Cap. VII

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Juliette acabara de tomar banho quando Madu bateu na porta do quarto.

- Mãe,  abre por favor.

Juliette abriu a porta envolta numa toalha.   Os cabelos ainda molhados caiam sobre os ombros ligeiramente rosados do sol que apanhou na piscina.

- Entrem.  Vou-me vestir.

Entrou no banheiro e quando saiu já vinha composta.  Escovou o cabelo e começou a secá-lo.

- Como foi o vosso dia?

- Muito bom, mãe.  O pai levou-me à praia.  Tinhas razão,  a àgua é bem quente

- E o teu, Juliette?

- Foi bom também.

- Encontraste quem querias?

- Não.   Na verdade eu dei uns passeios por aí e só.  Depois fiquei aqui na piscina.

- Podias ter ido almoçar connosco.

- Quero que vocês aproveitem estes primeiros dias sózinhos.  É o vosso momento.

- Mãe, a casa do pai é enorme.  Podíamos ficar lá.  Foi o pai que disse.

- Vamos conversar sobre isso mais tarde Maria Eduarda.

- Eu tirei férias para estar com vocês.  Podemos fazer alguns programas juntos.

- Faz planos com a tua filha.  Eu não vou interferir, mas por favor não me incluas.   Não estou preparada para programas de casal.  Um ou outro dia se der eu vou.

Rodolffo ficou cabisbaixo.  Madu estava a tomar banho e Juliette aproximou-se dele.

- Não fiques assim.  Não podes pedir-me que esqueça tudo o que passei lá atrás.  Passaram os anos, mas ainda existe mágoa.

- Eu sei.  Não tive maturidade suficiente.   Portei-me como um moleque.  Devia ter enfrentado o meu pai.  Não quis abdicar do que ele me dava.

- Então?  Agora eu devo esquecer tudo?  Difícil, não?

- Passaram 10 anos e nada mudou.  O meu amor por ti não mudou.

- Mudou tudo.  Cada um seguiu a sua vida.  Temos uma filha, nada mais.

- Eu sinto tanta raiva em ti.

- Não é raiva.  Só desilusão.   Se tivesse raiva não estaria aqui hoje.

- Porque não me contaste mais cedo da Madu?

- Eu não acessava as tuas redes sociais, mas quando soube da gravidez eu prometi a mim mesma nunca te contar.  Foi só quando ela perguntou por ti.  Já era grandinha para perceber. Aí não aguentei e contei tudo sem esconder nada.  Criei a conta dela e deixei-a seguir-te.

- Eu sempre tive curiosidade nela, porque eu nem sou artista, como uma criança me seguia do nada? Pensei tratar-se de alguma mulher, mas com conta privada não tinha como descobrir.
Ela nunca teve raiva de mim?

- Sempre a ensinei a separar as coisas, e a não julgar sem conhecer. Sempre lhe disse que devia conhecer primeiro e tirar conclusões depois.

- Mãe!  Vamos jantar aqui ou ainda vamos sair?

- Porquê?

- Se formos sair quero vestir uma roupa bonita.  O pai é um gato e eu que ficar bonita ao lado dele.

- A mãe janta aqui.  Vocês se quiserem podem sair.

- Podemos jantar os três aqui, Juliette?

- Se quiseres, podemos.  Tá bom, Madu?

- Sim, mãe.

Rodolffo esboçou um sorriso.  No seu íntimo sabia que o caminho para chegar ao coração dela ia ser bem espinhoso.



Fazia tanto tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora