39

1.4K 115 4
                                    

NOLAN

Eu odiava Alessia Romano, com todas as minhas forças. Eu queria matá-la, ver o sangue escorrendo de seu corpo.

Mas no instante que realmente vi o sangue em seu rosto, algo em mim cessou. O olhar vazio a qual ela disparou pela última vez, o suspiro pesado...

Foda-se! Pego as mensagens e releio todas as malditas palavras que ela havia trocado com aquele professor de merda.

Ela dizia que o amava, que só estava comigo por consideração e pena. Que me enojava a maior parte do tempo e pensava nele enquanto eu a fodia.

"EU SINTO TANTO A SUA FALTA, DANTE... MINHA BOCETA TAMBEM"

"Porra, eu pensei em você o tempo todo hoje...Sabe quantas vezes eu precisei respirar para não vomitar naquele monstro?"

"Adivinha quem é? A sua putinha preferida... ainda sinto você em mim"

Ela nunca me mandou mensagens desse tipo, nunca se chamou de puta fora do sexo. Com ele, ela era outra mulher.

Rasgo as folhas a qual Jax me entregou na tarde de ontem. A tarde que perdi o pouco de humanidade que me restava.

- Senhor Blake... A senhora Blake...

- Foda-se Russo, ela não é a porra da Senhora Blake, não mais! De entrada no divórcio o quanto antes.

Minhas palavras parecem pegá-lo desprevenido. Ele sabia o quanto eu amava aquela mulher.

Vagabunda!

- O senhor tem certeza disso? Ela estava arrasada quando saiu daqui...

Meu mais fiel dos homens parece ter sentimentos afinal das contas. Ele não era tão frio quanto demonstrava.

- Eu quero que ela morra! Eu só quero me livrar dela e de tudo que ela tocou nessa merda de casa.

Digo ja me levantando e tirando as coisas dela do armário, jogando fora seus objetos pessoais. Eu não quero nada dela aqui.

Lágrimas quentes salpicam minha visão, especialmente ao lembrar da imagem dela sendo acariciada pelo filho da puta. Ele segurava o seu braço e falava algo em seu ouvido, e ela apenas sorria.

Provavelmente essa era a pior dor que senti em toda minha vida. Eu só queria morrer, e levá-la junto comigo pro inferno.

Janine me ajuda a jogar todas as roupas e coisas de Alessia no lixo. Ela não diz absolutamente nada, e nem olha em minha direção. Ela parecia com raiva de mim. Pronto, todos me odiavam!

- JanP?

- Eu estou indo embora, senhor Blake. Eu não vou ficar aqui vendo você destruir a sua vida, não depois de tudo que o senhor fez com aquela pobre moça.

- Pobre moça? Ela me traiu, porra!

- Não acredito nisso, nunca. Ela te ama puramente, senhor Blake e você a perdeu! Eu não vou ficar aqui e ver você desgraçar sua vida, enquanto pensa em matar a única coisa boa que ja aconteceu na sua vida!

Ela simplesmente grita, pela primeira vez em toda a minha vida. Eu nunca a vi tão nervosa e chateada comigo.

Ela pega os sacos de roupa e os leva para o lixo, mas antes me encara e com dor nos olhos diz

- Eu realmente espero que você não se arrependa quando for tarde demais, e aquela pobre moça já tenha seguido em frente. Pois pode ter certeza, se você a enoja, outros não irão!

Dito isso, ela pega a sua bolsa em cima da bancada e sai pela porta, Russo a acompanha. Provavelmente a levará embora. E agradeço meu amigo por isso.

O demônio em mim quer ir atrás de Alessia e destruir o resto do que sobrou de sua alma e corpo, mas eu não conseguia nem olhar em seus olhos.
Me levanto do sofá, e saio pela porta, não é possível ficar em um lugar cheio dela.

- Mande demolir tudo!

Digo para um dos meus seguranças, e como sempre, ele apenas balança a cabeça.

Voltar para o apartamento da cidade, me fez gemer de dor e raiva. Eu havia estado ali há tão pouco tempo, mas parecia anos. Cinco meses a quais eu fui feliz e manipulado. Cinco meses em que eu amei alguém que apenas me usou.

Dois malditos meses passaram como facas no meu corpo. Eu praticamente esquartejava pessoas, matava pessoas das formas mais sádicos possíveis. E tudo isso, ainda perseguia e stalkeava a minha agora ex esposa. A assombrava como gostava de repetir a mim mesmo.

A observo sorrindo para um grupo de adolescentes na mesa mais afastada do restaurante. Sim, ela era a porra de uma garçonete agora. E morava com Romano, mas até onde sei, ela só ia pra casa pra dormir. Pois estudava de manhã e trabalhava a tarde e a noite em lugares diferentes.

Precisei ameaçar o filho da puta de Romano, para não casa-la novamente, igual estava pensando em fazer com Cecília.

Ele me expulsou de sua boate e cuspiu em minha direção.

Eu não sei porque a observava todo santo dia, desde o dia que recebi os papeis do divórcio assinado. Foi o dia em que eu simplesmente travei e não consegui fazer nada além se chorar de raiva e despeito.

Além dos papéis, também estava lá o anel que eu havia lhe dado e a chave do carro que foi um presente.

Ela parecia pálida e com muitas olheiras. Isso não deveria me afetar, pois eu a odiava!

Mas afetava. Ela não estava se cuidando, estava praticamente mais magra, segundo alguns professores que subornei, suas notas haviam decaído e ela faltava bastante também.

O reitor me disse que após eu parar de pagar a sua mensalidade, ela batalhou por uma bolsa, e decidiram ajudar com metade dos custos. Então ela fazia o que precisava para pagar o resto.

Ela tinha a merda do orgulho... Não pediria dinheiro para o papai rico e poderoso.

Observava o modo como ela se portava com alguns colegas, especialmente aqueles idiotas que adoravam falar mal de mim. Mas eu precisava me trancar no carro, com a porra do Russo ao meu lado, para não sair do veículo e esmagar aquele Dante.

Ele sorria para ela, e tentava se aproximar várias vezes, mas ela apenas o ignorava e então tirava sua mão de seu espaço pessoal.

Aquilo me confundia pra caralho! Eles tinham um caso, ela fodidamente me traia com ele, então porquê agora ela parou de dar atenção pra ele?

- Senhor, você não deveria conversar com ela? Talvez ainda...

Encaro meu amigo com raiva e ele levanta as mãos, como se dissesse : Hey, não está mais aqui quem falou.

Volto a minha atenção para Alessia, que entra na casa de Romano. Logo depois, ciente de que ela estava protegida, parto com o carro para o meu lugar favorito no momento.

A solidão.

Entro em meu casulo e sinto um arrepio percorrer meu corpo, ao vislumbrar aquele rosto que achei que nunca mais iria ver em toda minha vida.

- Pai?

JUST PRETEND - NOLAN Onde histórias criam vida. Descubra agora