Epílogo - A Sereia e o Mafioso

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Sakura

3 anos depois...

Depois de um tratamento longo e frustante, uma porção de negativos eu simplesmente desisti de ser mãe.
Talvez eu realmente não tenha nascido para isso, ou não fui programada para me reproduzir, conclui sozinha depois de tomar um monte de remédios, de ir em varios especialistas e todos me dizerem que é difícil e mais um monte de termos que eu não entendo e que não me ajudaram a gerar um filho.
Minha vida de casada é maravilhosa, não posso negar.
Sasuke faz todos os meus gostos.
Temos um dachshund caramelo, que chamei de Alfie, fazemos duas viagens por ano, jantamos fora com frequência, nosso sobrinho e afilhado Yuki vem brincar em casa com Alfie, eu e Izumi fazemos compras juntas e Ino volta e meia aparece com um bolo cheio de chocolate e tomamos café juntas.
Sasuke tem menos missões perigosas por ser o subchefe de Itachi e está todas as noites em casa, jantamos juntos e conversamos sobre nosso dia no final da noite, tomando chá ou uma cerveja, depende da nossa disposição.
E o sexo…
Bom isso só melhora com o tempo, não tem um centímetro dessa casa onde não tivéssemos usado, isso sem contar quando as funcionárias pegaram nós dois no ato. Se tem uma coisa que não faltou nesses três anos foi prática para conceber uma criança.
Hoje ele acabou de voltar de viagem, foi tratar algum assunto em Boston, uma dessas famílias Italianas, algo como Cosa Nostra Americana**. Eu não sei exatamente sobre essas nomenclaturas, mas conheci o “Don” e a família dele no ano passado, inclusive um dos filhos dele é muito fofo. Fiquei apaixonada e me perguntando se um dia eu tiver um filho, ele seria assim.
Sasuke senta na mesa, se serve de um copo de whisky e me encara.
— Como foi a viagem?
— Produtiva, e inclusive… — Ele puxa a mala para perto dele e tira de lá uma folha. — O Renji mandou para você.
— Ah meu deus! Que fofo! — Sinto meus olhos lacrimejar, penso em como explicar que eu desisto de ter filhos.
— E aquele pestinha te mandou um beijo.
— Ai meu coração… — Digo chorosa, engulo em seco e o encaro.
— O que foi, Sakura? Qual o problema hoje? — Pergunta despreocupado.
— Eu decidi, desistir…
— Tem certeza? 
— Sim, eu estou cansada de me frustrar e acho que não posso de qualquer jeito. Então eu não vou mais tomar remédios, nem fazer qualquer tipo de tratamento.
— Eu entendo, mas quero que saiba que estou com você, em qualquer decisão.
— Obrigada, meu amor. — Digo com um sorriso enviesado. Essa conversa foi melhor do que eu pensei, nem mesmo chorei. — E agora, vou jogar todas aquelas cartelas de remédio fora, assim como aquele chá horrível que Izumi me deu! — Faço uma careta.
Me levanto, abro a lata de lixo e como num gesto simbólico jogo as cartelas no lixo, estico meu braço para pegar a caixa de chá, mas sinto uma leve tontura e segundo depois tudo se apaga…

🌸 🧜

— Sakura! — A voz chorosa de Izumi me desperta. Estou deitada no meu quarto, com pouca luz, a voz de Sasuke está distante, discutindo como sempre. — Você acordou, que bom!
A voz doce de Izumi está embargada, abro meus olhos lentamente, tento sentar mas ela me impede, tento entender o que aconteceu mas não me lembro de mais nada, apenas do remédio sendo jogado no lixo.
— Ela acordou! — Minha cunhada grita da porta do quarto e um Sasuke pálido aparece, logo depois o irmão dele surge, conversando com a esposa.
— O que você está sentindo!? Você está pálida!
— Você também está! — Rebato irritada. — Eu não estou sentindo nada, a única coisa que eu me lembro é de uma tontura quando estava jogando o chá fora.
— A doutora Elys está a caminho! — Itachi anuncia.
— Por que você chamou a médica!? — A doutora Elys é a médica da organização, geralmente cuida de ferimentos ou contusões, e na maioria das vezes no hospital da Organização. Ela só atende a domicílio quando não há a possibilidade de ir para uma unidade de atendimento.
— Sakura, você ficou pálida e desmaiou, não tinha muito o que ser feito. Ela já deve estar chegando.  
Em alguns minutos a médica chegou, seus cabelos pretos e pele bronzeada denunciavam que ela era do Havaí, assim como seu sorriso, sua animação e vontade de viver. Porém quando era chamada para um atendimento em casa ela sabia que podia ser preocupante. O que justifica seu olhar preocupado para Sasuke, afinal ele era o problemático dessa família.
— Senhor Uchiha? — Ela cumprimenta primeiro Itachi e depois Sasuke, ordens da hierarquia, para depois falar com Izumi e comigo. — Eu tinha certeza de que haveria no mínimo muito sangue aqui…
— Ela desmaiou, doutora. Acordou agora. — Sasuke informa, preocupado.
— Vamos deixar vocês a sós. — Itachi e Izumi saem enquanto Sasuke se aproxima de mim. Preocupado.
— Como se sente, senhora Uchiha? — Eu me sinto tão poderosa com esse sobrenome.
— Eu estou bem, acho que foi só uma queda de pressão, é sério.
Ela checa a minha temperatura corporal, minha pressão, tira uma gotinha de sangue do meu dedo e coloca num aparelho que mede a glicemia.
— Aqui está, sua taxa glicêmica está baixíssima.
— Viu, falta de um doce. — Mostro a língua para Sasuke.
— Os remédios para fertilidade, a senhora ainda está tomando? — Ela pergunta, olho para Sasuke e revelo o que disse quando estava na cozinha.
— Eu parei hoje, decidi desistir do tratamento.
— Entendo… Posso perguntar o motivo? — Dou de ombros, ela é médica e talvez me entenda mais do que qualquer outro.
— Não está fazendo efeito. — Digo, tentando manter minha voz neutra. Como se isso não me afetasse. — Fiz um teste a dois dias e o resultado foi mais um negativo. Perdi as contas de quantos fiz… Cansei sabe?
— Entendo… — Ela abre a maleta, procura alguma coisa e logo tira de lá uma caixinha, com mais uma droga de teste rápido de gravidez.
Olho entediada para as mãos dela, sem esperança nenhuma, tendo certeza de que não é para mim ser mãe. Ergo meus olhos para Sasuke, mas ele como sempre está lá, para me apoiar. Ele balança a cabeça positivamente, com um sorriso raro no rosto.
— Vou mostrar para vocês, vai ser mais um negativo. Se quiserem apostar, pago cem dólares para os dois se der positivo. — Resmungo e fecho a porta.
Mais uma vez eu faço o teste, olho para o bastão e espero os cinco minutos, que sempre se parecem duzentos minutos.
A primeira barrinha aparece, nada novo. Já estou levantando da privada para dizer a eles que estão errados quando o segundo tracinho aparece e do lado a palavras “Grávida” aparece.
Sinto o mundo parar de girar, minha mão toca a maçaneta da porta mas não consigo abrir, estou atônita, travada, mal respiro, meus olhos embaçam e eu sinto a minha mão tremer.
— Sakura! — Sasuke chama impaciente, me tirando do transe. Abro a porta rápido antes que ele comece a esmurrar.
Alfie está no quarto e abana o rabinho para mim, me cheirando e pulando na minha perna.
— Sakura! o que aconteceu!?
— Eu estou grávida. — Digo devagar, deixando as lágrimas de felicidade escorrerem pelo meu rosto.
Entrego o teste para Elys e abraço Sasuke, sem saber mais o que fazer ou o que falar, Alfie pula em nós dois e eu o pego no colo.
— Nós vamos ter um bebê. — Choro ainda mais e abraço o cãozinho que me ajudou tantas vezes com a minha tristeza e Sasuke me abraça e beija meu rosto.
— Eu amo você! — Ele tem lágrimas assim como eu.

🍅 🧜

Sasuke

Cinco anos depois

— Por que demora tanto!? — Daiki reclama, enquanto Kai brinca concentrado com um carrinho que ele mesmo trouxe.
Sakura deu à luz a nossa terceira filha, Sarada.
Quando descobrimos que Sakura estava grávida da primeira vez, eu nunca me senti tão feliz, e toda a gestação dos gêmeos foi uma descoberta para mim. Nunca achei que poderia amar tanto uma pessoa, e agora amo quatro pessoas na mesma proporção e com intensidade.
Daiki é falante e debochado e apenas por sua personalidade já dá para saber que ele é filho daquela Sereia. Enquanto Kai é quieto e observador, gosta de carro e de insetos, enquanto o irmão gosta de animais selvagens.
Os dois são bem parecidos, cabelos pretos espetados, mesma altura, parecem sempre estarem irritados, mas Kai tem grandes olhos verdes, enquanto Daiki tem os olhos pretos como os meus. Antes de virmos para a maternidade, há dois dias atrás, Sakura reclamou de carregar por nove meses e eles nascerem todos parecidos comigo, e de fato Sarada nasceu bem parecida comigo e com seus irmãos. Mas Sakura, se esquece que Daiki é a cópia da afronta dela.
— Ela já está descendo, então se acalme. — Digo ao impaciente menino.
— Papai, nossa irmã vem andando? — Kai questiona, seus olhos verdes curiosos são encantadores e eu sinto vontade de rir com seu jeito espontâneo e inocente de uma criança de quatro anos.
— Não, meu filho. Ela ainda não anda, ela é um bebê lembra?
— Igual da tia Ino?
— Sim, igual da tia Ino. — Confirmo quando a porta do elevador da maternidade se abre.
Uma enfermeira empurra Sakura numa cadeira de rodas, com nossa pequena nos braços.
— Mamãe! — Dizem os dois em uníssono
— Meus meninos, eu estava com saudade! — Eles abraçam a mãe, carinhosamente e encaram o pacote nos braços dela.
— Ela não se mexe? — Daiki questiona e eu reviro os olhos para Sakura, que apenas segura o riso.
— Ela está dormindo, meu amor. Já já ela acorda e vocês vão saber o barulho que ela faz.
— Eu te ajudo, mamãe! — Kai se prontifica.
— Ei eu também quero ajudar! — Daiki cruza os braços contrariado.
— Sem brigas, tem trabalho para todo mundo.

Em casa, depois de muita briga, um pouco de choro e falatório, as três crianças dormiram. E sinceramente era a imagem mais bonita do mundo ver os três dormindo na minha cama.
Sakura parecia cansada, mas estava radiante, olhando para os três abraçada a mim.
Quem diria que eu teria filhos com uma sereia?
A alguns anos atrás isso era impossível, mas hoje me faz o homem mais feliz do mundo.
— Te amo, Sereia Maldita! — Sussurro em seu ouvido, ela se vira me beija e diz com os lábios colados no meu:
— Te amo, Executor!

Fim! 🧜

Mermaid- A sereia e o mafioso Onde histórias criam vida. Descubra agora