Juliette e Rodolffo acordaram cedo na manhã seguinte.
- Queria não ter que trabalhar. Sinto-me tão feliz hoje.
- Porque hoje?
- Porque conversámos e esclarecemos tudo. Porque eu sei que é teu desejo ficar aqui.
- Há muito tempo que não me sentia leve. Tirei um peso de cima de mim.
- Vou levantar-me e preparar o café. Fica na cama mais um pouco.
- Não. Vou tomar banho contigo.
- Assim vou atrasar-me.
- Não faz mal. Depois ajudo-te com o café. Vê no teu trabalho se é possível tirares uns dias para viajar.
- Quando?
- Vamos quando puderes. Eu gostava de ir antes do Natal.
- Passar lá o Natal?
- Não. Lá faz frio nessa altura. Prefiro passar cá.
- Então vamos lá... tomar banho, é?
- Também.
...
Viajámos para Portugal a 1 de Dezembro. Rodolffo pediu um mês de licença sem vencimento e regressaria ao trabalho a 2 de Janeiro após os festejos do Ano Novo.
Na primeira semana resolvi o que era necessário incluindo a documentação para a matrícula na escola de Madu. Nos restantes dias até 20 de Dezembro que era a data do regresso visitámos alguns amigos, Madu reviu vários colegas, mas especialmente eu e Rodolffo aproveitámos para namorar muito.
Nós estávamos em lua de mel. Era como Rodolffo lhe chamava, mas como tudo o que é bom acaba rápido chegou o dia da partida e bem cedo já estávamos no aeroporto da Portela à espera do nosso voo.
Ao fazer o check in reparo numa das moças do balcão a olhar muito para Rodolffo.
- Casado, moça. Com esta bonita aqui.
- Desculpe senhora. Sem ofender, mas é muito bonito o seu esposo.
- Não ofende. Eu sei disso.
- Tenham um óptimo voo.
- Obrigada. Bom dia.
Rodolffo estava de lado, ouviu a conversa e não se mexeu. Saímos dali e comentou:
- Fiquei à espera que desses uma voadora na moça.
- Porquê? Ela só disse a verdade.
- Qual delas? Teu esposo ou bonito?
- Os dois. O meu esposo bonito. Casamento não é só o anel no dedo e o papel assinado. Casamento é parceria, companheirismo, comprometimento e isso já temos.
- Verdade minha esposa.
Passámos o Natal os três sózinhos e não queríamos mais ninguém. Enchemos a casa de decorações e presentes que nunca mais acabavam, mas havia um especial que eu guardei e não mostrei a ninguém.
Quando regressámos eu vinha com uma leve desconfiança e um teste de sangue comprovou. Eu estava grávida.
Depois de abrir todos os presentes entreguei uma caixa a cada um deles.
A de Madu continha um fio com um pingente de duas crianças de mão dada. Uma maior que a outra.
Irmã mais velha, estava escrito na caixa.Na de Rodolffo um par de botinhas e uma pulseira com a inscrição Papai.
Madu começou aos saltos agarrada a Rodolffo que chorava. Os dois fizeram a festa e eu fui ignorada por um bom pedaço de tempo.
Quando se soltaram vieram ter comigo. Rodolffo pegou em mim ao colo e Madu agarrou-se às minhas pernas.
- Melhor presente disseram em conjunto. Melhor Natal.
Hoje já temos o nosso piolhinho connosco. Chama-se Francisco, nome escolhido por Madu em homenagem a um dos melhores amigos de Portugal.
Ela está perfeitamente integrada no ensino brasileiro e eu também já estou a trabalhar.Não me arrependi da escolha que fiz. Faria de novo apesar das dificuldades iniciais.
Fazia tanto tempo que não me sentia realizada pessoal e profissionalmente.
Fazia tanto tempo...
FIM