Cap. III

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Quando Juliette permitiu que Madu acessasse o instagram do pai foi na condição de não haver diálogo.  Juliette sempre monitorizava as mensagens dela antes de serem enviadas.  Daí a conta privada.

Madu não se importou muito com isso.  Ficava feliz só de poder segui-lo.

- Mãe, eu vou poder dizer-lhe que vou vê-lo?

- Não.   Quando chegarmos lá vemos como fazer para se encontrarem.

- Tu não queres vê-lo?

- Não.

- E se ele pedir?  Eu acho que ainda gostas dele.

- Gosto.   Não vou negar, mas daí a encontrar-me com ele é outra coisa.

- Tu sempre disseste que a culpa foi do avô.

- E do teu pai que não soube ser homem.

- Não gosto que fales assim dele.

- Falemos de outro assunto.  Vais entrar no secundário e se vamos dia 15 de Setembro, vais perder logo o primeiro período do quinto ano.  As aulas começam dia 5.

- Pois é mãe, mas ouviste a directora a dizer que se eu perder um ano não me vou atrasar?  Todas as minhas amigas já têem 10 anos e eu ainda vou fazer.

- É verdade.  Sendo assim, talvez fiquemos até ao Natal.

- Mãe!  E se o pai tiver outra família e não gostar de mim?  Será que tenho irmãos?

- Espera para ver, Maria Eduarda.   Não sejas afobada.

- Estou muito ansiosa para passar os meus anos com o pai.

- Não cries muitas expectativas.  Assim se não for como sonhaste, não te desiludes.

- Eu sei que não vou.  Eu sinto que vou dar-me bem com ele.

O dia da partida chegou.  Madu estava entusiasmada e Juliette nervosa.  Voltar trazia-lhe à lembrança tudo o que vivera.

Aterraram em Recife e instalaram-se num dos hotéis locais.

- Tem praia aqui, mãe?

- Tem e muito linda, com àgua quentinha.   Não é como as praias da linha que são geladas.

- Ai!  Chegaste ao Brasil e já estás a falar mal das praias de Portugal?

- Não estou a falar mal, só a comparar a temperatura da àgua.  Lá é bem fria.

- Mas também é boa.

- Anda.  Vamos tomar um banho e sair para comer.  Vou mostrar-te onde a mãe gostava de comer.

- Mãe, deixa-me enviar uma mensagem ao pai.

- Vai tomar banho que eu vou pensar num sítio para se encontrarem.

Juliette ligou para a recepção do hotel a pedir ajuda para alugar um carro.  Logo lhe mandaram o contacto e que a empresa chegaria em breve com um colaborador.

Era dia de trabalho.  Rodolffo estaria a trabalhar, por isso Juliette entrou no direct e marcou encontro dele com Madu na àrea da restauração para as 18 horas.

Fazia tanto tempoOnde histórias criam vida. Descubra agora