22: A Filha Silenciosa

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Sou a filha que não tem os defeitos do mundo, 
Não uso drogas, não saio de madrugada, 
Vivo trancada em casa, sem amigos, 
Vivo isolada, sempre gostei disso, 
Mas por minha mãe, sempre sou julgada.

Não sou boa o suficiente, dizem, 
Não faço as coisas certas, apontam, 
E mesmo quando erro sem querer, 
Ela grita, xinga, desconta sua raiva em mim.

Se meus irmãos não ficam quietos, 
Ela desconta sua frustração em mim, 
Por um erro meu, pequeno e sem intenção, 
A raiva dela cai sobre mim, como tempestade.

Sabe de quem é o erro, realmente? 
O erro está naquilo que não notamos, 
Nas pessoas que amamos, 
Que se esforçam para mudar, 
Mas nunca são vistas, nunca são valorizadas.

Sou a filha silenciosa, a que se esconde, 
Que vive na sombra, que vive na solidão, 
Mas que sempre tentou, sempre quis, 
Ser algo mais, ser reconhecida, ser amada.

O erro está em não ver, 
Não ver o esforço, o sacrifício, 
Em julgar sem compreender, 
Em gritar sem ouvir, em condenar sem sentir.

Sou a filha que não tem os defeitos do mundo, 
Mas que carrega o peso do julgamento, 
A dor do desprezo, a solidão do esquecimento, 
E ainda assim, tento, mesmo em silêncio, 
Ser a melhor versão de mim mesma, 
Esperando um dia, ser vista, ser compreendida, 
Ser amada por aquilo que sou.

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