais influentes, não tente nada com quem tem poder ou uma péssima reputação, são criaturas perigosas, com famílias perigosas. Você pode conseguir agradar um alfa de um sobrenome muito bom, mas não vai conseguir agradar todos ao redor dele. Não seja ambicioso, não vá com tanta sede. Aposto que um riquinho sem status está mais que suficiente para um ômega como você. - Senti o nojo se transformar em raiva mas optei por apenas desviar o olhar e engolir meus insultos.


- Espero que vocês tenham uma ótima volta para casa. - Falei de uma forma mais robótica.


- Esperamos que consiga se adaptar ao seu novo lar, querido. Nos ligue se precisar de algo. - Carolina sorriu grande eu logo o identifiquei como falso.


- Obrigado. - Murmurei e logo o carro estava arrancando para longe dali.


De alguma forma, eu sabia que não os veria por um bom tempo. Olhei para a entrada do colégio e senti meu estômago se contorcer em nervosismo.


Eu nunca fui popular, e apesar de eu não receber um bullying físico, eu recebia olhares tortos e era excluído da maior parte das atividades.


As pessoas não eram tão cruéis comigo, mas o fato de me ignorarem era, de alguma forma, cruel em certo nível.


Mas a diferença é que eu só precisava ficar algumas horas no meu antigo colégio, eu era liberado para ir para casa, para me trancar em meu quarto e fingir que nada estava acontecendo.


Mas aqui... Aqui estou preso. Estou rodeado de pessoas que podem não gostar de mim.


Dividir o quarto será a pior coisa, muitas situações podem acontecer. Eu não terei onde chorar sozinho, eu não poderei relaxar e fingir que não existo, eu não poderei ficar em silêncio e optar por não conversar, porque com certeza será falta de educação da minha parte, e por último, eu não poderei me livrar da pessoa.


I Didn't Choose | Versão HyunHo | A.B.OOnde histórias criam vida. Descubra agora