Mermaid- A sereia e o mafioso

Capítulo 15 - A combustão

    Sakura 

Sasuke pode se achar o Dono do Mundo, o mafioso que todos respeitam e sentem medo, e todas essas baboseiras e bajulações, porém eu não sou um de seus soldados, ou associados, ou o que quer que seja. Por mais que ele tente me por medo, está para nascer o dia em que ele vai me botar medo de verdade e por esse motivo vesti as roupas dele, na verdade uma cueca larga e uma camiseta branca de algodão, escapuli do homem que fazia a segurança, ameaçando ele, dizendo que o executor proibiu de pôr as mãos em mim. 

Gargalhei sozinha quando ganhei a calçada, me lembrando da cara de espanto do soldado, eu diria até que sua mão tremeu quando esticou para me impedir de sair. 

Disse a ele que voltaria logo e isso não era mentira. Eu só precisava de algumas coisas de farmácia, alguns cosméticos e qualquer coisa que não fosse fast food, frutas frescas, iogurte, essas coisas coisas, que deixam qualquer ser humano mais saudável. 

É claro que vestida como uma maluca as pessoas me encaravam, mas eu já estava acostumada, até acenava para quem não conseguia disfarçar. Mesmo as roupas sendo largas e totalmente esquisitas, as curvas do meu corpo ficavam em evidencia, assim como o fato de estar sem roupa intima, o que chamava ainda mais atenção, alguns homens assobiaram e algumas mulheres cochichavam, incomodadas mas eu não me importei, segui meu caminho até a farmácia mais próxima, enchendo uma cestinha com produtos de higiene e beleza, cremes para hidratar meu cabelo, minha pele, um esmalte, acetona, alguns analgesicos e remédios para cólica. Paguei minha compra, cumprimentei a todos até o segurança, que me seguiu o tempo todo, como se eu fosse roubar alguma coisa. 

Sorri quando ele não percebeu que eu roubei um batom vermelho mate, maravilhoso. 

Eu precisava fazer isso? Claro que não, mas é bom pra que eles aprendam a não desconfiar das pessoas. 

Caminhei até o mercado mais próximo, na sessão de frutas selecionei as melhores uvas e alguns mirtilos, morangos e um pouco de amora, um iogurte natural, queijo, pão, algumas barras de chocolate, qualquer coisa para comer durante o dia, que parecia passar tão lentamente naquele apartamento. 

Mesmo que provocar Sasuke seja extremamente divertido e excitante, ele não fica o dia todo em casa, na verdade ele fica pouquíssimo tempo, como se fugisse de mim, o que eu não duvido que seja. Mas isso deixa meus dias mais lentos, e me irrito, talvez por isso tenha me divertido ao ludibriar o soldado na porta do apartamento, ou até mesmo roubar um batom na farmácia. Meus dias precisam de agitação, eu preciso de adrenalina, e ficar vendo tv o dia todo não me dá isso. Muito pelo contrario, só serve para que eu fique entediada e deprimida. 

Comprei um sorvete enquanto voltava para casa, caminhar me fez muito bem e eu cogitei me demorar mais um pouco, mas não podia deixar o soldado mais enrascado do que ele já estava. Por isso tomei o caminho de volta, olhando todo o bairro a volta, e entendo porque as pessoas me encaravam como se eu fosse de outro mundo. 

Sasuke mora num bairro de classe Média/Alta, em que mães passeiam com seus filhos, ou senhorinhas com seus cachorros cheios de frescuras, alguns homens fazem um cooper na calçada, ou andam de bicicleta, totalmente alheios ao lugar de onde eu vim, um bairro pobre, com alta taxa de assassinatos e com o domínio das gangues da cidade. 

Eu sei que o mafioso que me abriga conseguiria morar num bairro melhor ainda, mas talvez para que não chame tanta atenção ele mora aqui, e tem também o porteiro do prédio dele, que não disse uma palavra ao me ver chegar nua, enrolada num lençol, toda suja de sangue. Provavelmente deve ser um associado. Quem em sã consciência não chamaria a policia nessa situação? 

Entro no hall e minha mente trava, meu coração bate rápido, enquanto o sorvete que estava na minha mão cai, junto com as compras. 

O porteiro do prédio, um senhor de cabelos cinzentos e olhar bondoso está jogado sobre a cadeira, sangue pinga de sua cabeça, assim como a parede está manchada, respingada do sangue dele.