Cap. XVI

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Ouvi o segundo tiro e corri para a entrada do barraco, mas a polícia não permitiu que eu entrasse.

- Fique aqui, disseram.

Com cautela eles entraram.

- São dois.  Um homem e uma mulher ouvi um deles dizer.

- Não me contive e entrei.  Minha mãe ainda respirava,  já meu pai jazia ali de lado com um buraco na cabeça.

- Mãe! Porquê?

- Ele ia matar os três disse ela.  Eu não ia deixar.

- Mas tu...

- Adeus, filho.  Tenta perdoar-me.  Fiz por amor a ti.

- Eu sei mãe.  Não fales.  Já vem uma ambulância.

- Não adianta, Rodolffo.   Chegou a minha hora e eu vou em paz comigo por permitir que sejas feliz com a tua família.   A tua menina é muito especial.

- Vais conhecê-la, mãe.

- Adeus, meu filho.

Rodolffo abraçava a mãe e sentiu-a desfalecer.  Chorava e chamava por ela.

- Já não há nada a fazer.  Vá ter com a sua família e leve-os para casa.

Rodolffo chegou perto de Juliette.   Madu abraçou-o e ele mandou as duas para casa.

- Leva a Madu.  Eu vou depois disto terminar.

- Rodolffo,  houve dois tiros.

- A minha mãe,  Juliette.

Elas foram embora e Rodolffo voltou para junto dos policiais.   Era necessário esperar pela retirada dos corpos e isso ainda ia demorar.

Em casa, Madu questionava a mãe sobre os tiros.

- Eu acho que o teu avô se arrependeu e tirou a própria vida.

- A avó estava lá também.

- Não.  Nós estávamos sózinhos, mas o avô nem estava muito bravo.

- Mas o pai diz que a avó também estava lá.  Chegou depois e não quis aparecer.   Não sei.  Vamos tomar um banho e esperar o pai.

- Morreram os dois?

- Sim, mas não quero que penses nisso.  Não quero que isso te afete.

Depois do banho,  fez um lanche para a filha e logo adormeceu na cama da mãe.  Juliette sentou-se na cadeira como que de guarda.  
Analisou os últimos acontecimentos e achou que tinha sido um pouco bruta com Rodolffo.

Já era noite quando este voltou.  Estava abatido.  Deu um beijo nas duas e seguiu para o banheiro.

Abriu o chuveiro e sentou-se deixando a àgua misturar-se com as lágrimas.

Juliette deixou a filha na sala a assistir uma série que ela era fã e foi ter com ele.

Esperou que ele saísse.  Rodolffo vinha com uma toalha enrolada na cintura e tinha os olhos vermelhos.

- Vem cá.  Senta aqui comigo.

Juliette sentou-se recostada na cabeceira e Rodolffo sentou-se ao lado deitando a cabeça no colo dela.

- Desculpa as coisas feias que eu disse mais cedo.  Foi desabafo de momento.

Rodolffo não respondeu e fechou os olhos.  Ela deu-lhe eu selinho puxou-o para o peito e abraçou-o.

Ficaram em silêncio durante um tempo até que Madu bateu à porta e veio juntar-se a eles na cama.

Fazia tanto tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora