Nick e Larray sentaram juntos. Eloy e Lore sentaram e uma poltrona grande, com a minha amiga aconchegada no meio das pernas do nosso baterista. Lina estava deitada sobre o peito de Chris, que fazia carinho em seu quadril. Pedimos pizza, e o caos foi tremendo pra decidir quais seriam os sabores. Nick, Lina e Lore discutiram sobre sabores, Larray e eu discutimos sobre qual seria a bebida. Matt, Chris e Eloy só observaram. Estávamos decidindo qual seria o filme que veríamos. Matt nos aconchegou em uma poltrona e nos cobrimos com o cobertor.
— Eu acho que deveríamos assistir Pânico — Chris disse.
— SIM — Nick disse.
— São só brancos matando brancos — Larray disse.
— E se a gente assistisse algum do Liam Neeson? — Matt sugeriu.
— Eu acho que deveríamos assistir creepypastas brasileiras — Eloy sugeriu.
– SIM — eu, Lore e Lina gritamos — Muito sim!
— E qual a diferença para as outras?
— As nossas lendas são muito melhores — Eloy disse.
— Temos o folclore— eu disse.
— O que é f-fol...— Chris tentou dizer, mas gaguejou, respirando fundo e pondo as mãos na cabeça. Lina se endireitou e deitou em sem ombro.
— Tudo bem, no seu tempo — Matt disse. Acariciei sua mão. Eu nunca me cansaria de ver esses pequenos gestos entre eles.
— O que é folclore?— Chris disse.
— São como lendas urbanas — Lore começou a dizer — são histórias que foram criadas no interior das cidades brasileiras.
— Acho que vai ser divertido — Lina disse — não é algo que vocês conhecem.
— Eu topo — Larray foi o primeiro a concordar.
— Tô dentro — Chris e Matt disseram ao mesmo tempo.
— Nick? — Chris instigou o irmão mais velho.
— É muito assustador?
— Você é literalmente a única pessoa que conheço que se fantasia de filme de terror e tem medo de qualquer coisa que envolva o tema— Lore disse e me fez rir.
— EU FALO ISSO SEMPRE — Larray exclamou.
Abrimos o YouTube e procuramos pelos vídeos.
— Vocês acham melhor Corpo Seco ou Mula sem cabeça? — perguntei. Matt me olhava agora, seus olhos brilhavam — o que foi?
— São palavras em português, não são?
— Sim? — não entendi onde ele queria chegar.
— Eu nunca ouvi sua voz falando português, é... linda — ele disse e sorriu.
— Eu disse nomes de duas lendas — sorri — não são coisas tão lindas assim. Seria algo como "dry body" e "headless mule".
— Ah.
Caí numa gargalha ao ver seus olhos se arregalando conforme eu explicava.
— Lia? — Lina chamou— Pode ser Matinta Pereira? O primeiro vídeo.
— Claro, pode ser.
— Eu quero ouvir você falando português depois — Matt sussurrou ao meu ouvido e demos um selinho.
Na metade da creepypasta, Nick estava com os olhos quase cobertos pela colcha. Larray parecia genuinamente interessado no vídeo. Eloy e Lore cochichavam sobre o vídeo enquanto Lina explicava sobre para Chris. Matt acariciava meu ombro com a ponta dos dedos quando uma batida na porta fez todos sobressaltarem e Nick gritar.
— QUEM É?! — Larray gritou e se levantou pra ver, juntamente com o Eloy.
— CUIDADO — Nick berrou e enfiou seu rosto ainda mais na coberta.
— Gente — Eloy disse, vendo pelo olho mágico — é só a pizza.
Chris enfiou o rosto no pescoço de Lina rindo da situação. Matt riu e esfregou os olhos, me fazendo novamente prestar atenção no gesto.
— Caralho, hein — Lore disse, fazendo Lina e eu sorrirmos.
— Como a gente parou nisso? — Lina tentava dizer entre as risadas.
— Você gosta, boba — Chris disse e agarrou o rosto de Lina, dando um beijo na bochecha.
— Eu juro de pé junto que nunca imaginei ver o Chris assim — Nick disse.
— O quê? Sendo branco? — Larray comentou, voltando com Eloy e as pizzas.
— Chris, Matt, podem pegar as bebidas? — Eloy pediu.
Matt e Chris prontamente se levantaram, dizendo "claro" simultaneamente. Nos sentamos no chão e abrimos as pizzas. Pedimos de mussarela, marguerita, calabresa e pepperoni. Mussarela era a favorita de Lore, enquanto calabresa era de Lina.
— O que estão achando?— Lore perguntou.
— Tá uma delícia – respondi, com a boca cheia.
— Não, Lia — Lore começou a rir — das creepypastas.
– Ah — todos nós rimos.
— Eu acho que vou gostar mais do curupira — Chris disse.
— Eu achei que fosse ser mais assustador, mas ainda assim é meio estranho — Nick respondeu — Vocês já viram algo assim?
— Lia disse que já viu a Mula — Lina disse — né?
— O quê? — perguntei e passei a prestar atenção.
— Que você viu a Mula quando era criança — Eloy respondeu por Lina.
— Ah — a memória ainda era clara. Todos estavam atentos, principalmente Matt — eu passei grande parte da minha infância em Minas Gerais, um estado do Brasil. A cidade era pequena, acho que tinham apenas 2 mil habitantes, talvez. E não tinha nada. Muito mal iluminação.
Bebi um gole do refrigerante e voltei a falar:
— Lembro que estava bem escuro e a fazenda onde ficávamos não era totalmente cercada. E aí eu lembro que ouvi as cavalgadas e as chamas rapidamente, na rua de barro. Era tarde da noite, vi pela porta de madeira na cozinha.
— Caralho...— Nick disse — eu acho que a gente deveria assistir Bob Esponja.
— Quem vocês seriam no Bob Esponja? — Lore perguntou, aleatoriamente.
A facilidade da troca de assunto me deixou surpresa.
— Eu acho que eu seria o Gary — Matt disse.
— Puta merda, mais um não — Nick rebateu.
— Quê? — Chris questionou e ficamos nos entreolhando.
— Você viu como esse filho de puta falou? Eu seria Ga- — Nick imitou, me fazendo gargalhar — quer dizer, gay?! Mais um? Não, é suficiente, Deus.
Caímos na gargalhada e Matt corou diante do assunto.
— Nunca que imaginaria que essa noite terminaria com esse assunto — Larray disse e respirou fundo.
— Realmente — Lina disse e bocejou, fazendo Lore a acompanhar — desculpa, gente. Tô bem cansada.
— Nós estamos — eu e Lore dissemos em uníssono.
— Saia da minha cabeça, Lia — Lore disse e nós rimos ainda mais.
— Vamos dormir, então— Nick disse.
— Ninguém chamou a gente pra dormir aqui, cara — Larray rebateu.
— Ué, claro que vão. Não vão voltar pro hotel, não essa hora — Eloy respondeu.
— Que bom, porque trouxe meu travesseiro — Nick disse e me fez dar uma risadinha.
Depois de quase uma hora de arrumação pra saber como organizaríamos, decidimos trazer os dois colchões grandes do quarto de Eloy para o nosso quarto. No sofá, davam pra dormir até três pessoas. Nick e Larray ficariam lá. Na nossa cama, Lore ficaria com Eloy, e nos colchões embaixo, eu e Matt em um, Lina e Chris em outro.
O quarto estava repleto de colchões, bolsas, cobertores e travesseiros. Quando acabamos de organizar, pus as mãos na cintura e olhamos ao redor.
— É, acho que tá bom — Lore disse e Eloy se jogou na cama antes mesmo que ela terminasse de forrar — filho da puta — ela sussurrou e riu. Nos ajeitamos e nos despedimos. Matt deitou primeiro e tirou a coberta pra que eu me deitasse. Seu corpo era quente, e senti seu braço envolver minha cintura me puxando pra perto. Demos um beijo demorado, e senti as mãos de Matt descer por minhas pernas. Evitei o barulho da respiração e dei um sorrisinho.
— O que foi?
— Não vamos fazer isso. Não aqui com eles — eu disse, sentindo meu rosto corar. Matt sorriu.
— Claro que não.
Demos mais um beijo e virei de costas pra Matt. Não lembro quando peguei no sono.VOTE E COMENTE
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Back to Me
FanfictionLithium é uma banda de rock formada por quatro amigos: Lina, Lore, Lia e Eloy. Em um dia de folga da turnê, eles decidem ir à um show, da Space Camp - uma banda famosa na cidade de Los Angeles.