Cap. XII

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Rodolffo encontrou a mãe sentada na cozinha a chorar.

- O que aconteceu?

- Ainda não aconteceu, mas vai acontecer uma desgraça.  O pai foi chamado à polícia por queixa da Juliette.   Vai ter que ir a tribunal e não pode aproximar-se delas.

- É pouco.  Devia estar preso.  Onde está?

- Saiu, não sei para onde.

- Mãe, eu vim cá para me dizeres quem é a família da menina que o pai me queria casar.

- Julguei que sabias!!

- Nunca perguntei porque nunca me interessou.

- O Fausto, primo do teu pai.  O que é dono do haras de Maceió.

- A minha noiva era a Nocas?

- Era.

- Ela era uma criança na altura.  Tem  menos 9 anos que eu.

- Por isso o teu pai ia esperar até te formares, mas tal como tu, ela queria outra coisa.  Quando completou 15 anos fugiu com um rapaz de 25 para o Paraguai.  O pai dela nunca se conformou e o teu ainda sonha com o vosso casamento.

- Que nunca irá acontecer tu sabes.

- Eu sei filho e sempre fui contra, mas a minha opinião nunca contou. Olha, como é a tua menina?

- Linda como a mãe.   Olha esta foto.

- Será que eu posso vê-la algum dia?

- Talvez mãe, mas por enquanto não.
Quero-as longe desta casa.  O pai não é boa pessoa.

- Tem cuidado.  Ele jurou vingar-se por lhe bateres.

- Também doeu em mim, mas ele não podia ameaçar a Juliette e a minha filha.
Agora vou embora.  Até um dia destes.

- Adeus filho.

Entrei no carro e liguei para Juliette.

- Onde estão?

- Em casa.  Fomos ao mercado e estamos a preparar o almoço. 

- O meu pai já foi à polícia.   Foi proibido de se aproximar de vocês,  mas todo o cuidado é pouco.  Não abram a porta a ninguém.

Juliette terminou de almoçar com Madu e resolveu passar na delegacia.

- Boa tarde.  Desejava falar com o graduado responsável,  por favor.

- Pois não senhora.  Vou anunciá-la ao comandante.

- Pode entrar.  O comandante vai recebê-la.

- Madu, não sais daqui de dentro.

Juliette falou para o guarda ali presente: - por favor não a deixe ir para a rua.

- Eu não saio,  mãe.

- Boa tarde comandante Soares.

- Boa tarde.  Em que posso ajudar.

- Eu sou cidadã brasileira com nacionalidade portuguesa também.   Sou juíza em Portugal e lá tenho licença de uso e porte de arma.
Gostaria de saber se é possível ter aqui também.

- Sente-se ameaçada?

- Digamos que sim.  Ontem apresentei queixa por ameaças de um individuo e pelo que sei não ficou satisfeito quando teve que vir aqui hoje.

- Já sei qual é o processo.  O fulano chegou aqui muito alterado.  Já tem morada certa, doutora?

- Ontem eu dei morada do hotel, mas hoje mudei-me para casa do pai da minha filha.

- Deixe a morada e telefone com o escrivão que nós vamos resolver essa licença.  Também lhe vamos arranjar uma arma que deverá ser devolvida quando regressar a Portugal.  Tem treino de tiro?

- Tenho.

- A doutora passe por cá dentro de dois dias e contacte a delegacia se for ameaçada.

- Obrigada comandante Soares.  Tenha um bom dia.

- A doutora também.

Juliette saiu dali com Madu e regressaram a casa.  Pelo caminho foi ficando atenta ao trânsito e à àrea envolvente coisa que fazia habitualmente em Portugal.  Nunca pensou ter que o fazer também nas férias e num País distante.

Fazia tanto tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora