Cap. V

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Vi os dois abraçarem-se e nesse momento ouvi uma notificação no telemóvel.
Olhei para baixo e quando voltei de novo a olhar, vejo-os de mão dada a caminhar em direcção à mim.

O meu coração disparou e a respiração ficou ofegante. Não tinha preparado este momento e não tinha ideia de como reagir.

- Mãe, o pai quis vir. Desculpa.

- Está tudo bem, filha. Uma hora tinha que ser.

- Como estás, Juliette?

- Bem, e tu?

Rodolffo deu-lhe um abraço. Juliette gostava mais de abraços do que beijos e ele sabia. Apertou-a com força junto a ele.

- Esta menina quis conhecer-te e eu pude vir agora.

- Temos muito que conversar. Eu quero saber tudo de vós. Onde estão hospedadas?

- Num hotel.

- Venham para minha casa, por favor.

- Madu olhou para a mãe.

- Não Madu, ficamos no hotel.

- Não se zanguem. Foi só uma ideia.
Vamos jantar? Querem aqui mesmo ou em algum restaurante?

- Pode ser aqui mesmo, Rodolffo.

- Eu quero pizza, disse Madu.

- Então vamos comer pizza.

A conversa entre Juliette e Rodolffo era pouca. Safava-se Madu que falava pelos cotovelos e respondia a tudo.

- Casaste, Ju?

- Não. Não houve oportunidade. E tu? A tua noiva de infância?

- Nunca vi mais gorda. Saí de casa quando terminei o curso que era o prazo para casar e desde então não tenho contacto com o meu pai.

- Não falas com o avô?

- Não.

- A minha avó Teresa e o vô Luis morreram?

Encolhi os ombros e Juliette percebeu pelo que me explicou.

- Foi o casal que me acolheu lá em Portugal. Foram mais que meus pais e avós da Madu.

- Acabaste a faculdade?

- Sou juíza. Lá tenho uma vida estável e desafogada. Vivemos bem eu e Malu.

- Não pensas voltar?

- Nunca pensei. Vim porque prometi a Malu como presente de aniversário.

- Em que dia fazes anos, filha?

- 25 deste mês. Faltam 9 dias.

Terminaram o jantar e ficaram a conversar, mas já se fazia tarde. O shopping ia fechar.

- Vamos embora.

- Eu queria tanto saber mais coisas de vocês.

- Vais ter muitos dias para isso.

- Almoçam comigo amanhã?

- Sim, pai.

- Vamos. Eu deixo-vos no hotel, embora gostasse de tê-las lá em casa.

Conduzi até ao hotel que elas me indicaram e deixei-as ficar. Prometi apanhá-las no dia seguinte para o almoço.

- Se me entregarem o carro que aluguei, deixo a Madu contigo para almoçar e eu vou rever uns amigos.

- Não almoças connosco?

- Não se me derem o carro.

- Está bem. Foi bom rever-te, Ju. Foi bom conhecer-te , filha. Até amanhã, durmam bem.

- Até amanhã, pai.

Fazia tanto tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora