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  – Não vai, não.
  — Por quê? Não vou deixar sozinha assim.
  — Não estou tão alterada! – exclamei — e as meninas vão chegar daqui a pouco.
  — Lia, convenhamos — Matt riu — Elas não voltam pra cá hoje.
  — Argh.
  Revirei os olhos e abri as portas do hotel, com Matt me seguindo.
  — Sabe que se alguém tiver visto a gente junto, pode te comprometer, né?
  — Eu não ligo – ele respondeu com as mesmas palavras que disse horas antes e sorriu.
  Subimos em silêncio. Chegamos no corredor e entramos no quarto, dando passagem pra ele entrar.
  — Fique à vontade.
  — Vocês dormem juntas? — Matt perguntou, se sentando na poltrona — Fazemos isso lá também.
  — É. A gente sempre pega um quarto maior para nós três.
  — Parece divertido. Se conhecem desde sempre?
  — Na verdade, não — disse, indo até a minha mala — Conheci Lina primeiro, mas não éramos tão próximas. Depois, ela e Lore se aproximaram e de alguma forma, nos tornamos um trio.
  — Hm. Como se conheceram?
  — Coincidentemente éramos de um mesmo grupo de uma banda em comum que somos fãs — sorri — Tokio Hotel.
  — Ah, a banda alemã, né?
  — Aham — levantei com uma calça de moletom e uma regata.
  – E quando Eloy chegou?
  — Ele é primo de um primo da Lina.
  — Ótimo. A amizade de vocês parece boa.
  — E é. Minha vida tem uma divisa entre antes e depois deles — ficamos em
silêncio por um tempo — Hm... eu vou tomar banho. Você quer também?
  Matt arregalou os olhos e eu caí na gargalhada.
  — Não comigo — eu continuava rindo — posso ver com Ronnie algumas roupas. E acho que deve ter alguma roupa de Eloy por aqui, dividimos as malas.
  — Não, tudo bem. Vai lá.
  Tomei um banho quente e lavei o cabelo. 10 minutos depois, saí do banheiro com a toalha enrolada na cabeça. Matt cutucava seus dedos, no mesmo lugar que estava quando fui tomar banho.
  — É um evento tomar banho depois que bebe algumas coisas, não?
  Matt riu.
  — Estou quase totalmente sóbria agora. Não precisa ficar.
  — Por que quer tanto que eu vá embora?! Sou tão má companhia assim?
  — Não é isso, é que...
  — O Jake seria melhor aqui — ele disse baixinho.
  — O quê?! Não! — estava ficando nervosa e meu rosto esquentou — Eu não quero problemas com Madison!
  — De que merda você tá falando?!
  — Vocês claramente tem um lance.
  — Lia?! Somos amigos de infância. Nunca rolou nada.
  Respirei fundo, apertando o pescoço.
  — Olha, desculpa se pareceu que eu não quero sua companhia, tá? Eu quero. E muito.
  — Tá, tudo bem.
  Soltei a toalha do cabelo e fui pentear.
  — Espera. O que disse?
  — O quê?
  — Da minha companhia. O que você falou?
  — Que eu quero. E muito. Mas eu não sei como me aproximar de você.
  — Sendo você, não tem mistério nenhum... — Matt se aproximou e pegou a escova da minha mão — posso?
  Acenei com a cabeça, e Matt cuidadosamente começou a pentear meu cabelo. Estávamos de frente ao espelho do banheiro.
  — Eu não fiz nada porque achei... achei que você e Jake...
  — Não — ri — não da minha parte, pelo menos. Eu não dei trela.
Ficamos em silêncio por um tempo até ele terminar meu cabelo. Me virei de frente para Matt e apoiei as mãos na pia. Seus dedos pegaram meu queixo e me forçaram a olhar em seus olhos.
  — Obrigado.
  — Pelo quê?
  — Você sabe. A minha fobia social, a ansiedade...
  — Não tem motivos pra isso — meus olhos desceram até a boca de Matt e seu braço agora estava apoiado na pia, deixando um espaço pequeno entre nós. E então, meu telefone apitou. Duas vezes.
  Respiramos fundo e saí, indo atrás do aparelho. Era uma mensagem de Lina. E de Lore.
  
Lina: Só pra avisar que tô bem, mas n volto hoje.
Lore: Tô com Eloy. Lia, toma cuidado e feche a porta direito.
Lina: VOCÊ O QUÊ?
Lore: nos vemos amanhã. amo vcs
Lina: amo vcs
Lia: se cuidem, amo vcs

  Me virei para Matt.
  — Tá tudo bem?
  — Você tinha razão. Elas não voltam hoje.
  Matt explodiu em uma risada.
  — Calado! — exclamei e ameacei em dar um empurrãozinho, mas ele segurou meu pulso — Ei!
  Não fiz resistência. Matt soltou minha mão e me puxou pela cintura, nos aproximando e anulando o espaço entre nós. Nossos olhares se encontraram e nossos lábios finalmente se tocaram. Sua mão me segurava com força, como se tivesse medo de que me afastasse. Minhas mãos estavam em seu rosto e nossa respiração ficava ofegante.
  Me afastei. Não posso fazer isso.
  — O que foi? Tá tudo bem? — Matt perguntou, notoriamente preocupado.
  — Tá, só... eu preciso dormir. Já está tarde.
  — Eu fiz alguma coisa?! — Matt pareceu ficar ansioso, me aproximei e segurei seu rosto, forçando-o a olhar pra mim.
  — Não, não. Mesmo. Tá tudo bem. Eu só preciso dormir... ok?
  — Ok. — ele sentou novamente na poltrona e passou a mão no cabelo, suspirando fundo.
  — O que tá fazendo?
  — Vou ficar aqui.
  — Não vai passar a noite na poltrona, Matt. Pode se deitar aqui.
  — Tem certeza?
  — Tenho — ri, diante da pergunta.
  Matt tirou o tênis e deu a volta. Deixei que ele dormisse do meu lado da cama. Ele deitou, parecendo tenso o bastante.
  — Relaxa— eu disse, me deitando também — Não vou te matar enquanto dorme.
  — Isso aconteceria facilmente em Pânico.
  Nós rimos, descontraindo um pouco o clima que ficou. Ficamos em silêncio por um tempo apenas nos olhando deitados de frente para o outro. Toquei a mão de Matt com as pontas dos meus dedos, traçando pequenos círculos.
  — Obrigada.
  — Pelo quê?
  — Por ficar.
  Matt pegou minha mão e beijou as pontas dos meus dedos.
  — Descanse. Você tem um show amanhã.
  Meus olhos pesavam, e apesar de querer muito ficar acordada apenas aproveitando a companhia, não lutei contra o sono.
  — Você ainda me deve a aposta — balbuciei.
  Matt me cobriu com a colcha e me puxou pra perto. Me aninhei em seu braço e o senti sorrir.
  — Devo mesmo. Boa noite, princesa.

Acordei com alguém batendo na porta do quarto. Estava nos braços de Matt — e como alguém conseguia ser bonito até dormindo?
— É estranho ser observado enquanto dorme – ele disse e sorriu, abrindo os olhos devagar. Meu rosto corou — Bom dia.
— Bom dia — sorri — Deve ser as meninas.
— Não achei que fossem voltar tão cedo.
Peguei o celular e vi as horas. 10:46. Puta que pariu. Dei um salto da cama e fui para o banheiro.
– Ei, o que foi? — Matt perguntou, se levantando e colocando os tênis.
— O figurino. É 11h. São 10:46 agora.
— Merda.
Matt me seguiu até o banheiro. Eu prendia o cabelo em um coque agora.
— Dormiu bem? — perguntei.
— Demais. E você?
— Muito bem — eu disse e dei um selinho, que o fez sorrir — Te vejo mais tarde?
— Não perderia por nada — a porta continuava batendo e ele sorriu — vou nessa.
Matt deu um beijo em minha testa e seguiu na direção da porta.
— Até mais tarde — ele disse e abriu a porta. Dando de cara com Lina e Lore, que arregalaram os olhos — Bom dia, meninas. Vejo vocês mais tarde.
— Tchau — disse, sorrindo e voltei pra dentro, seguida pelas meninas que pareciam em choque.
— O que...?— Lore começou.
— O MATT?! — Lina exclamou.
— Ainda bem, acho que se fosse o Jake eu me matava.
Eu ri diante do comentário.
— Onde vocês estavam?
— Eu dormi com Chris — Lina disse — acho que foi a melhor transa da minha vida.
Caí na gargalhada.
— É sério! Faz todo sentido ele tocar baixo muito bem.
— Lina! — gritei e taquei uma almofada nela. Ela parecia ter mais coisa pra falar.
  — O que foi? — Lore instigou.
  — Ele tem uma moto...
  — Puta que pariu — Lore respondeu e eu ri.
   — EI! ESPERA — olhei pra minha amiga — Não passou batido. Conta tudo.
— Eu passei a noite com Eloy...
– E?! — eu e Lina perguntamos.
  — Eu não consigo nem descrever...
  — Foi bom?!
  — Ele é bom?! — Lina perguntou e demos risadinhas.
  — Demais. Vocês não tem ideia. Eu não imaginava que era assim.
— Romântico? Agressivo?
— Digamos que... interessante.
  Demos gritinhos no quarto e ficamos pulando.
   — E você?! Aconteceu?! — Lore perguntou.
  — Ãh... não.
  — Por quê?!– Lina questionou.
  Fiquei em silêncio, sentindo meu rosto corar. Elas sabiam que eu ainda era virgem.
  — Tudo bem. No seu tempo — Lore disse e esfregou meu braço.

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