Cap. IV

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Vi a notificação no direct e não entendi nada.

Estou em Recife. Se puderes vem encontrar-te comigo no shopping, às 18 horas na àrea da restauração. Por favor, a minha mãe autorizou que eu me encontre contigo. Ela conhece-te.

Madu

Acendeu-se uma luzinha na minha cabeça.

- Como a mãe, conhece-me?
A menina é parecida com... meu Deus é a Juliette.

Rodolffo olhou para as horas. Ainda eram 14 horas. Faltava tanto tempo.

Resolveu sair da empresa alegando não estar bem e correu para casa. Precisava arranjar-se. Ao fim destes anos todos ia ver o amor da sua vida.

Tomou um banho demorado, secou os cabelos primorosamente como sempre fez e foi-se vestir. Optou por uma calça jeans e uma camisa social preta. Não havia nada melhor para uma tarde de shopping. Colocou um cordão ao pescoço e borrifou generosamente o seu perfume de sempre.

Eram 17 horas, Juliette e Madu já tinham chegado. Sentaram-se numa mesa longe das escadas, num lugar que lhes dava perfeita visão sobre quem chegava.

- Quando ele chegar vais ter com ele a arrasta-lo para aquele lado de lá. Eu vou ficar aqui.

- Porque não vens comigo, mãe?

- Eu falo com ele depois. Hoje o momento tem que ser só vosso.

- E se ele não gostar de mim?

- Eu juro-te que isso não vai acontecer.
Olha! Chegou mais cedo. Vai ter com ele e vão sentar-se do outro lado.

Madu muito nervosa foi ter com um Rodolffo que olhava em várias direcções.

- Rodolffo! Sou eu, Madu.

- Que susto, menina. Como estás?

Cumprimentaram-se com um beijinho e Madu disse:

- Vamos sentar ali?

- Rodolffo seguiu-a. Tal como calculou era uma mini Ju em pessoa.

Quando se sentaram, Rodolffo viu lágrimas nos olhos dela.

- Que foi, Madu? Que lágrimas são essas.

- Lágrimas de felicidade por te encontrar.

- A tua mãe é a Juliette, Madu?

- É.

- E eu sou o teu... a garganta fechou e o resto não saiu.

- És o meu pai.

Rodolffo estava de costas para o local onde Juliette estava. Neste momento ela viu Rodolffo puxar Madu para um abraço. A menina abraçou o pai, olhou e acenou para a mãe.

Rodolffo apertou a filha contra o peito e agora era ele quem chorava.

- Onde está a mãe?

- Está aqui, mas não quer aparecer.

- Diz-me onde?

- Na outra ponta de boné beje. Olha agora que ela está a olhar para o telemóvel.

Rodolffo virou-se e viu Juliette.

- Vamos lá.

- A mãe não quer, pai! Vai ficar zangada comigo.

- Não vai não.
Ouvi-la tratá-lo como pai era tão bom que ele julgava estar a sonhar.

Levantou-se, segurou na mão dela e caminharam em direcção à Juliette.

Fazia tanto tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora