Prólogo - Executor e a Sereia

307 34 4
                                    

Sasuke

O cheiro de sangue entrou pelas minhas narinas, a mistura ocre e ferruginosa era tão familiar, que eu me sentia em casa quando ela começava a invadir meu olfato, minha roupa era quase uma pintura abstrata, toda respingada de vermelho, e eu não saberia dizer em que momento eu a sujei, deduzo que possa ter sido do nariz quebrado ou dos dentes arrancados. Não importa, nosso “cliente” teve o que merecia, e o recado estava dado para esse bairro decadente. Quem deve a Organização, paga, nem que seja com sangue.
Como é o caso de Asuma, hoje.
O desgraçado emprestou dinheiro de um dos nossos agiotas, uma quantia considerável, e depois “esqueceu” que tinha que nos pagar, mas eu, como o ótimo cobrador que sou, vim saldar a divida. E tenha certeza de que nenhum filho da puta nesse bairro emprestará dinheiro e ficará devendo.
—  O que mais você quer de mim!? — ele pergunta chorando, cuspindo sangue enquanto fala. — Eu já te dei o dinheiro. Por que não me mata logo? — Ele começa a chorar e um de meus homens acerta seu rosto com  uma chave de roda, para que pare com essa palhaçada. Ouço o som dos ossos se quebrando, e ele grita.
— Sabe Sarutobi, existe um boato acerca da nossa Organização, a Amaterasu. Ninguém deve para nós e sai impune. — Digo com o rosto bem perto ao dele, o fazendo arregalar os olhos. — E esse boato é verdadeiro.
— Mas eu paguei… — Tenta argumentar, mas eu acerto seu nariz mais uma vez, sem paciência.
— Pagou depois que começou a apanhar, filho da puta. Seu prazo foi a uma semana, Sarutobi. Tá achando que somos o que? Um banco? — Digo baixo, mas minha voz revela minha raiva. Esses devedores estão achando que estou de brincadeira. Acerto seu rosto com um soco, sentindo sua mandíbula se partir, enquanto ele chorava e gritava de dor.
— Senhor. — Suigetsu chama a minha atenção. — A garota já saiu da faculdade. — ele informa. Vejo o rosto de Sarutobi se tranformar, em fúria. Ele começa a se debater, querendo fugir das cordas que o prende a uma cadeira, mas é inútil, ele está muito bem amarrado, e mesmo que se solte, ele estará morto antes que chegue a porta de entrada da casa, que invadimos para essa sessão de "boas maneiras".
— Não ponham as mãos nela! — ele exige, falando de um jeito estranho pela fratura no maxilar.
— Traz ela aqui, acho que isso vai fazer ele entender que não se faz divida com a Família Uchiha, e sai achando que deu um golpe.
— Eu ia pagar no dia, eu juro… — Começou a chorar desesperado. — Por favor, ela é inocente, me matem, mas deixem ela em paz. — Os nossos soldados já estavam prontos para sair, a filha de Asuma estava no primeiro período de Direito, e era o motivo de seu orgulho, mas pelo jeito havia um amor que falava mais alto, o vício em jogos de azar, pois foi por isso que ele emprestou dinheiro. Não para pagar a faculdade dela, ou ajudar com as dividas da casa, mas sim para sustentar seu vício maldito. — O que mais vocês querem de mim!? — Grita, com isso acaba cuspindo o sangue em sua boca.
— Tragam o notebook. — Ordeno e um soldado me traz o computador, aberto e conectado o apoiando na mesa onde nossas ferramentas estão. — Eu sei que você tem dinheiro guardado, e que não está no seu nome. Acho que passou da  hora de sua querida esposa saber quem você realmente é. — Ele chora, agora sem se desesperar, um choro culpado, de alguém que no mínimo perdeu boa parte de seus pertences para sustentar seu vício. — Transfira. — Ordeno.
— Não… Por favor… É o dinheiro da minha filha. — choraminga.
— Devia ter pensado nisso antes de dever para mim. — Respondo acendendo um cigarro e o tragando. — Mas pense pelo lado bom, sua esposa vai saber que o finado marido era um filho da puta, e vai se sentir livre para arrumar um homem melhor. Não vai buscar vingança, afinal lhe fizemos um favor… — Ele chora mais um pouco, Suigetsu solta as mãos, mas ele não se mexe. — Pode buscar a garota. — Ordeno e ele se agita.
— Eu transfiro. Eu … — Ele começa a transação, e todo o dinheiro que havia numa conta poupança em nome de Mirai Sarutobi, acaba sendo transferida para uma empresa de fachada da Organização.
Ao final o homem chorava feito um bebê, seu rosto era uma massa horrivel de inchaço, sangue, saliva e lágrimas.
— Muito bom fazer negócios com você, Sarutobi. — Aponto a pistola para sua cabeça. — Até a próxima, no inferno. — Atiro no meio dos olhos dele, que espirra cérebro e sangue para todos os lados.
— Limpem tudo. — Ordeno. — Façam que todos saibam.
Olho para meu relogio, é cedo ainda, dez horas da noite, penso em meu dia e no quanto foi exaustivo socar aquele imbecil, apesar de que o recado foi dado, ninguém fica devendo a Organização e fica impune. A questão é que eu gosto do que eu faço, não troco isso por nada, e sinceramente, gosto ainda mais da fama que tenho no submundo de Chicago.
Não tenho muito a perder e não existe ninguém que me ponha a perder alguma coisa.
Pego meu telefone no bolso, ligo para meu irmão mais velho, a quem devo satisfação, por ser nosso líder.
— Está feito. — Digo antes mesmo que ele diga “Alô”
— Me diz que você não matou a familia toda… — Itachi resmunga do outro lado da linha, ele não queria que eu torturasse a mulher e a filha do desgraçado, como se elas também não soubessem que o maldito emprestou dinheiro de gente como nós.
— Não, Capitão Benevolência. — Afirmo, escondendo a ameaça que fiz a garota.
— Melhor. Fingir uma morte para a polícia é fácil, fingir três nos complica.
— Acidentes acontecem, irmão. — Digo irônico.
— Com quatro familias em menos de uma semana, não Sasuke. E outra, a polícia sabe que temos envolvimentos nos dois primeiros, só não tem provas que nos levem a cadeia. — Reviro os olhos, meu irmão parece um bebê chorão. Mas não julgo, eu no lugar dele já teria matado mais da metade da cidade, e com certeza já teria sido preso.
— Precisa de mais alguma coisa, chefe? — Digo irônico.
— Não. Está liberado. Não cometa nenhuma besteira.
— Eu nunca faço isso. — Respondo sorrindo.
— Até amanhã.
Desligo sem me despedir, saindo porta a fora da casa pequena e mofada, a qual algum soldado encontrou, para que o serviço fosse feito, estamos na periferia de Chicago, nesse lugar ninguém se importa com gritos, ainda mais sabendo quem está os causando, e que com certeza teve um propósito.
Sou o executor da Amaterasu, recusei o cago de conselheiro ao lado do meu irmão, isso não é para mim, essa coisa de reuniões e conversas para direcionar alguém,  não são meu forte. Meu irmão mais velho é o chefe, ou Boss, como ele é chamado pela imprensa, mesmo que os veículos não saiba exatamente qual seu rosto.
Ele comanda o submundo da cidade e os arredores, dizem que temos sangue do Al Capone, sempre acho graça dessa hipótese, como se isso fosse me dar mais poder… Não vai, só o fato de sermos implacáveis é motivo suficiente para sermos temidos e respeitados.
A polícia tenta diariamente nos prender, mas nunca têm provas, afinal somos apenas uma família rica de empresários…
— Para onde,  Senhor? — Suigetsu, que faz minha segurança e hoje é meu motorista, pergunta. 
— Dizem que tem um lugar nesse bairro. Mermaid 's Club. Sabe onde fica? — pergunto, mas tenho a ligeira impressão de que meu motorista é um cliente assíduo do lugar.
— Sim, senhor. — Faço silêncio. — É um lugar… Interessante. — Ele responde com um sorriso enviesado, o que serve como resposta para mim. Preciso relaxar e não quero um lugar costumeiro, estou me sentindo entediado, e é divertido ver as pessoas das boates se movimentando para me agradar.
— Quem comanda? — Pergunto, sei que organizações rivais tem suas boates e hoje não quero mais conflitos, quero apenas uma boceta para me enfiar e voltar para minha casa, antes que o sol apareça.
— Jiraya. — Esse nome não me é estranho, acho que já ouvi Naruto dizer algo. — Ele é neutro, não tem nenhuma ligação com nenhuma organização.
Ele dirige pela avenida e diminui a velocidade ao chegar em uma rua movimentada, sinto Juugo tensionar, ele não gosta de muita movimentação, acha que pode ser perigoso para mim e também odeia esse tipo de entretenimento adulto, na verdade sua esposa odeia, mas ele não tem muita escolha se não me escoltar.

Mermaid- A sereia e o mafioso Onde histórias criam vida. Descubra agora