Vi os dois abraçarem-se e nesse momento ouvi uma notificação no telemóvel.
Olhei para baixo e quando voltei de novo a olhar, vejo-os de mão dada a caminhar em direcção à mim.O meu coração disparou e a respiração ficou ofegante. Não tinha preparado este momento e não tinha ideia de como reagir.
- Mãe, o pai quis vir. Desculpa.
- Está tudo bem, filha. Uma hora tinha que ser.
- Como estás, Juliette?
- Bem, e tu?
Rodolffo deu-lhe um abraço. Juliette gostava mais de abraços do que beijos e ele sabia. Apertou-a com força junto a ele.
- Esta menina quis conhecer-te e eu pude vir agora.
- Temos muito que conversar. Eu quero saber tudo de vós. Onde estão hospedadas?
- Num hotel.
- Venham para minha casa, por favor.
- Madu olhou para a mãe.
- Não Madu, ficamos no hotel.
- Não se zanguem. Foi só uma ideia.
Vamos jantar? Querem aqui mesmo ou em algum restaurante?- Pode ser aqui mesmo, Rodolffo.
- Eu quero pizza, disse Madu.
- Então vamos comer pizza.
A conversa entre Juliette e Rodolffo era pouca. Safava-se Madu que falava pelos cotovelos e respondia a tudo.
- Casaste, Ju?
- Não. Não houve oportunidade. E tu? A tua noiva de infância?
- Nunca vi mais gorda. Saí de casa quando terminei o curso que era o prazo para casar e desde então não tenho contacto com o meu pai.
- Não falas com o avô?
- Não.
- A minha avó Teresa e o vô Luis morreram?
Encolhi os ombros e Juliette percebeu pelo que me explicou.
- Foi o casal que me acolheu lá em Portugal. Foram mais que meus pais e avós da Madu.
- Acabaste a faculdade?
- Sou juíza. Lá tenho uma vida estável e desafogada. Vivemos bem eu e Malu.
- Não pensas voltar?
- Nunca pensei. Vim porque prometi a Malu como presente de aniversário.
- Em que dia fazes anos, filha?
- 25 deste mês. Faltam 9 dias.
Terminaram o jantar e ficaram a conversar, mas já se fazia tarde. O shopping ia fechar.
- Vamos embora.
- Eu queria tanto saber mais coisas de vocês.
- Vais ter muitos dias para isso.
- Almoçam comigo amanhã?
- Sim, pai.
- Vamos. Eu deixo-vos no hotel, embora gostasse de tê-las lá em casa.
Conduzi até ao hotel que elas me indicaram e deixei-as ficar. Prometi apanhá-las no dia seguinte para o almoço.
- Se me entregarem o carro que aluguei, deixo a Madu contigo para almoçar e eu vou rever uns amigos.
- Não almoças connosco?
- Não se me derem o carro.
- Está bem. Foi bom rever-te, Ju. Foi bom conhecer-te , filha. Até amanhã, durmam bem.
- Até amanhã, pai.