Rodolffo encontrou a mãe sentada na cozinha a chorar.
- O que aconteceu?
- Ainda não aconteceu, mas vai acontecer uma desgraça. O pai foi chamado à polícia por queixa da Juliette. Vai ter que ir a tribunal e não pode aproximar-se delas.
- É pouco. Devia estar preso. Onde está?
- Saiu, não sei para onde.
- Mãe, eu vim cá para me dizeres quem é a família da menina que o pai me queria casar.
- Julguei que sabias!!
- Nunca perguntei porque nunca me interessou.
- O Fausto, primo do teu pai. O que é dono do haras de Maceió.
- A minha noiva era a Nocas?
- Era.
- Ela era uma criança na altura. Tem menos 9 anos que eu.
- Por isso o teu pai ia esperar até te formares, mas tal como tu, ela queria outra coisa. Quando completou 15 anos fugiu com um rapaz de 25 para o Paraguai. O pai dela nunca se conformou e o teu ainda sonha com o vosso casamento.
- Que nunca irá acontecer tu sabes.
- Eu sei filho e sempre fui contra, mas a minha opinião nunca contou. Olha, como é a tua menina?
- Linda como a mãe. Olha esta foto.
- Será que eu posso vê-la algum dia?
- Talvez mãe, mas por enquanto não.
Quero-as longe desta casa. O pai não é boa pessoa.- Tem cuidado. Ele jurou vingar-se por lhe bateres.
- Também doeu em mim, mas ele não podia ameaçar a Juliette e a minha filha.
Agora vou embora. Até um dia destes.- Adeus filho.
Entrei no carro e liguei para Juliette.
- Onde estão?
- Em casa. Fomos ao mercado e estamos a preparar o almoço.
- O meu pai já foi à polícia. Foi proibido de se aproximar de vocês, mas todo o cuidado é pouco. Não abram a porta a ninguém.
Juliette terminou de almoçar com Madu e resolveu passar na delegacia.
- Boa tarde. Desejava falar com o graduado responsável, por favor.
- Pois não senhora. Vou anunciá-la ao comandante.
- Pode entrar. O comandante vai recebê-la.
- Madu, não sais daqui de dentro.
Juliette falou para o guarda ali presente: - por favor não a deixe ir para a rua.
- Eu não saio, mãe.
- Boa tarde comandante Soares.
- Boa tarde. Em que posso ajudar.
- Eu sou cidadã brasileira com nacionalidade portuguesa também. Sou juíza em Portugal e lá tenho licença de uso e porte de arma.
Gostaria de saber se é possível ter aqui também.- Sente-se ameaçada?
- Digamos que sim. Ontem apresentei queixa por ameaças de um individuo e pelo que sei não ficou satisfeito quando teve que vir aqui hoje.
- Já sei qual é o processo. O fulano chegou aqui muito alterado. Já tem morada certa, doutora?
- Ontem eu dei morada do hotel, mas hoje mudei-me para casa do pai da minha filha.
- Deixe a morada e telefone com o escrivão que nós vamos resolver essa licença. Também lhe vamos arranjar uma arma que deverá ser devolvida quando regressar a Portugal. Tem treino de tiro?
- Tenho.
- A doutora passe por cá dentro de dois dias e contacte a delegacia se for ameaçada.
- Obrigada comandante Soares. Tenha um bom dia.
- A doutora também.
Juliette saiu dali com Madu e regressaram a casa. Pelo caminho foi ficando atenta ao trânsito e à àrea envolvente coisa que fazia habitualmente em Portugal. Nunca pensou ter que o fazer também nas férias e num País distante.