35: Alma assustada

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Em um canto sombrio da alma perdida,
Caminho entre sombras, a luz despida,
Os ecos de risos que um dia soaram,
Agora são apenas sussurros que se apagaram.

Carrego no peito um vazio profundo,
Um eco incessante do que foi o mundo,
As memórias dançam em vagos fragmentos,
Como folhas ao vento, levadas por tormentos.

Fui forte, ergui muros, rasguei correntes,
Escapei de um amor que pesava como ferros quentes,
Mas na liberdade, o que encontrava?
Um eco de dor que só amplificava.

Fechei os olhos, busquei um abrigo,
Mas cada passo à frente, é um tropeço, um amigo,
Os medos se aninham, se fazem presentes,
Um sussurro do passado, promessas pendentes.

As risadas de outrora, agora calam-se,
E o brilho que existia, aos poucos desvanece,
Só resta o frio de uma ausência cruel,
Um vazio profundo, um abismo essencial.

Vejo rostos sorridentes, em cores vibrantes,
E em cada imagem, um eco distante,
Parece que todos dançam em festa eterna,
Enquanto a minha alma carrega a péssima taverna.

É como um papel em branco, essa vida insensata,
Um livro sem palavras, uma obra incompleta,
Prometi a mim mesma que seria leve como o ar,
Mas o peso da dúvida me impede de voar.

As noites são longas, silenciosas e frias,
As horas se arrastam em melancólicas vias,
E, em meio ao caos, a mente divaga,
Lutando contra sombras que nunca se apagam.

Ainda que escapei e me vesti de coragem,
Não consigo sufocar essa terrível imagem,
Da insegurança que abraça e não solta,
Um fardo tenaz que a tristeza sempre volta.

No fundo do peito, uma única pergunta,
Por que se sentir tão leve, quando tudo remonta,
À dor que carrego, à sombra que persiste,
Sou forte, sou livre, mas, ainda, sinto que não existe.

Emoções De Uma Alma Perdida Onde histórias criam vida. Descubra agora