Cap. VI

82 10 9
                                    

Juliette não conseguia adormecer ao contrário de Madu que dormia ali do lado dela o sono dos justos.

Revê-lo trouxe à memória tantas coisas boas que passaram juntos,  mas também muita coisa má.  E como o bichinho está ainda mais bonito.

As palavras do pai de Rodolffo ainda faziam eco na sua cabeça.

Era já  madrugada quando finalmente pegou no sono.

Enquanto isso em casa de Rodolffo a história repetia-se.

Rever Juliette e saber da existência da filha era muito para uma noite só.

Madu era a coisa mais linda e Juliette estava deslumbrante.  Tinha uma aura que a tornava única.  Os anos não passaram por ela.  Continuava linda.

Acordou cedo e depois de tomar café foi para a empresa.  Consultou o chefe, contou-lhe a história da filha e pediu duas semanas de férias.  Queria estar com elas o máximo de tempo possível.

Voltou para casa, arrumou tudo e resolveu preparar ele mesmo o almoço.  A casa pareceu-lhe um local melhor para conversar.

Perto da hora do almoço foi buscá-las, mas como Juliette havia dito na véspera, o seu carro chegou e ela ia sair.  Rodolffo tinha que se contentar apenas com a filha.

- Que pena.  Preparei um almoço para os três com tanto carinho.

- Fica para outro dia, Rodolffo.

- E ao jantar?  Jantamos juntos?

- Rodolffo.   Vamos ficar aqui alguns meses.  Sem pressão, está bem?

Rodolffo não respondeu.  Madu chegou, despediram-se de Juliette e partiram.

Juliette não tinha programa nenhum, apenas não queria estar junto.  Pegou no carro e conduziu até à praia.  Sentou-se numa explanada e por ali almoçou.  Caminhou na areia e a meio da tarde regressou ao hotel.  Vestiu um biquíni e aproveitou um pouco da piscina.

Enquanto isso...

Madu inspeccionava casa do pai.

- Que casa grande!  Só para ti?

- Sim.  Só moro eu aqui.

- Eu pensava que tinhas uma mulher e eu podia ter irmãos.

- Gostavas?

- De ter irmãos sim, mas uma mulher não.

- Porquê?  A mãe nunca teve namorados?

- Não.   A mãe ainda gosta de ti.  Foi ela que disse.

- Eu também ainda gosto muito dela.

- Eu tenho um sonho.  De ver vocês casarem.

- Gostavas?

- Ia adorar.  Eu sei que vai acontecer.

- Sabes como?

- Sabendo né? 

Vamos almoçar e depois podes escolher o que fazer.  Hoje mandas tu.

- A tua mãe e o teu pai moram longe?

- Não muito.  Queres ir vê-los e conhecê-los?

- Não.   Se eles vierem aqui eu vejo.  Eles não gostam da mãe e também não vão gostar de mim.

- Eles mudam de ideias assim que te conhecerem, eu tenho a certeza.

- A mãe contou-me algumas coisas más que o teu pai fez para ela ir embora.
Vamos ver o mar?  A mãe disse que a àgua aqui é quentinha.  Lá em Portugal é fria.

- Vamos lá então, mas não tens biquíni?

- Eu só molho os pés.  Outro dia vou a sério.

Ainda bem que ela própria mudou o tema da conversa.  Nunca soube ao certo o que meu pai foi capaz de fazer a Juliette.

Fazia tanto tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora